Os processos inflamatórios causados pela infecção do novo coronavírus podem trazer inúmeras sequelas para a pessoa que contraiu a doença. Problemas respiratórios, cardiovasculares, renais, musculares e até neurológicos são alguns exemplos.
Normalmente, os sintomas começam com cansaço, falta de ar e dores no corpo (principalmente nas costas). “Cerca de 20% dos pacientes apresentam uma piora importante, com um aumento do padrão inflamatório e, consequentemente, dos sintomas clínicos. Uma das consequências mais graves causadas por esse vírus é a redução da capacidade pulmonar, até entre aqueles que não chegaram a um estado crítico da doença”, diz o pneumologista e especialista em longevidade saudável Arthur Feltrin (@drarthurfeltrin).
E mesmo após a cura, as queixas podem continuar. É por isso que apostar no tratamento adequado de recuperação da Covid-19 é essencial: se feito corretamente, ele é capaz de devolver a qualidade de vida e a produtividade em poucos meses.
Efeitos na musculatura
Outra sequela causada pela enfermidade é a perda de massa muscular. “O paciente fica na cama, não se alimenta direito e, por isso, também tem seu condicionamento físico reduzido. Sem contar que o quadro de inflamação que o coronavírus causa potencializa ainda mais a diminuição da massa magra”, explica o profissional de educação física Paulo Gentil (@drpaulogentil), dono da Franquia Person@ll.
Em até um terço dos casos, o corpo não volta a se recuperar espontaneamente a não ser que você o estimule. “E o exercício resistido, ou seja, a musculação, é uma ótima forma de fazer isso”, comenta o especialista.
De acordo com ele, os treinos de força leves a moderados trabalham a musculatura periférica e preservam o coração e pulmão, dois órgãos que podem ser muito afetados pelo vírus. E o apoio profissional é indispensável nesses casos. “Cada pessoa reage de uma forma. Então, a gente precisa, primeiro, entender quais foram os sistemas comprometidos para somente depois prescrever o treino respeitando os limites do aluno”, complementa.
A respiração tende a ficar mais fraca ou falha, afirma o pneumologista. “Aí, fica um pouco mais difícil voltar para a rotina de exercícios. O mais indicado a fazer no período de readaptação é começar de forma gradual o retorno dos treinos.”
Alguns exemplos de exercícios para a recuperação da Covid-19
A fisioterapia é sem dúvida uma grande aliada na reabilitação pulmonar. “Ela é um conjunto de técnicas realizadas com o principal objetivo de prevenir ou recuperar disfunções do padrão respiratório”, explica.
O especialista elenca alguns exercícios aconselhados. Mas lembra: “todo e qualquer exercício deve ser recomendado pelo seu médico.”
1 – Espirometria de estímulos:
“Uma técnica que é indicada a fim de fortalecer a capacidade inspiratória, sendo realizada com a ajuda de um espirômetro, um aparelho simples que checa o volume de ar expirado. Para realizar esse exercício, o paciente deve colocar os seus lábios na abertura do espirômetro e inspirar e expirar o mais profundamente que puder”;
2 – Intercostais:
“Tem como finalidade controlar e fortalecer a expansão do tórax. O paciente pode permanecer de pé ou sentado, apoiando as palmas das mãos sobre o tórax. Durante a inspiração, ele deve fazer uma rápida pressão nas costelas, de modo a forçar e treinar os músculos inspiratórios. E durante a expiração, as mãos acompanham o movimento de retração da cavidade torácica”;
3 – Respiração pelo diafragma:
“Esse exercício é feito para fortalecer a expansão da base dos pulmões. Para realizar esse processo, o paciente deve permanecer sentado, com o tronco inclinado cerca de 45 graus para trás, com as costas e a cabeça bem apoiadas, os joelhos dobrados e o abdômen relaxado, apoiando uma mão sobre ele para perceber os movimentos respiratórios e controlar o exercício realizado. Deve inspirar de forma lenta e profunda para a expansão da parede abdominal e a compressão do diafragma”;
4 – Sopros:
“O mais útil para fortalecer a expiração é o sopro, que consiste na realização de inspirações profundas seguidas de expirações pela boca efetuadas com os lábios entreabertos, de modo a obstruir a saída do ar. Esse exercício não deve ser feito com frequência, pois o excesso de oxigenação pode provocar enjoos e mal estar.”