Existem vários tipos de antidepressivos, com mecanismos de ação diferentes. Mas, no geral, a maioria deles age em três neurotransmissores principais: a serotonina, a noradrenalina e a dopamina. Alguns antidepressivos mais modernos conseguem atuar também em outros neurotransmissores, como o glutamato e gaba, e até mesmo em fatores de crescimento cerebral.
Então, entende-se que pacientes com depressão já têm uma diminuição nesses neurotransmissores e, a partir daí, quando entramos com os antidepressivos, a finalidade é aumentar essas substâncias.
Alguns remédios vão ter ações que podem proporcionar sono, outros vão ter ações paralelas que vão melhorar a atenção, a concentração, a memória, mas isso é uma particularidade de acordo com cada caso.
Normalmente, a gente precisa de cerca de 2 semanas para começar a ver o antidepressivo fazer efeito, porém pode variar de pessoa a pessoa. 8 semanas seria, praticamente, o tempo máximo para um antidepressivo fazer efeito, seja total ou parcial. Até 30 dias de tratamento, a gente espera uma resposta satisfatória de 20% a 30%.
Isso porque, na hora que eu coloco o medicamento, esse antidepressivo vai aumentar, na região entre os neurônios do cérebro, a quantidade de neurotransmissores, mas essa quantidade maior não quer dizer que ele vai agir imediatamente no cérebro, porque eu preciso de um tempo para que a célula cerebral desenvolva receptores para receber esses novos neurotransmissores adicionais que estão sendo produzidos. Ou seja, esse tempo é para que as células cerebrais, os neurônios, se adaptem para receberem o aporte novo de substâncias.
De 1 a 2 semanas de antidepressivo, o cérebro ainda está naquela fase de adaptação e há uma adaptação corporal também. Então, a partir de 2 semanas, a gente já começa a avaliar. Porém, se a pessoa está usando antidepressivos, e, em 6 semanas, eu tive uma resposta de 50%, é pouco provável que eu, mantendo a dose, vou ter uma resposta adicional após 8 semanas.
Logo, se, após 8 semanas, o paciente não tem a melhora dos sintomas, é necessário fazer uma nova avaliação, seja para aumentar a dose, para potencializar com outra medicação ou até mesmo trocar.
COMO SABER SE O ANTIDEPRESSIVO ESTÁ FAZENDO EFEITO?
O medicamento está bem e trazendo bons resultados se o paciente tiver uma diminuição nos sintomas depressivos e uma melhora da funcionalidade no dia a dia. Como psiquiatra, eu prezo por um paciente que está com a funcionalidade adequada, eu não me satisfaço apenas com a melhora dos sintomas.
Quando olhamos pesquisas sobre isso, os próprios pacientes mesmo prezam muito mais pela melhora da funcionalidade, ou seja, voltar ao trabalho, voltar aos relacionamentos, conseguir fazer atividades de lazer, do que somente o desaparecimento dos sintomas. Sendo assim, eu considero ideal tentar unir a redução total dos sintomas com essa volta do paciente para as tarefas do dia a dia.
Dra. Juliane de Paula, psiquiatra
