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E se você tivesse um quarto só para extravasar as suas emoções?

Quartos temáticos, com o objetivo de ajudar as pessoas a liberar e lidar com emoções, têm se tornado uma tendência de decoração

Por Marcela De Mingo
17 fev 2022, 08h00

“A decoração nunca foi tão emotiva”. É com esse título que o Pinterest prevê que, daqui para a frente, as pessoas vão começar a desenvolver ambientes específicos para lidarem com as suas emoções. Pense em um quarto para sentir raiva ou para expressar alegria. 

Parece estranho? Não necessariamente. Esses ambientes estão sendo pensados com objetivos específicos, que passam ainda por hobbies pessoais e até ambientes temáticos. No próprio Pinterest, as buscas por “quarto da raiva”, por exemplo, subiram 150%. A procura por “quarto temático de música” dobrou, e por “quarto da massagem” aumentou em 190%. 

APRENDENDO A LIDAR COM EMOÇÕES

Essa tendência é interessante porque demonstra uma nova forma de olhar para as emoções. Para a psicóloga Vanessa Gebrim, as pessoas têm uma série de entraves ao lidar com as suas emoções, como não saber nomeá-las ou falar sobre elas, determinar e entender a origem e os gatilhos dessas emoções, bem como exercer o autocontrole – aqui, entram as reações automáticas e, às vezes, muito maiores do que a situação pede, o que dificulta as resoluções de conflito. 

A lida com as emoções e sensações pode ajudar ou prejudicar várias áreas da vida. Pense nas relações do dia a dia: existe um limite para alguém aguentar brigas e discussões o tempo inteiro, por exemplo. 

“Uma forma bastante eficaz para aprender a lidar com essas emoções é praticar o autoconhecimento”, explica a psicóloga. “Quando há excesso de sentimentos negativos, pode ocorrer agressividade, falta de motivação, quadros de ansiedade, depressão, estresse e, até mesmo, problemas de saúde física.”

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Para isso, a psicoterapia é a ferramenta mais importante para que a pessoa aprenda a conhecer as suas emoções e lidar bem com elas.  

O PAPEL DOS AMBIENTES NA LIDA COM EMOÇÕES

Pode parecer estranho conectar os cômodos da casa às nossas emoções, mas existe uma vertente da própria psicologia, a psicologia ambiental, que veio para comprovar como essa relação homem-ambiente é importante

“Por meio dela já se tem evidências positivas de progresso terapêutico em ambientes que inspiram paz e tranquilidade”, diz. 

Muito se fala sobre a importância de arrumar a mesa de trabalho, por exemplo. Isso porque um ambiente leve e sem muitas informações pode melhorar o desempenho das pessoas no home office, aumentar a motivação de um jovem a estudar em casa, além de fazer com que as pessoas se sintam mais leves e de bem com a vida. 

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“Ambientes fechados, com muitos objetos acumulados e dispostos de maneira desorganizada, sem aconchego, sem limpeza ou conforto podem aumentar o nível de estresse e irritabilidade nas pessoas. Além de prejudicarem a atenção, o descanso e o bem-estar.”

Isso sem contar as memórias afetivas. Objetos e até móveis podem nos remeter a alguém ou algum lugar, mexendo com as nossas emoções. Por isso, o ideal é criar ambientes que funcionem como uma espécie de refúgio, com iluminação natural, aconchego e tranquilidade, plantas, natureza, e que tragam sentimentos de paz e acolhimento. 

De maneira quase contrária a essa ideia, os “rage rooms” ou “quartos da raiva” ganharam versões bastante interessantes para ajudar as pessoas a extravasarem as emoções. Nos Estados Unidos e até na Europa, você pode ir até um espaço com inúmeros pratos, copos e garrafas para quebrar de propósito – ou seja, você libera a raiva quebrando coisas. 

Dessa forma, decorar um quarto pensando especificamente em algum tipo de emoção ou com um objetivo certo (como um estúdio para fazer cerâmicas) é muito vantajoso, em termos de saúde mental

“Melhora a criatividade, a concentração, contribui no processo de organização psíquica, promove sensações de calma, relaxamento, bem-estar e ajuda no processo de autoconhecimento”, diz Vanessa. 

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