A adolescência é uma fase da vida marcada por diversas mudanças físicas e psicológicas. Ela é considerada muito importante quando o assunto é o desenvolvimento pessoal e social. “Durante esse momento, surgem novas maneiras de agir, novos impulsos, novas emoções, novas amizades e novas tarefas”, afirma a Dra. Tâmara Marques Kenski, psiquiatra.
Todas essas mudanças, de acordo com a médica, acabam favorecendo o surgimento de transtornos mentais, incluindo a ansiedade.
“Na adolescência, ainda não sabemos lidar com milhões de aspectos da vida. Além disso, durante essa fase, a pressão social e os julgamentos são altíssimos: o que vamos fazer da vida, se vamos prestar vestibular, se vai virar mestre… Existem muitas dinâmicas de bullying e interações sociais que podem gerar ansiedade no adolescente”, comenta o Yuri Busin, psicólogo, mestre e doutor em Neurociência do Comportamento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie
A psiquiatra lembra que essas condições mentais não surgem em todos os adolescentes, mas é preciso estar de olho para identificar os sinais precocemente e oferecer o apoio necessário.
O que é a ansiedade?
A ansiedade é uma reação natural dos seres humanos, no entanto, ela pode se tornar um problema quando começa a comprometer a qualidade de vida, interferindo na realização das atividades diárias.
“Ela pode ser sentida por todos e se manifesta em resposta ao medo, à preocupação ou até mesmo a algo novo que está para chegar, por exemplo, uma prova, uma viagem ou uma entrevista de emprego. Quando ocorre de maneira excessiva, provocando alterações no corpo e na mente, acaba virando uma doença, um transtorno“, explica a Dra. Tâmara.
“Em quadros ansiosos, a pessoa sempre tem um medo muito intenso do futuro, uma preocupação excessiva e sente que tudo vai dar errado, o que causa um sofrimento mental. Muitas vezes, quando chega ao ápice, pode realmente desencadear uma crise de ansiedade ou até um pânico“, completa o psicólogo.
Quais os sinais da ansiedade na adolescência?
A ansiedade provoca alterações no humor e no comportamento do adolescente, sendo que as mais comuns são:
- Isolamento social, evitando interações com os amigos e a família
- Irritabilidade e tensão
- Choros frequentes
- Alterações no sono e no apetite
- Tensão muscular ou outros sintomas físicos sem causa aparente
- Pensamentos pessimistas
- Queda no desempenho escola
- Falta de concentração
- Medo excessivo
- Comportamentos agressivos e compulsivos
- Baixa autoestima
“Esses sintomas são persistentes e não passam em pouco tempo”, ressalta Yuri.
“Ao notar que é algo que está atrapalhando a rotina de estudos do adolescente, que ele está ficando agressivo ou evitando os pais/responsáveis, que só quer ficar no quarto e não quer sair, o ideal é procurar profissionais de saúde”, orienta Marques.
Como ajudar?
Para ajudar adolescentes com ansiedade, é fundamental buscar especialistas. “Eles são sempre os melhores para fornecer informações e entender como será feito o tratamento”, conta Busin.
Podem ser indicadas terapias e, dependendo do caso, medicações, que devem ser prescritas por um psiquiatra.
“Na psicoterapia, o adolescente vai aprender a lidar com as situações de uma maneira diferente, contribuindo para o tratamento dos pensamentos negativos e da ansiedade“, garante Yuri.
Diante da situação, o psicólogo ressalta a importância dos pais ou responsáveis adotarem uma postura respeitosa e empática e criarem um ambiente seguro.
“Não devemos massacrar o adolescente, pois ele já está sofrendo, e isso seria só mais uma cobrança. É necessário dar apoio, mostrando compreensão, sem julgamentos, levando-o a entender que você está ali para auxiliá-lo”, afirma.
Um estilo de vida mais saudável, com prática regular de atividade física, contato com a natureza, diminuição do tempo de uso de tela, aumento do convívio social e dieta balanceada, também é essencial para aliviar a ansiedade na adolescência.
“Se não tratada, a ansiedade pode piorar, trazendo prejuízos nas funções cognitivas, comportamentais e sociais. A doença pode se agravar, evoluindo para depressão e até mesmo risco de suicídio”, conclui a Dra. Tâmara.