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Treinos relâmpagos para a São Silvestre não são para todos: veja os riscos

Preparo físico adequado e avaliação médica prévia são cuidados necessários para não queimar a largada e passar a virada do ano com lesões

Por Ana Paula Ferreira
20 dez 2023, 13h03
Médico explica por que não fazer treinos relâmpagos para a São Silvestre  (Freepik/Divulgação)
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A chegada do fim de ano traz algumas tradições de volta, tais como as reuniões entre amigos, a lentilha no jantar de ano novo e, para alguns, a vontade repentina de correr a São Silvestre mesmo sem preparo físico para a maratona.

O que acontece, nesse caso, é que muitas dessas pessoas não praticam esportes e tomam a decisão de se aventurar com poucas semanas de antecedência, com treinos amadores na esteira ou na rua com a esperança de ganhar fôlego para completar a prova de 15km.

“Não é recomendado que uma pessoa sedentária faça uma prova como essa, que acontece sob o sol do verão e com trechos difíceis até para atletas profissionais”, afirma Avner Teixeira, médico do esporte responsável pelo Ambulatório de Corrida do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE).

Riscos dos treinos relâmpagos para a São Silvestre

“O risco de saúde é algo individual que depende de vários fatores. Neste caso, a falta de preparo físico com certeza expõe a pessoa a um maior risco de lesão muscular e tendínea devido à sobrecarga não habitual gerada pelo exercício, além do risco de morte súbita causado por problemas cardíacos preexistentes que muitas vezes são desconhecidos”, alerta o médico.

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Embora pareçam exagerados, os casos de morte súbita não são raros e, segundo dados da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac), a emergência médica causa mais de 300 mil falecimentos por ano no país, por motivos diversos. Por isso, é fundamental realizar uma avaliação médica adequada antes de se lançar no mundo da corrida para avaliar os potenciais riscos e entender quais são as recomendações.

De acordo com Teixeira, durante a consulta o paciente deve responder um questionário de saúde, chamado anamnese, que é uma conversa com o médico para que ele conheça seus hábitos e histórico de saúde, incluindo doenças preexistentes, além de passar por um exame físico.

É fundamental relatar tudo, incluindo dores e desconfortos, para que as orientações sejam direcionadas da melhor forma possível. De forma geral, a pessoa sairá do consultório com a solicitação de pelo menos um eletrocardiograma (ECG) para identificar alguma alteração no funcionamento cardíaco e alguns exames laboratoriais de acordo com a necessidade individual, sempre de olho na faixa etária também.

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Após essa etapa, o aspirante a corredor deve procurar um educador físico para que o oriente sobre os treinos, que sempre devem ser realizado respeitando os limites físicos do corpo. No caso de uma pessoa sedentária sem grandes complicações de saúde, o tempo médio de preparação para uma prova como a São Silvestre deve ser de pelo menos seis meses.  Há pessoas que evoluem de forma mais rápida enquanto outras levam mais tempo, o que não deve se perder de vista é que a evolução física seja feita de gradual, com foco na saúde e não apenas no desempenho. Orientações sobre a alimentação, hidratação e sono também são feitas.

Vale lembrar que, no caso da corrida, o fortalecimento muscular é parte importante do processo. “A musculação não isenta ninguém do risco de lesões musculares e nos tendões durante os treinos, mas reduz seu risco ao preparar os músculos do corpo para receber todo o impacto que ele sofre, além de torná-lo mais potente para a corrida e para lidar com o estresse pós-prova”, explica o Dr. Avner.

O médico ainda tem uma última recomendação: “Os sedentários que resolveram se animar para a corrida do próximo dia 31 devem avaliar os riscos e recalcular a rota para passar uma virada de ano tranquila, sem queimar a largada com sustos ou machucados. Minha dica é ir com calma e se preparar de forma adequada ao longo de 2024 para a prova do ano que vem”.

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