Se você costuma comprar saladas em estabelecimentos fast food ou restaurantes delivery, aqui vai um alerta: é preciso lavá-las antes de comer, ainda que a frase “pronta para consumo” venha escrita na embalagem.
De acordo com um estudo do Centro Universitário UniMetrocamp Wyden, de Campinas (SP), 90% das saladas vêm contaminadas por bactérias e coliformes fecais em níveis 10 vezes mais altos do que o permitido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que é de 100 unidades de coliformes por grama do alimento.
As pesquisadoras Milene Almeida, Tamires Teixeira e Jacqueline Camargo, da área de biomedicina, analisaram 20 amostras de saladas prontas, sendo 12 de restaurantes delivery, que entregam os alimentos em casa, e 8 de fast foods. Desse total, 18 continham mais bactérias e coliformes do que o normal – apenas dois tipos de saladas delivery foram liberadas para consumo – mas as marcas não foram divulgadas.
“A gente quer chamar a atenção das pessoas que comercializam esses produtos. Não é só lavar, tem que saber higienizar a salada muito bem”, aponta a microbiologista Rosana Siqueira, professora que coordenou o estudo. Segundo ela, tudo o que vem do solo contém bactérias, pois muitas vezes a água de irrigação não é potável, os agrotóxicos são fortes e o transporte não é seguro. “É importante lavar bem as mãos, usar luvas para manipular os alimentos, tomar cuidado com tábuas, não esquecer de higienizar os utensílios”, destaca a professora.
Bactérias encontradas em saladas
Os micro-organismos encontrados podem causar diversos problemas no corpo humano, desde complicações gastrointestinais até doenças pulmonares. Um dos que foram encontrados em maior número nas saladas foi a Escherichia coli, indicador de contaminação fecal – tanto por fezes de animais quanto de humanos. “Demonstra a pura falta de higienização de quem manipula o alimento”, explica Rosana.
Outra bactéria perigosa achada na pesquisa foi a Pseudomonas aeruginosa. Uma única amostra tinha mais de 1 milhão de unidades do organismo microscópico. Rosana destaca que a Pseudomonas é oportunista: “Não causa muitos problemas em pessoas saudáveis, mas é prejudicial para quem já está debilitado, com o sistema imunológico fragilizado”. Nesse caso, pode provocar uma forte diarreia, vômito, dores no corpo e febre.
Por fim, o levantamento aponta que a Staphylococcus aureus também estava nas saladas. A bactéria é comumente achada nas fossas nasais e pode estar presente nas mãos, em caso de falta de limpeza apropriada. “Ela causa intoxicação alimentar e também indica a má higienização dos manipuladores da salada”, diz Rosana.
Como higienizar as saladas corretamente?
Para se proteger da contaminação, Rosana destaca que o ideal é deixar a salada de molho em uma solução com água sanitária. Basta misturar 1 ou 2 colheres (sopa) em 1 litro de água e deixar os alimentos por cerca de 10 minutos. Em seguida, lave bem cada item do prato em água corrente.
Vale ficar atenta aos alimentos ingeridos com casca, como tomates e pepinos. Depois de lavar as folhas delicadamente para que elas não desmanchem, é comum apenas passar uma água na superfície dos ingredientes maiores, mas a prática não é indicada pela microbiologista: “Se quiser retirar os micro-organismos, é bom esfregá-los mais e deixar tudo de molho na solução de água sanitária”.
Outra estratégia que pode amenizar as bactérias, caso não seja possível higienizar a salada, é temperá-la com vinagre e limão. “Você não vai deixar o tempo suficiente para descontaminar os alimentos, mas misturar os temperos já ajuda”, ressalta Rosana.
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Fica o aviso: “Não é porque a salada é bonita, saudável e ‘pronta para consumo’ que ela é inofensiva para a saúde”.