Muitos personal trainers adoram os exercícios para o abdômen que são feitos em pé. Afinal, eles podem significar uma menor sobrecarga para a região cervical (no pescoço) e trabalhar também o seu equilíbrio, uma vez que pedem estabilidade. Contudo, nem todos os movimentos são considerados 10/10 quando o assunto é eficiência e segurança. Um exemplo é a flexão lateral, feita segurando um halter (ou anilha) em cada uma das mãos e dobrando o tronco para o lado.
Apesar de pensado para exigir dos músculos oblíquos (laterais) da barriga, eles deixaram de ser a melhor opção para incluir à sua sessão faz um tempo. Vamos entender o por quê:
O QUE ACONTECE
1. Não é eficiente. Sim, esse exercício realmente ativa algumas regiões do core, gera a percepção de esforço e de que está “fazendo efeito”. Mas isso não significa que seu custo-benefício seja bom. “A pessoa pode até sentir dor para realizá-lo, mas quando segura uma carga de cada lado, uma anula a outra e não adiantam em nada”, explica Eduardo Netto, diretor técnico da rede de academias Bodytech.
2. Não é funcional. É só parar para pensar: quando, no seu dia a dia, você abaixa como no exercício para pegar alguma coisa que caiu no chão, ou alcançar o sapato? Nunca, né? Isso quer dizer que a flexão lateral em pé (com cargas) não é funcional. “Hoje, não basta prestarmos atenção na eficiência de um movimento. Mas temos que ficar de olho também na sua funcionalidade — o quanto ele vai facilitar as nossas atividades cotidianas”, diz o profissional.
3. Pode acarretar em problemas na coluna. Durante a execução desse exercício para o abdômen, a musculatura do quadrado lombar também é acionada — aumentando as chances de ocorrer um desgaste desnecessário para a coluna. “Principalmente para aqueles com condicionamento inadequado da musculatura, há um risco para as estruturas da coluna porque desequilibra toda a área de carga do nosso eixo central. Quando a gente inclina o tronco para o lado, além de modificar a anatomia do corpo (o espaço onde os nervos passam, por exemplo), provoca uma sobrecarga dos discos e articulações”, explica o ortopedista e especialista em cirurgia da coluna João Paulo Bergamaschi, diretor da Clínica Atualli.
Outros exemplos de EXERCÍCIOS PARA O ABDÔMEN que talvez você deva pular
Abdominal com os braços cruzados à frente do corpo ou com pequenas torções. “Os resultados de alguns estudos científicos recentes mostraram que deixar os braços cruzados sobre o peito ou estendidos na frente do corpo diminui o nível de atividade dos músculos abdominais, provavelmente devido a uma menor carga na realização do exercício” diz o Eduardo Netto.
Além disso, adicionar ligeiras torções à flexão de tronco também não foi mais eficaz em atingir os músculos abdominais oblíquos — quando comparado à flexão de tronco reto com as mãos atrás do pescoço.
Aquele em que você deita e sobe e desce as duas pernas ao mesmo tempo também deve ser praticado com atenção. “Pode acarretar em uma hiperextensão da região lombar, gerando dores”, afirma o treinador.
O que fazer para TRABALHAR OS OBLÍQUOS, então?
Eduardo explica que precisamos entender que um movimento nunca vai trabalhar apenas um músculo do corpo, mas sim uma região inteira. Dito isso, diversos exercícios são recomendados para os oblíquos. Até os isométricos, como a prancha lateral. “Ela é muito boa porque exige estabilização”, garante Eduardo.