As plataformas vibratórias são famosas por fortalecer a musculatura em treinos curtos e sem pesos. Apesar de a eficiência do equipamento ter sido comprovada por estudos feitos em diversos institutos internacionais nos últimos anos, há quem não concorde com o uso do aparelho para deixar os músculos malhados. “A vibração não traz nenhum benefício para quem pega pesado na musculação. Dá muito mais resultado você aumentar a carga do que subir na plataforma”, fala o professor Flávio Settani, da academia Sett Coaching, em São Paulo.
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Plataforma vibratória: ela funciona?
O equipimento desenha as curvas, firma o corpo e afina sua silhueta
Polêmicas à parte, é bom deixar bem claro que nem só de plataforma vibratória vive um corpo perfeito. A gente sabe, por exemplo, que Madonna, adepta do equipamento, é dedicadíssima aos exercícios e também pratica ioga, musculação, dança… “O método deve ser encarado como um treinamento complementar”, diz o professor Paulo Sergio Gomes, coordenador do laboratório de treinamento de força da Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro. A seguir BOA FORMA explica, com detalhes, o que é essa malhação para lá de vibrante.
Para entender o funcionamento do aparelho, é preciso recorrer a aulas de física. Na caixa da plataforma há motores. Ao serem acionados, eles provocam uma vibração. A plataforma sobe e desce, vai para a frente e para trás e de um lado para o outro – tudo isso numa velocidade entre 30 e 50 vezes por segundo! O vaivém é praticamente imperceptível, mas uma coisa é certa: a vibração provoca uma aceleração em todas as direções, o que exige que você faça esforço para manter o corpo em equilíbrio (por isso, o treinamento vem sendo chamado hoje em dia de acceleration training).
“É a variação da velocidade que gera um desequilíbrio em quem está em cima do equipamento”, relata o professor Paulo Sergio. A vibração que a placa emite causa um aumento da carga gravitacional. Ou seja: você tem a impressão de que a gravidade aumenta, mas, na verdade, a aceleração da plataforma soma-se à da gravidade e, com isso, há maior recrutamento dos músculos, fazendo com que mais fibras sejam utilizadas em resposta ao estímulo.
Diferentemente do que muita gente pensa, a plataforma vibratória não é uma ginástica para quem não gosta de fazer ginástica. Não tem essa de ficar paradinha esperando a máquina trepidar. “De passivo, esse exercício não tem nada. Pelo contrário: você precisa fazer muita força e focar no músculo que está sendo trabalhado”, garante o professor Almeris Armiliato, de São Paulo.
Em cima da plataforma, você pode fazer qualquer tipo de movimento, de agachamento a flexão de braços e abdominais – em pé, sentada ou até deitada. “A combinação das contrações com a ginástica feita sobre o aparelho potencializa muito o exercício, produzindo resultados em menos tempo de treino”, explica o professor Rick Kowarick, da Kowarick Vibration Academy, em São Paulo, a primeira academia da América Latina especializada em exercícios com o equipamento.
Nada disso. Essa teoria de que quanto mais a plataforma vibrar, mais forte você vai ficar não tem fundamento. “Se a musculatura for excessivamente estimulada, o organismo pode se proteger e inibir o estímulo ou mesmo fadigar, do mesmo jeito que acontece quando você exagera na carga ou no número de repetições durante uma sessão de musculação”, revela o professor Paulo Sergio.
Uma das vantagens mais sedutoras de fazer exercício na plataforma vibratória é a economia de tempo. Segundo especialistas, em meia hora você consegue trabalhar o corpo todo – o equivalente a uma hora de malhação tradicional – e detonar cerca de 400 calorias. E não adianta ficar mais tempo, pois cada grupo muscular pode receber, no máximo, seis minutos de estímulo. Se ultrapassar esse período, há o risco de causar fadiga. Já a frequência ideal é três vezes por semana – uma ótima opção para quem tem agenda cheia e pouco tempo disponível para malhar.
Um estudo da Universidade de Leuven, na Bélgica, realizou uma comparação de ganho de força muscular em um grupo de mulheres de 20 a 24 anos – metade treinou em plataforma vibratória e a outra metade fez sessões convencionais de musculação. Os resultados revelaram que as que utilizaram a plataforma tiveram um ganho de 16,6% no aumento da força nas pernas em 12 semanas
de treino – diante de 14,4% das que seguiram o treino tradicional.
Pesquisas apontam que fazer um exercício de alongamento em cima da plataforma melhora a flexibilidade tanto logo após a vibração como ao longo dos meses. “A vibração, ao provocar uma elevação da temperatura corporal, reduz a resistência muscular ao estiramento, deixando os músculos mais flexíveis”, garante Rick.
Combater a osteoporose é um dos benefícios mais divulgados pela ciência quando o assunto é plataforma vibratória. Outro estudo da Universidade de Leuven feito com mulheres que sofriam com osteoporose demonstrou que elas não somente obtiveram um ganho de 16% de força mas também um aumento de 1% de densidade óssea durante os seis meses em que treinaram com o equipamento. “A ação da gravidade cria um esforço compressivo no tecido ósseo. Essa compressão, quando em alta frequência, pode realmente provocar ganho de massa”, acrescenta Julio Serrão, coordenador do laboratório de biomecânica da USP, em São Paulo.
Pesquisas sobre obesidade já mostraram que as plataformas vibratórias funcionam bem comparadas a outros métodos de ginástica para perder peso – e um trabalho chama a atenção. Apresentado no 17º Congresso Europeu de Obesidade, o experimento revelou que as plataformas, associadas a uma dieta controlada, contribuem para a redução da gordura visceral, aquela camada adiposa que se acumula no abdômen e é bem difícil de ser reduzida. Os pesquisadores analisaram por seis meses um grupo de mulheres – as que fizeram dieta e ginástica perderam 7% do peso inicial e 17,6 centímetros de gordura visceral diante de 11% e 47,8 respectivamente das que se exercitaram na plataforma. Incrível, não?
Tanto faz, o importante é começar devagar. Mesmo quem está acostumada a malhar pode sentir dificuldade, já que o estímulo é outro. Por isso, o ideal é ter um professor para acompanhá-la. Porém, dá para fazer sozinha, desde que você tenha consciência corporal. “A postura em cima do equipamento e a força que você faz durante a execução do exercício são fundamentais para obter bons resultados”, alerta o professor Paulo Sergio.
Veja o que é importante observar na hora de comprar:
Características
Você deve checar com o fabricante os valores da amplitude de movimento (de 2
a 4 milímetros) e da frequência de estímulo (de 30 a 50 hertz), que são parâmetros importantes para montar o seu treinamento. Se o seu objetivo é fortalecer a musculatura, por exemplo, o aparelho deve ter força capaz de gerar, no mínimo, 3 G (gravidade).
Manual de instrução
Exija esse livrinho, que vai ajudá-la a mexer na máquina. Além disso, se você for
utilizá-la sozinha em casa, prefira marcas que forneçam, junto com o manual, um encarte com fotos dos exercícios ou um DVD para você fazer corretamente os movimentos.
Preço
Quando o aparelho for barato demais, desconfie. Muitas vezes, as plataformas vendidas como caseiras custam metade do preço de um modelo tradicional no entanto, também têm metade do tamanho e metade da potência, o que pode comprometer os resultados.
Assistência técnica
O melhor é escolher o produto de uma empresa que ofereça suporte caso ocorra algum problema com o equipamento. Afinal, você nunca sabe por quanto tempo a máquina vai funcionar sem precisar de qualquer tipo de manutenção.
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