Saúde

Sexo na quarentena: por que a libido está tão baixa e como reverter

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por Amanda Panteri | Ilustração de Helena Sbeghen Atualizado em 11 jun 2020, 12h58 - Publicado em
4 jun 2020
00h01

Diminuição ou até perda da vontade de fazer sexo na quarentena são reclamações muito comuns. Veja por que isso acontece e como amenizar o problema

Alguns solteiros estão sofrendo com o distanciamento social. Afinal, com a impossibilidade de encontros e idas a bares e baladas, as chances do sexo casual acontecer foram completamente extintas. É por isso que muita gente inveja os casais que estão juntos durante a quarentena: imagina-se que a vida sexual deles esteja melhor do que nunca. Mas não é o que as pessoas têm relatado. O tempo em confinamento pode trazer justamente o problema oposto, a falta de libido.

O que é a libido?

O termo em si foi criado no começo do século XX para designar a energia que nos motiva a viver. Com o passar do tempo, a comunidade médica começou a utilizar a palavra para definir o nosso desejo sexual. “São as reações do organismo frente a determinadas circunstâncias que produzem excitações físicas e preparam o corpo para a penetração”, explica o psicólogo Oswaldo M. Rodrigues Jr, especialista em sexualidade.

Ou seja, a libido pode ser considerada a fase inicial do sexo, onde só existe o desejo. Depois dela, vem a excitação, seguida da ereção (no caso dos homens) ou lubrificação (no caso das mulheres). Ao passar por todas essas etapas, o organismo está pronto para o ato sexual. “Podemos dizer, então, que ela é fundamental nesses momentos”, diz o urologista e sexólogo Danilo Galante.

O problema é que, sem a libido, a vontade de tomar a iniciativa ou aceitar as investidas do parceiro(a) diminui, reduzindo também a frequência sexual do casal. E a insatisfação quanto a isso pode trazer inseguranças e até consequências para o organismo – visto que “com a produção do orgasmo, o corpo tem como melhorar o desempenho fisiológico e as capacidades de defesa imunológica”, afirma Oswaldo Rodrigues.

Sexo na quarentena: mudanças na libido

De acordo com o psicólogo, três tipos de comportamentos são comuns aos casais durante o isolamento social. O primeiro é conviver da mesma forma que fora da quarentena. Nesse caso, desempenho e frequência sexual são dificilmente abalados. “Alguns não possuem filhos nem sofreram mudanças severas no volume de trabalho, e o atual cotidiano é bastante semelhante ao período pré-isolamento.”

A segunda situação, por sua vez, aparece quando os parceiros descobrem os aspectos positivos de passarem mais tempo juntos.

“Antes, o casal estava muito ocupado com tarefas fora de casa, e agora ganhou tempo. Assim, nascem oportunidades para sexo e companheirismo.”

Oswaldo M. Rodrigues Jr, psicólogo

Já o terceiro exemplo dado pelo especialista diz respeito às pessoas que estão com mais dificuldade para se adaptar ao isolamento. Nesse caso, não somente o ato sexual se torna chato e repetitivo, como outras atividades do dia a dia também.

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Causas para a perda de libido

  • Distúrbios psicogênicos

São todos os fatores psicológicos que podem estar afetando a relação. “A maioria dos homens e mulheres jovens que enfrentam problemas com a libido estão assim por motivos psicogênicos”, explica Danilo Galante. Questões financeiras, brigas, depressão, ansiedade e estresse são alguns exemplos. “A pandemia contribui para tudo isso uma vez que aumenta o medo e a preocupação das pessoas.”

  • Hormônios

“Mulheres durante a menopausa e homens a partir dos 40 anos podem passar por alterações dos hormônios sexuais [estrogênio e testosterona]”, diz o urologista. Quando combinadas com o tabagismo, uso de bebidas, drogas e anabolizantes por um longo período de tempo, o efeito é ainda pior.

  • Uso de remédios

“Alguns antidepressivos têm como efeito colateral a diminuição da libido“, diz Danilo.

  • Doenças crônicas como diabetes e pressão alta

Essas condições afetam a ereção nos homens, o que pode fazer com que a libido diminua justamente pelo receio de “falhar” durante o ato.

  • Obesidade

Ela afeta diretamente os níveos hormonais como um todo, e diminui os níveis dos hormônios sexuais no corpo.

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Sexo na quarentena: Como aumentar a libido

Danilo Galante assegura que, para cada caso em particular, os tratamentos devem ser feitos na raiz do problema. Isso inclui procurar ajuda psicológica, fazer exames para verificar seus hormônios, apostar em uma alimentação balanceada, na prática de exercícios físicos e cortar os costumes prejudiciais.

Mas, não sendo um caso clínico, há algumas dicas que são ligadas ao aumento da libido:

Alimentos afrodisíacos

Banana: vitaminas do complexo B, zinco e magnésio auxiliam na produção de hormônios sexuais
Banana: vitaminas do complexo B, zinco e magnésio auxiliam na produção de hormônios sexuais (Dainis Graveris/Pexels/Divulgação)

Embora não exista um alimento milagroso que vai fazer sua libido desabrochar de uma hora para a outra, alguns são conhecidos e muito usados no intuito de melhorar o desejo sexual, seja por serem culturalmente relacionados com situações a dois ou até pelos seus efeitos termogênicos – elevam a temperatura corporal.

“Há também aqueles que auxiliam na perfusão sanguínea, melhoram circulação e facilitam a chegada de sangue nas partes íntimas, prolongando ereções. E os que possuem triptofano (trazem sensação de bem-estar, alegria e exaltação) e podem contribuir para aflorar a excitação. Esses alimentos têm efeito sobre nosso corpo e sexualidade, porém é necessário que o seu consumo seja contínuo”, diz a nutricionista Juliana Belmont (@nutrijulianabelmont), da Clínica NutriCilla. Essa também foi a associação feita por um estudo da Universidade Guelph, no Canadá.

Abaixo, Juliana lista alguns alimentos com esse poder:

  • Chocolate: “produz serotonina, neurotransmissor responsável pela sensação de prazer e bem-estar. Também possui alcaloide, um estimulante de energia. Para esses benefícios, deve-se optar por versões com alta concentração de cacau”;
  • Amendoim: “fonte de arginina e vitamina B3, melhorando a perfusão sanguínea”;
  • Banana: “contém vitaminas do complexo B, zinco e magnésio, nutrientes que auxiliam na produção de hormônios sexuais”;
  • Ostra: “contém zinco, que está relacionado com o aumento dos hormônios sexuais (como a testosterona) e reduz a prolactina, hormônio que está ligado à impotência sexual”;
  • Pimenta: “alimento termogênico, que aumenta a temperatura corporal”;
  • Morango: “a cor vermelha é relacionada ao estímulo sexual, levando o cérebro a fazer essa associação”;
  • Beterraba: “vasodilatadora, melhora a perfusão sanguínea, melhorando a irrigação nas partes íntimas – necessária para a lubrificação e ereção”;
  • Gengibre: “alimento termogênico e vasodilatador. Auxilia também na lubrificação feminina”;
  • Semente de abóbora: “contém grande quantidade de zinco.”
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Yoga para ativar a sexualidade

A Yoga é uma grande ferramenta para o autocuidado e conhecimento de si mesmo. “Além disso, o uso de posturas bem elaboradas e técnicas de respiração ajuda na conexão com seu corpo e com o momento presente. Ao meu ver, não existe sexualidade saudável sem autoconhecimento”, afirma a professora Priscilla Leite (@prileiteyoga), criadora do Canal da Pri Leite Yoga no Youtube e da Plataforma Girassol Yoga.

De acordo com ela, é comum termos traumas e medos guardados na região pélvica. Algumas sequências na ioga que alongam e abrem os quadris podem soltar a tensão e facilitar um relacionamento mais saudável com essa região do corpo. Veja a galeria de fotos com as posturas:

Quebra de rotina, desejos e fantasias

A ideia é batida, mas quebrar a rotina e trazer novidades para a cama não vai fazer mal nenhum. Pelo contrário. “Muitas vezes o sexo parece mais um compromisso do que algo prazeroso. A cama acaba virando um campo onde levamos nossas tensões”, diz o psicólogo Marlon Mateddi, especialista em sexualidade da plataforma Sexo Sem Dúvida.

São os valores mais conservadores da sociedade que deixam muita gente com medo de dividir os desejos com o parceiro(a) e inovar.

“A educação, medos e limitações que nos transmitiram desde cedo na vida fazem a gente parar de fantasiar ou não ter coragem de admitir as vontades. Com isso, acabamos nos acostumando a transar sempre no mesmo lugar e dos mesmos jeitos. Sexo para ser bom precisa ser descontraído, livre, onde possamos nos soltar. Com brincadeiras, imaginação e, sobretudo, comunicação.”

Marlon Mateddi, psicólogo, especialista em sexualidade

Mas lembre-se: sempre respeitando os limites de cada um, viu? Não tem problema não gostar de coisas muito diferentes. Afinal, sexo não precisa ser uma performance. “Obrigação ninguém pode ter, ainda mais se tem algum constrangimento ou se não se sente bem. Mas deixar a vida passar sem experimentar coisas novas pode ser uma grande perda”. Levar o colchão para a sala, acender velas ao redor da cama ou até fazer um jantar romântico são dicas que podem fazer toda a diferença.

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Quando o problema é a distância

Mas e quem está longe do parceiro (a), como proceder? Ivana Cabral (@ivanacabral_oficial), reprogramadora mental e terapeuta de casais, afirma que a distância temporária pode ser usada a seu favor. “Ela pode ajudar na libido. É possível aproveitar a tecnologia, marcar horários fixos e ir para lugares onde os dois possam ficar sozinhos”. Nesse caso, lançar mão das ligações de vídeo e mensagens é uma boa estratégia. Mas sempre com atenção. “Tenha cuidado com fotos e vídeos, elas podem ser mais comprometedoras.”

Por fim, lembre-se também que uma vida sexual saudável depende de coisas que vão além do sexo. Aproveite o tempo distante da pessoa amada para reforçá-los. “A vida sexual é um dos pilares da relação. Mas não o que a sustenta. Alimentar os outras questões pode ser determinante”, aconselha a psicóloga e sexóloga Bete Monteiro (@betemonteiro.psicosexologa), do Instituto Ser +.

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