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Candidíase: pare de alimentar essa inimiga

Calor, umidade, resistência baixa. É tudo do que a candidíase precisa para levá-la à loucura

Por Cristina Nabuco (colaboradora)
Atualizado em 25 nov 2016, 15h12 - Publicado em 29 jul 2014, 22h00

Difícil de escapar. Pelo menos uma vez na vida três em cada quatro mulheres sentirão uma coceira desesperadora nas partes íntimas, acompanhada de ardor e corrimento esbranquiçado. Culpa do fungo Candida albicans, de longe a principal causa de infecção vaginal. Presente na superfície da pele e no trato digestivo de pessoas saudáveis, em geral ele é inofensivo até encontrar duas condições ótimas para se reproduzir: calor e resistência baixa.

No verão, a vagina fica mais quente e úmida, criando um hábitat favorável à sua multiplicação. Ainda assim, como esse tubo elástico é dotado de eficiente mecanismo de defesa, a “colônia” pode ser neutralizada. Mas quando medicamentos (antibióticos, corticoides, laxantes), infecções como uma simples gripe, má alimentação ou o stress desequilibram a flora vaginal, a dona cândida invade tecidos e faz estragos. Pior é quando esses episódios de “incêndio íntimo” vão e vêm.

Em pelo menos 40% das atingidas, as crises são recorrentes. “A candidíase de repetição em geral decorre de algum hábito errado”, alerta o ginecologista José Bento, dos hospitais São Luiz e Albert Einstein, ambos em São Paulo. “Em vez de usar os cremes ou óvulos vaginais antifúngicos de rotina, vale a pena revisar seus hábitos com o seu médico.” Segundo o ginecologista, a dieta merece destaque nessa avaliação, pois dependendo do que come, você está alimentando seu inimigo.
Fora, açúcar!
Quem é do tipo formiga tem boas razões para se preocupar. “O açúcar altera o pH da vagina de modo a favorecer a proliferação dos fungos”, diz José Bento. Assim, é preciso restringir doces, balas em geral, mel e produtos industrializados adoçados, caso dos refrigerantes e sucos de fruta. E não estranhe se o desejo de doce aumentar. “As diversas substâncias que os fungos produzem e liberam no processo de digestão despertam em nós a vontade de consumir os alimentos úteis à sobrevivência deles”, explica Alessandra Almeida, nutricionista do Rio de Janeiro.

Mas o açúcar não é o único vilão. Outros carboidratos refinados e simples, como macarrão, pão e arroz brancos, também fazem a alegria dos fungos que causam a candidíase. Por ter digestão rápida, esses alimentos logo elevam a taxa de açúcar no sangue, daí a importância de serem substituidos pelas versões integrais, ricas em fibras.

Esses alimentos, porém, devem ser evitados se você tem sensibilidade ao glúten (proteína do trigo, cevada, centeio e aveia). Assim como quem apresenta alergia à lactose ou soja, precisa suspender produtos à base de leite ou do grão. “Nessas pessoas, o consumo regular de substâncias com potencial alergênico pode causar um desequilíbrio na flora digestiva, favorecendo o crescimento dos fungos”, diz Alessandra. Mas é preciso avaliar caso a caso.
Devagar com as frutas
Em excesso, a frutose (açúcar das frutas) pode ser nociva. Essa substância também é encontrada no xarope de milho, largamente usado na indústria alimentícia. Por isso, confira na embalagem e passe longe dos produtos que abusam desse ingrediente. Mas você não precisa abrir mão de um alimento tão saudável quanto as frutas frescas. Consuma de três a quatro porções por dia, dando preferência àquelas com baixo índice glicêmico (morango, pera, pêssego, maçã e ameixa) – ou seja, que são absorvidas mais lentamente.

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Você adora manga, melancia, caqui e uva? Suspenda essas frutas, que têm digestão rápida, pelo menos nas fases em que a candidíase não estiver dando sossego. Esqueça também os sucos de fruta muito concentrados, pois a taxa de frutose tende a ser alta. Faça o mesmo com as frutas secas que recebem adição de açúcar (banana passa, figo e abacaxi secos) ou são vendidas a granel. “As frutas que ficam muito tempo expostas ao ar e à claridade favorecem a proliferação dos fungos”, alerta a nutricionista.
Na lista negra
É ainda mais importante você manter distância de pães (e outras massas que levam fermento biológico, caso da pizza), queijo gorgonzola, vinagre, vinho e cerveja. “São alimentos e bebidas fermentados pela ação de fungos, o que pode confundir o sistema imunológico e desequilibrar os microrganismos que vivem naturalmente no intestino”, diz Fábio Bicalho, membro do Centro Brasileiro de Nutrição Funcional. Os produtos em conserva (picles e palmito), embutidos e todos os cogumelos (do champignon ao shiitake) também estimulam o crescimento fúngico e, portanto, devem ser evitados quando a candidíase entra em cena.
Mais aliados
A boa notícia é que existem alimentos com ação antifúngica comprovada, merecendo lugar de destaque no cardápio. São eles: orégano, alecrim, tomilho, alho e cebola. “Procure consumi-los todos os dias, em diferentes pratos e refeições”, orienta Fábio. Sugestão: polvilhe nas saladas, sopas e nos molhos, de preferência no final do cozimento. Outras boas pedidas são as sementes de abóbora e os óleos de orégano e de coco extravirgem (use o primeiro para temperar pratos salgados e o segundo batido no iogurte). A romã é mais uma aliada: prepare um suco com a polpa e as sementes.

Os lactobacilos reorganizam a flora intestinal e, por isso, também são grandes aliados contra os fungos inimigos. Esses probióticos (bactérias do bem) são encontrados em iogurtes e queijos (verifique na embalagem). “Esses produtos, no entanto, devem ser evitados por quem tem sensibilidade à lactose”, lembra Alessandra. É por isso que muitos nutricionistas acham mais seguro prescrever probióticos em sachê ou cápsula.

E os prebióticos? Capazes de nutrir as bactérias benéficas do intestino, eles também são bem-vindos para deixá-la mais resistente. A lista inclui biomassa de banana verde (pode ser adicionada no suco e na salada de frutas) e batata yacon – tubérculo originário dos Andes com o poder de reduzir a taxa de açúcar no sangue e deve ser consumido cru como uma fruta.

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Folhas verde-escuras, verduras e legumes, alimentos integrais, frutas frescas, peixe, frango orgânico, raiz da chicória e alcachofra também são essenciais na dieta anticandidíase. “Eles equilibram a flora intestinal deixando o ambiente menos atrativo para os fungos”, diz Fábio, que sugere ainda o suco de cranberry. “Essa frutinha vermelha tem ação reconhecida contra as bactérias que provocam infecção urinária, mas também dificulta a ação dos fungos da candidíase.”

Sementes de chia e linhaça, assim como quinua e aveia, são úteis por outras razões: ajudam a reduzir o índice glicêmico da refeição, evitando picos de açúcar no sangue e, com isso, diminuem o risco dos fungos se manifestarem. Já as nozes, amêndoas e castanhas-do-pará reforçam as defesas do organismo contra esses e outros invasores. Porém, armazenadas de maneira inadequada, as frutas oleaginosas podem trazer fungos e toxinas que tendem a aumentar o risco de candidíase. Nesse caso, fuja delas!

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