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Remédios para emagrecer: tudo que você precisa saber sobre eles

A obesidade é considerada uma doença crônica e precisa ser tratada. Descubra se as substâncias emagrecedoras podem resolver o seu problema

Por Sibelle Pedral (colaboradora) e Luiza Monteiro
Atualizado em 26 abr 2024, 10h20 - Publicado em 29 jul 2014, 21h00
Pílulas prato
 (alfexe/Thinkstock/Getty Images)
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Os medicamentos emagrecedores voltaram a virar notícia no Brasil. Na última sexta-feira (23), o presidente interino, Rodrigo Maia, sancionou uma lei que libera produção, comercialização e consumo das substâncias anfepramona, femproporex e mazindol, que inibem o apetite.

Conhecidos como anorexígenos, esses remédios são derivados das anfetaminas e haviam sido proibidos pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 2011. O argumento da agência para o veto era a falta de comprovação da segurança e da eficácia desses medicamentos.

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Em um post feito nas redes sociais, Maia justificou a aprovação. “Tomei a decisão após ouvir diversas entidades médicas e receber um parecer favorável do próprio Conselho Federal de Medicina. Entendo o drama de milhares de brasileiros que têm níveis perigosos de obesidade e precisam ser levados a sério, e com responsabilidade, tendo acesso a um tratamento médico controlado”, escreveu, que é presidente da Câmara dos Deputados.

Em nota, a Anvisa se posicionou contra a medida. “Essa lei, além de inconstitucional, pode representar grave risco para a saúde da população. Legalmente, cabe à Agência a regulação sobre o registro sanitário dessas substâncias, após rigorosa análise técnica sobre sua qualidade, segurança e eficácia. Assim ocorre em países desenvolvidos e significa uma garantia à saúde da população. O Congresso não fez, até porque não é seu papel nem dispõe de capacidade para tal, nenhuma análise técnica sobre esses requisitos que universalmente são requeridos para autorizar a comercialização de um medicamento”.

E a sibutramina?

A sibutramina é um dos emagrecedores que não foi proibido pela Anvisa em 2011. E, com a nova lei, nada muda: ela continua como opção terapêutica em medicamentos que podem ser produzidos e comercializados em farmácias de manipulação. Segundo a agência, existem atualmente 13 fabricantes com registro desse medicamento no Brasil e 22 sibutraminas em comercialização no país.

A seguir, confira a opinião de especialistas sobre o uso de remédios para emagrecer.

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Quem deve recorrer a remédios para perder peso?

O endocrinologista e nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), recomenda o uso de substâncias emagrecedoras para pessoas com IMC (índice de massa corporal) acima de 27, desde que sejam portadoras de doenças associadas (como diabetes e hipertensão), ou acima de 30 quando não houver outras complicações. É o que preconiza a International Obesity Task Force (Força Tarefa Internacional Contra a Obesidade, em tradução livre), rede de especialistas que assessora a Organização Mundial da Saúde (OMS) quando o assunto é obesidade.

“Fora isso, o ideal é buscar uma dieta adequada para reeducar os hábitos alimentares, além de fazer exercício”, aconselha. Já a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), em diretriz disponível no seu site, indica esses medicamentos para casos de IMC acima de 25 quando há doenças associadas (inclusive colesterol elevado) ou acima de 30. “A obesidade é uma doença crônica que precisa de tratamento”, afirma o endocrinologista Alexander Benchimol, vice-presidente da entidade.

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O que são medicamentos de uso off-label para emagrecer? 

São aqueles que funcionam para outra finalidade que não aquela que está na bula. É o caso da liraglutida (vendida sob o nome comercial de Victoza), remédio para diabéticos que produz perda de peso, e do topiramato, um anticonvulsivante indicado para a prevenção de enxaqueca, que também tem efeito contra a obesidade.

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“Essa prática é permitida por associações médicas, mas, como em qualquer tratamento, pode haver efeitos colaterais”, alerta o endocrinologista Marcio Mancini, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, em São Paulo. “Os remédios off-label só devem ser prescritos após exames clínicos e exigem acompanhamento rigoroso.”

A sibutramina é um medicamento seguro? 

Realizado em 2009, o estudo internacional Scout, sigla para Sibutramine Cardiovascular Outcome Trial (efeitos cardiovasculares da sibutramina, numa tradução livre) revelou um risco aumentado de infarto para portadores de doenças cardiovasculares que receberam essa substância por cinco anos seguidos. “Para quem não tem problema cardíaco, porém, esse medicamento sempre foi seguro. Não é um anorexígeno, ou seja, não tira a fome. É um sacietógeno, isto é, age no sistema nervoso central, aumentando a saciedade. Assim, a pessoa come menos. Também tem leve ação termogênica, acelerando o gasto calórico“, explica Durval Ribas Filho.

No entanto, é preciso existir supervisão médica constante e pode haver efeitos colaterais, como boca seca, aumento da pressão arterial, dor de cabeça e náusea. Os profissionais ouvidos para esta reportagem lembram que, qualquer que seja a substância escolhida para emagrecer, é importante associar seu uso a uma mudança de hábitos alimentares e à prática de atividades físicas regulares.

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O orlistate é uma boa alternativa?

Diferentemente da sibutramina, que atua no sistema nervoso central, o orlistate (princípio ativo do Xenical) tem ação local, no intestino, impedindo a absorção de cerca de 30% da gordura ingerida. Também diminui a produção de glicose pelo fígado, com efeitos benéficos no metabolismo dos glicídios. Em algumas pessoas, provoca diarreia e flatulência. “É bom lembrar que quem sofre mais com a diarreia são pacientes que continuam ingerindo muita gordura, daí a importância de aliar o remédio a uma mudança alimentar”, diz Alexander Benchimol.

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Quem já perdeu o que precisava com remédios deve continuar tomando para manter o novo peso? 

“Depende de cada caso”, diz Marcio Mancini. “Uma mulher que sempre foi magra, ganhou peso na gravidez e usou remédios para livrar-se desses quilos extras provavelmente não precisará mais de medicamentos após o tratamento. Já um paciente que é obeso há 20 anos possivelmente terá que tomar a vida inteira”, compara o endocrinologista.

O que é melhor: o manipulado ou o industrializado?

Há alguns anos, fórmulas que misturavam substâncias permitidas, como a sibutramina, a componentes nocivos à saúde, como hormônios tiroidianos, ou outros apenas mal indicados, como diuréticos, fizeram a má fama dos manipulados. “Mas pode ser o caso de manipular, dependendo do perfil do paciente”, diz Durval Ribas Filho. O importante é que a prescrição seja feita por um médico de confiança.

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Dá para confiar em remédios emagrecedores vendidos pela internet?

Não. A obesidade é considerada uma doença e o tratamento deve ser prescrito por profissionais da área de saúde.

Os suplementos termogênicos funcionam? 

Para Durval Ribas Filho, eles têm uma “eficácia discreta” e, mal administrados, trazem prejuízos à saúde. “São perigosos”, concorda Marcio Mancini. “Eles podem acelerar o coração e provocar arritmias, colocando a vida em risco.”

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