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Está difícil emagrecer? A culpa pode ser dos hormônios

Se exercício e dieta não estão sendo suficientes para baixar o ponteiro da balança, a culpa pode ser dos hormônios. Confira os sinais de falta ou excesso dessas substâncias e como reverter o prejuízo

Por Cristina Nabuco (colaboradora)
Atualizado em 26 abr 2024, 11h03 - Publicado em 3 fev 2015, 13h28

As glandulas encarregadas de produzir os hormônios que controlam o metabolismo, a reprodução, o sono e o humor, entre tantas outras funções, interagem entre si como os instrumentos de uma orquestra. Para apresentar uma sinfonia, cada um precisa executar bem a parte que lhe cabe e estar em harmonia com os demais. Se um desafina ou sai do ritmo, o conjunto é prejudicado. O peso, assim como a saúde, sente o impacto. Por mais que você seja persistente na dieta e no treino, se houver desequilíbrio, talvez não consiga afinar nem ganhar músculos. Para pôr ordem na casa, é preciso conhecer seus possíveis sabotadores e as atitudes que ajudam a recuperar o equilíbrio. Porém em hipótese alguma faça reposição hormonal por conta própria. Ajustar a dose é tarefa para experts. “Exagerar no fornecimento de um hormônio pode atrapalhar a síntese de outro”, adverte Fábio Cardoso, especialista em medicina preventiva e do esporte, de Blumenau (SC). Além disso, nem sempre a reposição é indicada. Pequenas mudanças na alimentação e no estilo de vida podem ser suficientes para você fazer as pazes com a balança.
 

Peso extra

O T3 (tri-iodotironina) e o T4 (tiroxina), secretados pela glândula em forma de borboleta na base do pescoço, agem no cérebro, no fígado, nos rins e no coração, além de controlar a queima de gorduras, o pique e a fertilidade. “Quando estão em baixa, o metabolismo fica mais lento, o que favorece o ganho de peso”, avisa a endocrinologista Ruth Clapauch, vice-presidente do Departamento de Endocrinologia Feminina e Andrologia da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem). Outros sintomas de que a tireoide fabrica menos esses hormônios do que deveria (hipotiroidismo) são: queda de cabelo, pele seca, cansaço, sonolência, desânimo, dores articulares e intestino preso (de novo, o peso corre risco). Predisposição genética, exposição a substâncias químicas por meio de fumaça do cigarro, poluição e agrotóxicos nos alimentos e uso abusivo de remédios para emagrecer são as possíveis causas.

Ação. Consumir os nutrientes indispensáveis à dupla T3 e T4. “São necessárias boas fontes de iodo (sal de cozinha, frutos do mar), selênio (castanha-do-pará, salmão, farelo de trigo, ostras), magnésio (cereais de trigo integral, castanhas, carne, vegetais de folhas verde-escuras) e aminoácidos (carnes, leite, ovos, feijões)”, orienta Victor Sorrentino, nutrólogo, especialista em medicina preventiva e ortomolecular, de Porto Alegre. Procure um endocrinologista para avaliar sua tireoide. O tratamento em geral é simples e dá resultado: basta repor os hormônios. 
 

Gordurinha do sutiã

Toda vez que o cérebro identifica perigo, prepara o corpo para uma guerra e o cortisol entra em cena. Ele controla a pressão arterial e estimula os batimentos cardíacos. Mas, se você vive sob tensão, não dorme bem ou usa corticoides de maneira contínua (contra alergias e doenças autoimunes), essa substância, fabricada pelas glândulas suprarrenais, tem presença constante na circulação, o que favorece o depósito de gordura. Segundo Ruth Clapauch, o excesso de cortisol leva a um acúmulo extra na parte superior das costas (a chamada gordurinha do sutiã), além de aumentar a propensão a estrias.

Ação. Descubra maneiras de liberar a tensão. Invista nos exercícios (luta, natação, bicicleta, dança, ioga) e em atividades como meditação e psicoterapia.
 

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Barriga volumosa

Facilitar a entrada do açúcar obtido dos alimentos nas células que precisam dessa fonte de energia é a função da insulina. Ao perceber a presença desse nutriente no sangue, o pâncreas começa a liberá-la. “A secreção exagerada sobrecarrega o órgão, que tende a se desgastar”, alerta Ruth. A insulina ainda favorece o estoque de gordura na barriga, além de atrapalhar a síntese de glucagon, que é bem-vindo, pois estimula a queima de gordura. Outros indícios da insulina elevada: acne, aumento de pelos e síndrome dos ovários policísticos.

Ação. Coma a cada três ou quatro horas, dando preferência a proteínas magras (carnes, ovos), gorduras boas (abacate, peixes) e carboidratos de baixo índice glicêmico (grãos integrais, cenoura crua, brócolis, lentilha), que são liberados na corrente sanguínea lentamente, evitando os picos de açúcar. “O problema hoje é que as pessoas exageram nos carboidratos e escolhem os de pior qualidade”, diz Victor Sorrentino.

Efeito ioiô

Fabricadas no estômago, a grelina e a leptina são responsáveis, respectivamente, pelo apetite e pela sensação de saciedade. A grelina, cuja produção dispara perto do horário das refeições, pode fazer você comer além da conta. Já a leptina contribui para preservar a memória do peso. Em alta, pode fazer com que você recupere os quilos perdidos, causando o desagradável efeito ioiô. “Se a produção das duas estiver desregulada, não há jeito de afinar”, explica Fábio Cardoso.

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Ação. Fuja de dietas radicais. O corpo entende que vai entrar num período de fome e reduz o metabolismo e, com isso, as taxas de grelina e leptina se alteram. Para evitar o emagrece e engorda, é melhor perder peso com um cardápio equilibrado, com carboidrato complexo, proteína magra e gordura boa em todas as refeições. E evite o jejum prolongado.
 

Quadril extralarge

Os hormônios sexuais podem interferir no peso. Os níveis de progesterona afetam a retenção de líquido, provocando o inchaço. O estrogênio influencia a distribuição de gordura: se estiver baixo, ela se acumula no abdômen e, se alto, tende a se fixar nos quadris. As mulheres também precisam do hormônio masculino testosterona. “Além de provocar a queda no desejo sexual, níveis baixos desse hormônio dificultam o ganho de massa muscular e a queima de gordura”, diz Victor. A reposição fornece doses fisiológicas, femininas, para suprir a carência.

Ação. Faça uma dosagem das taxas de hormônios sexuais. Embora estudos garantam que as pílulas modernas não engordam, já que apresentam um quinto da dosagem hormonal das pioneiras, mulheres que não perdem peso de jeito nenhum podem ser aconselhadas a trocar o contraceptivo oral por outro método, como o DIU de cobre. 
 

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Menos músculos

Enquanto dormimos, são produzidas duas substâncias que ajudam a esculpir as curvas. Além de renovar as células, o hormônio do crescimento, o GH, estimula a transformação de gordura em energia. O pico de produção é por volta das 2 horas da manhã. “Mulheres que varam a madrugada podem apresentar um declínio importante em idade precoce”, alerta Victor Sorrentino. A melatonina, liberada ao anoitecer e durante o período noturno, é essencial para que o metabolismo funcione bem. Se os ritmos de sono e vigília não forem respeitados, sua síntese é comprometida. “Virar a noite acordada faz a produção desse hormônio despencar”, avisa Fábio Cardoso. “Você pode até emagrecer quando falta melatonina, mas perde massa magra, e não gordura.”

Ação. Durma pelo menos seis horas por noite. Deixe o quarto escuro, mas com uma fresta para a entrada de luz natural pela manhã. Evite TV, computador e celular. A atividade física bem dosada melhora a qualidade do sono e a produção hormonal. A alimentação correta também. “Por medo de engordar, algumas pessoas cortam as gorduras e ficam privadas de colesterol, matéria-prima para a produção de hormônios”, avisa o médico. “Para conquistar um peso saudável, não basta contar calorias. É preciso buscar o equilíbrio.” 

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