No dia 01 de novembro é comemorado o Dia Mundial do Veganismo. O estilo de vida é adotado por quem corta todas as fontes animais da rotina – com relação à alimentação, vestimentas e até cosméticos, viu? – como uma forma de parar de incentivar a exploração dos bichinhos . Acontece que, mesmo em pleno 2019, a gente ainda encontra muitas dúvidas a respeito do veganismo. Um deles é sobre o ganho de massa magra: será que é possível desenvolver músculos com uma alimentação sem carne ou derivados de origem animal? Quem nos ajuda com a questão é a nutricionista Luna Azevedo, idealizadora do projeto “Vida por Luna”; e o médico Bruno Menezes, que atua na área do esporte e endocrinologia.
Afinal, músculos e veganismo combinam?
Bruno Menezes nos conta que a pergunta é antiga e feita com frequência por aqueles que querem deixar de comer carne. Mas a resposta é simples. “Claro que veganos podem ganhar massa muscular. E a ciência já comprovou isso de diversas maneiras”, diz o médico.
Para quem não sabe, proteínas são compostas de pequenos aminoácidos. Estes, por sua vez, podem ser divididos em não essenciais (que são fabricados naturalmente pelo corpo humano) e essenciais, que não são fabricados por nós e portanto precisam ser incluídos na dieta. A maioria de nós consome os aminoácidos essenciais por meio da carne. Mas eles também existem no reino vegetal.
Portanto, as alimentações plant based, vegetarianas ou veganas podem sim comportar todas as proteínas necessárias para o bom funcionamento do corpo e até ganho de massa magra. Prova disso são os inúmeros exemplos de atletas veganas de diversos esportes e modalidades, como a Serena Williams e sua irmã, Venus, ambas do tênis.
Vênus foi diagnosticada com Síndrome de Sjogren em 2011. Por conta da doença auto-imune, ela adotou uma dieta que só permite que ela coma alimentos crus. Serena, para apoiar a irmã, resolveu apostar em uma alimentação exclusivamente vegetal. E o desempenho de ambas continuou o mesmo, viu? Serena continua uma das melhores atletas de todos os tempos e, sua irmã, uma das melhores do mundo.
Outro grande exemplo é Fiona Oakes, corredora britânica que detém quatro (sim, quatro!) recordes mundiais em maratonas. Hoje com 50 anos, ela é adepta do veganismo desde os 6.
Ainda de acordo com o médico, para selecionar um cardápio de vegetais e legumes bem completinho, é preciso da ajuda de um especialista. “Todas as proteínas, vitaminas e minerais podem vir de fontes não animais, portanto, a escolha e preparação dos alimentos é importante.”
Mas e os carboidratos nessa história?
Muita gente que quer adotar uma alimentação vegana ou vegetariana tem medo de ganhar uns quilinhos a mais. Afinal, sem a carne e com mais carboidratos, a lógica é que você perca massa magra e ganhe mais gordura, certo? Nem tanto assim.
De acordo com a nutricionista Luna Azevedo, muitas pessoas caem em uma armadilha ao pensar que “carboidratos engordam” e proteína animal é a que faz ganhar músculos. A verdade é que eles também são grandes aliados no processo! “Quando falamos em carboidratos, as pessoas desconhecem que eles são a principal fonte de glicogênio para o nosso organismo, uma substância responsável por quase todas as reações metabólicas do corpo”, explica Luna. E isso inclui a geração de energia para realizarmos coisas como nossos batimentos cardíacos e até praticarmos a musculação. Ou seja: sem glicogênio, é impossível aumentar nosso volume muscular.
Motivos para você virar vegana em 2020
Ainda não se convenceu de que a alimentação sem elementos de origem animal traz muitas vantagens? Luna Azevedo e Bruno Menezes dão mais motivos para quem gostaria de adotar o estilo de vida, mas ainda está com receio:
1 – Dá para sair do básico!
Existem mais de 20.000 espécies de plantas comestíveis em todo o mundo, das quais cerca de 150 a 200 foram domesticadas e cultivadas. E você provavelmente ainda não experimentou nem a metade delas! “Procurar novas receitas deliciosas amplia seu horizonte, seu paladar e permite que você descubra pratos nutritivos e saudáveis que nunca imaginou um dia provar”, ressalta Luna Azevedo.
2 – Melhora a performance
A maioria das pessoas tem medo de perder energia ao se abster de produtos de origem vegetal – mas acontece exatamente o contrário. Carnes e laticínios são especialmente difíceis de digerir, consumindo grande parte de sua energia e deixando-a cansada. A adoção de uma dieta vegana não impede que você atinja suas metas de condicionamento físico e pode provavelmente proporcionar mais energia e força.
“Todos os alimentos vegetais integrais contêm proteína de ótima qualidade. Podem ser facilmente encontrados nos vegetais verdes, grãos integrais, leguminosas, nozes ou sementes”, explica Dr. Bruno.
3 – Deixa sua pele linda – e seu intestino funcionando como um reloginho
Acredite ou não, esses dois problemas estão conectados. Para a maioria das pessoas com pele propensa a acne, os laticínios pioram o quadro. E está provado que livrar-se de alimentos gordurosos (incluindo todos os produtos de origem animal, óleos e frituras) reduz a acne.
Frutas e vegetais ricos em água podem deixar sua pele mais bonita devido à quantidade de vitaminas e minerais. As fibras presentes ajudam a obter uma melhor digestão e eliminação de toxinas que, por sua vez, melhoram ainda mais a região. “Dificuldade de digestão é, sem dúvidas, uma sensação desconfortável. E também uma das grandes causas de problemas de pele”, completa Luna Azevedo.
4 – Melhora o humor
Sabemos que as pessoas que comem vegetais tendem a ter menos tensão, ansiedade, raiva, hostilidade e fadiga. Isso ocorre porque as plantas concentram altos níveis de antioxidantes. E isso pode ser benéfico para o seu estado de espírito, especialmente de você combinar esses ingredientes com uma dieta pobre em gorduras.
“Alimentos ricos em carboidratos complexos como o arroz integral, aveia e pão de centeio ajudam a regular os níveis de serotonina no cérebro. A serotonina é importante para controlar nosso humor”, comenta Luna.
E se você sente que vai ser difícil encontrar opções veganas e vegetarianas nos eventos sociais, está muito enganada. Cada vez mais restaurantes (e até cadeias de fast-food) estão fazendo opções para quem não come carne. Basta ver o recente sucesso da marca Burger King – o Rebel Wooper, um lanche que leva uma espécie de “carne” feita à base de plantas, mas que parece muito com a original.