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As novas pílulas naturais para emagrecer

Substâncias naturais investigadas por experts em emagrecimento confirmam: você pode usá-las com sucesso para reduzir o apetite e acelerar a queima das gordurinhas

Por Thaís Cavalheiro (colaboradora)
Atualizado em 26 abr 2024, 10h22 - Publicado em 9 jun 2014, 22h00

A corrida atrás de uma fórmula certeira contra os quilinhos extras continua acelerada. Os ventos, que sempre sopraram a favor de suplementos naturais emagrecedores, ganharam força desde que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu o consumo e a venda de grande parte dos inibidores de apetite consagrados pela medicina. Conheça as substâncias naturais antiobesidade que vão ganhar ainda mais espaço daqui para a frente. 

Açúcar bloqueado

Utilizada pela medicina ayurvédica há 4500 anos, a Mucuna pruriens (ou mucuna) entrou na mira dos estudiosos por aliviar sintomas do mal de Parkinson. Acabou revelando-se eficaz para outras finalidades: melhora a libido e tem propriedades emagrecedoras, pois aumenta a massa magra. “Como os músculos contribuem para a redução de calorias, é de se supor que essa substância também ajuda na perda de peso”, diz a nutricionista Vanderlí Marchiori, uma das maiores especialistas em fitoterapia no Brasil. Mas existem outros dois efeitos animadores da mucuna: “Estimula a queima de gordura e impede a absorção de calorias”, afirma a farmacêutica Claudia Coral, de Campinas (SP). 
 
Embora as pesquisas ainda sejam incipientes, há indícios de que o vegetal diminua o teor de açúcar na circulação. Foi o que se observou em estudo pré-clínico (feito com cobaias) da Faculdade de Farmácia da Universidade de Uvo, na Nigéria. Os animais, que tiveram diabetes induzido em laboratório, perderam peso após a ingestão da planta. “Além de reduzir os níveis de glicose no sangue, a Mucuna pruriens melhora o metabolismo dos açúcares, o que também contribui para emagrecer”, explica Karina Ruiz, farmacêutica e mestre em farmacologia, de Campinas, interior de São Paulo. Sem contar que a baixa quantidade de glicose está relacionada a uma discreta produção de insulina, hormônio que, em altas doses, ajuda a estocar gordura. 
 
Karina destaca, ainda, uma outra linha de pesquisa: “O fitoterápico aumenta os níveis de um neurotransmissor (substância que atua no cérebro) associado ao prazer, o que ajuda a reduzir a compulsão alimentar. Porém, mais estudos são necessários para confirmar essa hipótese”. Por enquanto, a mucuna só está disponível em farmácias de manipulação, geralmente em cápsula, mediante prescrição médica. Não é possível estimar quanto ela faz você emagrecer – e isso vale para quase todos os fitoterápicos. Mais do que depender de outros estudos, isso pode variar de pessoa para pessoa, além dos hábitos à mesa e a prática de exercícios. Os primeiros resultados podem ser notados entre duas a quatro semanas.
 
Efeitos colaterais: o consumo sem orientação de um profissional competente (nutricionista, endocrinologista ou fitoterapeuta) pode desencadear crescimento de pelos, amenorreia (suspensão da menstruação), infertilidade, inibição da prolactina (hormônio responsável pela produção do leite materno) e interações com antidepressivos e antidiabéticos. É proibido durante a gravidez, pois tem ação abortiva. 
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Apetite reduzido

Você tem muita fome? Aposte no Pinus koraiensis (ou pinho coreano). Ele reduz o apetite para valer e, no primeiro ou segundo dia, você se sente menos faminta. “A pessoa pode até encher o prato, mas não consegue comer tudo”, diz Claudia Coral. É que o suplemento atua no intestino aumentando os níveis de dois hormônios que controlam a fome – a colecistocinina e o GLP1. Convertido em pó, o óleo de pinho coreano é encontrado em sachê e apenas em farmácias de manipulação com o nome comercial Pinnothin, um supressor de apetite comprovado cientificamente. 
 
“Um estudo clínico em pacientes com sobrepeso que receberam o Pinus koraiensis mostrou uma redução de 9% no volume de comida consumida”, conta Karina Ruiz. Isso promove uma diminuição significativa nas calorias diárias, o que leva à perda de peso.” Pode ser diluído em água, leite, sucos e shakes, e consumido antes das refeições principais.
 
Efeitos colaterais: não são conhecidos. 

Saciedade a jato

As algas marinhas Spirulina máxima e Spirulina platensis (ou espirulina) também podem ser usadas para reduzir o consumo de calorias diárias. Ricas em proteínas de alto valor biológico, elas saciam rapidinho. Só para você ter uma ideia da concentração de proteína: de 60% a 70% do peso das espirulina se deve ao teor desse nutriente (valores superiores ao da soja, considerada uma importante fonte proteica de origem vegetal). 
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Aumentar o consumo de proteína é estratégico para a perda de peso. Ela demora mais para ser digerida e, por isso, diminui a fome. O efeito antifome também conta com a participação de outros nutrientes dessas algas: vitaminas do complexo B e E, betacaroteno, minerais e ácidos graxos poli-insaturados. A diferença entre elas? A variedade máxima é originária da América Central, enquanto a platensis é encontrada na África, Ásia e América do Sul. Porém, a composição é quase a mesma. 
 
“Elas só apresentam uma pequena diferença no teor de ácidos graxos poli-insaturados, a gordura boa”, explica a nutricionista Natana Martins, do Paraná. Outro ponto positivo a favor da cintura: elas reduzem a absorção de gordura. “As algas aumentam a atividade da enzima lípase proteica, que tem a função de quebrar as moléculas de gordura para facilitar sua eliminação”, diz Natana. 
 
Segundo a nutricionista Flávia Figueiredo, da rede Mundo Verde, o suplemento (à venda em cápsulas) também eleva os níveis de aminoácidos no plasma sanguíneo, favorecendo a liberação de hormônios anorexígenos, aqueles que dão saciedade, caso da colecistoquinina. Os resultados aparecem em três meses.
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Efeitos colaterais: não são conhecidos. 

Metabolismo a mil

O extrato de alga marinha Ascophyllum nodosum, também pode deixar você feliz com menos comida. Encontrado no mercado com o nome D-alG, age no estômago impedindo a absorção de calorias. O extrato ainda acelera o metabolismo estimulando a queima de gorduras. “Estudos mostraram que o suplemento ajudou mulheres com sobrepeso a secar 2,8 quilos em oito semanas”, conta Cláudia Coral.
 
Efeito colateral: pode interferir no funcionamento da tireoide porque contém iodo. 
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Melhor que remédio

A pholia negra ficou famosa há dois anos por ajudar a vencer a gordura teimosa ao redor da cintura. Produzida com um extrato de plantas do gênero Ilex paraguariensis, seus efeitos foram recentemente comparados ao da sibutramina, remédio usado para controlar o apetite e proibido pela Anvisa por agir no sistema nervosos central. O teste em ratos foi realizado pelo Departamento de Veterinária e Zootecnia da USP. 
 
As cobaias alimentadas com ração e pholia negra tiveram uma perda de 10% do sobrepeso em 30 dias, resultado similar ao produzido pela sibutramina. “A vantagem do suplemento é não apresentar riscos de toxicidade”, diz a farmacêutica bioquímica Joseth Gimenes, de São Paulo. Em humanos, é possível esperar uma perda de 2 quilos por mês.
 
Efeitos colaterais: não são conhecidos. 

Combate até celulite

Tão conhecida quanto a pholia negra, a pholia magra (Cordia ecalyculata vell) foi estudada pelo mesmo grupo de pesquisa da USP, nos mesmos moldes e também tendo a sibutramina como comparativo. A conclusão foi de que a planta, que tem ação termogênica, faz perder 13% do sobrepeso em 30 dias. “Embora sua indicação principal seja o emagrecimento, vejo na prática clínica uma redução no aspecto da celulite por melhorar a circulação linfática”, constata a nutricionista Mariana Duro, de São Paulo. 
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A pholia magra ainda promove a quebra de gordura diretamente nas células gordurosas. Mas Fúlvia Hazarabedian, nutricionista da Academia Bioritmo, em São Paulo, adverte: “Quem tem hipersensibilidade a algum dos seus princípios ativos (lantoína, cafeína, potássio e taninos) não deve ingerir o produto, que também é contraindicado para hipertensos, gestantes e mulheres que amamentam.”
 
Efeitos colaterais: não são conhecidos. 

Fibras anti-gordurinhas

As sementes comestíveis de feno-grego (Trigonella foenum graecum), encontradas em lojas de produtos indianos na forma de cápsulas, saciam e adiam a fome. “Compostas de fibras de fenuline, as sementes atraem água e formam um gel viscoso que preenche o estômago promovendo saciedade”, explica Mariana Duro. A digestão também fica lenta e você demora mais para sentir fome. 
 
Mas as fibras do fenogrego oferecem uma ação ainda mais poderosa contra as gordurinhas. Segundo um estudo publicado no periódico científico European Journal of Clinical Pharmacology, elas diminuem a absorção de carboidratos, o que contribui para a redução da glicemia e, consequentemente, uma menor produção de insulina pelo pâncreas. E isso evita a formação de novos estoques de gordura no corpo. Não tem contraindicação, exceto para gestantes. 
 
Efeitos colaterais: pode provocar aborto. 

Fome controlada

Rico em betasitosterol, o óleo de abacate (Persea americana mill) ajuda a secar as gordurinhas teimosas da barriga. “Ele ajuda no emagrecimento porque reduz os níveis de cortisol, hormônio relacionado ao aumento da compulsão alimentar e ao acúmulo de gordura na região abdominal”, diz Mariana Duro. Ingerido junto às refeições, o betasitosterol tem ainda o efeito de bloquear a absorção das gorduras saturadas dos outros alimentos. 
 
Efeitos colaterais: não são conhecidos.

Barriga lisa

O óleo de cártamo (Cartamus tinctorium) não é novo, mas os últimos estudos confirmaram o poder de acelerar a perda de gordura, especialmente na região abdominal. “Ele diminui as taxas de colesterol e tem propriedades anti-inflamatórias, além de fortalecer o sistema imunológico”, explica a nutricionista Fúlvia Hazarabedian. Rico em ômega-6, atua sobre a gordura marrom, reserva que aumenta a termogênese e faz queimar calorias. “Para buscar a energia de que precisa, o corpo se utiliza da gordura branca, que se deposita na barriga, na linha da cintura e nos quadris”, diz a nutricionista Natana Martins. “Em um mês, já dá para perceber os primeiros resultados.”
 
Efeitos colaterais: consumido acima do recomendado pode desregular o metabolismo. 

Consulte um nutricionista antes

Se você estiver decidida a eleger um fitoterápico para auxiliá-la na perda peso, peça a orientação de um médico ou nutricionista. Apesar de naturais, esses suplementos também exigem cuidados. “Eles são considerados seguros, mas podem ser contraindicados em algumas situações ou apresentar interações com medicamentos”, alerta a farmacêurica Karina Ruiz. 
 
E não se iluda. Os produtos naturais antiobesidade são meros coadjuvantes na perda de peso. “Seus efeitos são garantidos quando associados a uma alimentação equilibrada”, ressalta a nutricionista Mariana Duro. Atividade física regular também é essencial para o sucesso do emagrecimento. Outro detalhe importante: investigue a procedência desses suplementos. Ou seja, dê preferência a produtos fabricados por laboratórios conhecidos e com registro na Anvisa. Se a informação não constar do rótulo, recuse.
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