Algumas condições de saúde são silenciosas e, por isso, mais difíceis de serem diagnosticadas. Porém, um sintoma em comum pode ser um alerta na hora de identificá-las: a perda ou o ganho de peso sem razão aparente. Abaixo, veja cinco doenças que causam essa alteração e as opções de tratamento para elas. E lembre-se: sempre consulte um médico para fazer o diagnóstico e receitar os melhores cuidados para você.
Hipotireoidismo
A tireoide é uma das principais glândulas secretoras de hormônios do organismo. Ela produz o T3 e o T4, que influenciam em diversas funções do corpo. Porém, quando há algum problema que impede a produção da quantidade necessária dessas substâncias, ocorre o chamado hipotireoidismo. Essa condição causa a diminuição da atividade corporal, podendo influenciar no raciocínio, frequência cardíaca, trabalho intestinal e na lentidão do metabolismo no geral. “Com a velocidade reduzida do metabolismo, o organismo acaba gastando menos energia, o que favorece o aumento de peso”, explica o endocrinologista Antônio Carlos do Nascimento.
O hipotireoidismo pode ocorrer por uma agressão autoimune à glândula da tireoide, que acontece quando o sistema imunológico entende que algo está errado naquela área e passa a atacá-la. Além disso, pode ser uma condição congênita, quadro que deve ser identificado pelo exame do pezinho aplicado em recém-nascidos. O tratamento para essa doença é feito com a reposição hormonal, que deve começar assim que o problema for diagnosticado.
Hipertireoidismo
Se o hipotireoidismo é causado pela presença reduzida dos hormônios da tireoide, o hipertireoidismo ocorre justamente pela condição contrária, que é a secreção em excesso dessas substâncias. Esse problema leva ao aumento das funções metabólicas do organismo, que gera a aceleração do ritmo cardíaco, tremor nas extremidades, insônia, olhos esbugalhados e elevação geral das atividades corporais. Devido a essa aceleração exagerada do corpo, o hipertireoidismo pode ser responsável por um emagrecimento excessivo.
“Uma das causas mais comuns desta condição é uma doença autoimune que pode se manifestar ao longo da vida. Nesse caso, o sistema imunológico passa a produzir um anticorpo que é exatamente igual ao hormônio estimulador da tireoide, o que faz com que a glândula passe a trabalhar de maneira desenfreada”, diz Antônio Carlos. O tratamento para o hipertireoidismo inclui o uso de medicamentos que interferem na produção da tireoide, fazendo com que ela diminua a secreção dos hormônios.
Síndrome do ovário policístico
Essa condição é um distúrbio hormonal que gera várias alterações no organismo das mulheres, inclusive o aumento do ovário e o aparecimento de pequenos cistos. Ainda não há confirmação exata sobre as causas dessa síndrome, porém ela está constantemente associada a fatores de risco como a resistência à insulina, que ocorre quando as células não absorvem da maneira correta essa substância.
“Quem possui a síndrome do ovário policístico pode apresentar uma elevação do hormônio masculino no corpo, o que causa o aparecimento de pelos, acne e irregularidade na menstruação. Além disso, o acúmulo de peso, principalmente na região abdominal, também é uma das características da doença. Para o tratamento, uma das opções é utilizar medicamentos que controlam os sintomas, como anticoncepcional hormonal e remédios que auxiliam na ação da insulina”, indica o ginecologista Alfonso Massaguer.
Diabetes
O diabetes ocorre quando há uma deficiência na produção de insulina. Existem duas versões da doença, o tipo 1, que também é conhecida como diabetes juvenil e apresenta uma falta total de insulina no organismo, e o tipo 2, que ocorre quando há uma disfunção na produção insulínica e a quantidade secretada não é suficiente. Uma das causas mais comuns do segundo tipo é a obesidade, que faz com que a insulina produzida não seja capaz de abaixar o índice glicêmico. Já o tipo 1 pode ocorrer devido ao desenvolvimento de uma doença autoimune que destrói as células produtoras da substância no pâncreas.
“O tratamento da diabetes tipo 1 ocorre pela aplicação da insulina. Essa versão da doença faz com que o paciente perca bastante peso, pois sem a insulina necessária para absorver a glicose, o corpo passa a quebrar a gordura e músculos para gerar energia. Outros sintomas que também são comuns a ela são urinar em excesso e ter muita sede. Quando pensamos no tipo 2, o tratamento acontece, a princípio, por medicamentos orais que estimulam a produção do pâncreas e pelo emagrecimento. Alguns dos sintomas dessa versão são o aumento de peso, mesmo para pessoas que já são obesas, e a elevação do índice glicêmico rapidamente”, diz Antônio Carlos.
Doença celíaca
Essa condição ocorre quando há uma intolerância permanente ao glúten causada por uma doença autoimune. “Quando o paciente celíaco consome a substância, acontece uma lesão na mucosa do intestino delgado, órgão responsável pela absorção dos alimentos. Esse machucado, que é chamado de ‘atrofia vilositária’, leva à má captação dos nutrientes e, consequentemente, a perda de peso”, explica a médica assessora em gastroenterologia Márcia Wehba Cavichio, do Fleury Medicina e Saúde, de São Paulo.
A principal maneira de controlar a doença é evitar o consumo de glúten, o composto proteico presente em pães e massas no geral. O indicado é sempre prestar atenção aos rótulos para ter certeza de que os alimentos não possuem essa substância, pois as lesões da mucosa podem ocorrer mesmo quando não há sintomas aparentes. “Como toda dieta restritiva, o paciente necessita do acompanhamento de um nutricionista para entender quais são as alternativas para suprir as comidas que deverão ser eliminadas da dieta”, completa Márcia.