Escolher tênis adequados para a prática de corrida ajuda a evitar lesões.
Foto: Caio Mello
1. Por que tanta gente se queixa do joelho?
O exercício físico que seria benéfico pode se tornar nocivo se houver exagero ou se o corpo não estiver preparado para o esforço. “Nem todo joelho aguenta sobrecarga”, alerta o ortopedista Geraldo Granata Junior, diretor do CTJ – Centro de Tratamento do Joelho, em São Paulo, e membro do Grupo do Joelho da Escola Paulista de Medicina/Unifesp. “O desrespeito aos limites individuais favorece lesões e processos inflamatórios.”
2. Quem é mais vulnerável?
Nem sempre as peças que integram o joelho são formadas perfeitamente, e elas apresentam desvios, por isso há pessoas que já nascem com problemas. O treino mal orientado também pode fazer com que um lado se desenvolva mais do que o outro. Em ambos os casos, quando a articulação é submetida à sobrecarga, tanto na academia quanto no cotidiano, surge um processo inflamatório.
3. A dor pode ser decorrente de desgaste?
Às vezes, sim – e não só em idosos. Jovens também podem sofrer de condromalácia, desgaste da cartilagem da patela (o osso na parte frontal do joelho). No grau 1, ocorre o amolecimento dessa estrutura. No mais grave, o 4, a cartilagem praticamente desaparece e osso fica atritando com osso. Para quem tem o quadro, ficar muito tempo sentado provoca uma pressão na área desgastada, o que causa dor. Daí a importância de fazer alongamentos periódicos. Também na condromalácia, os principais desencadeantes são exercícios exagerados ou praticados por sedentários sem o devido condicionamento físico.
4. Quais os movimentos mais perigosos?
Os que exigem hiperflexão da articulação podem danificar o menisco, cartilagem em formato de C nas laterais do joelho, que serve para amortecer o impacto. Os agachamentos também são vistos com cuidado porque a articulação é submetida à grande flexão e depois estendida repetidas vezes. Ainda pior é um movimento que ocorre mais no futebol: os pés permanecem fixos no chão (presos pela chuteira), mas o quadril e os joelhos giram para um lado. Segundo Geraldo Granata, a probabilidade de lesão é muito grande.
5. Por que estar acima do peso atrapalha?
Há um aumento no risco de inflamações nos tendões, pois o joelho tem que arcar com uma carga maior, e tendões mal condicionados talvez não suportem a demanda. Além disso, gordinhos são mais suscetíveis às lesões no menisco a ponto de rasgá-lo até em situações prosaicas, por exemplo, ao agachar para ligar o plugue na tomada. Imagina, então, se vierem a realizar movimentos que flexionam e estendem ao máximo a articulação. Por isso, a programação de exercícios para quem está acima do peso tem que ser mais cautelosa.
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6. Obesos nunca podem fazer agachamento?
“Não devem”, diz o ortopedista. “Mas, se houver o controle da dieta para a perda de peso e, principalmente, um bom condicionamento da coxa e da perna, com exercícios bem orientados de fortalecimento e alongamento dos músculos e dos tendões, pode ser que a articulação passe a responder melhor e tolere o movimento sem produzir inflamações e desgastes. Depois disso, talvez seja possível incluir agachamentos no treino.”
7. O que fazer se o joelho incomoda?
Procurar um médico o quanto antes para pesquisar a origem da queixa e indicar o tratamento. Remédios ajudam a reduzir o processo inflamatório e a fisioterapia colabora para fortalecer as estruturas. A musculatura precisa de, pelo menos, uma semana de descanso. Havendo desgaste, medicamentos orais, como glucosamina e condroitina, beneficiam a cartilagem. A viscossuplementação (injeção de um gel dentro do joelho) aumenta a viscosidade no local. “É como colocar óleo numa engrenagem”, compara o médico. Também é preciso rever os hábitos e a prática de exercícios físicos.
8. Compressa fria ou quente para aliviar a dor?
Depende. Se for um trauma, bateu o joelho, coloque gelo. Frio é melhor nos processos inflamatórios. Já no caso de desgaste, a compressa deve ser quente, pois o frio aumenta a dor.
9. Como prevenir problemas?
Evitar movimentos lesivos, sobretudo se não tiver efetuado um fortalecimento prévio da coxa. Ao usar aparelhos da academia, como leg-press e cadeiras extensora e flexora, fazer movimentos mais curtos, fugindo dos dois extremos: o máximo de flexão e a extensão total. Regular o banco da bicicleta para não dobrar demais os joelhos nem estendê-los totalmente. Se quiser correr, comece caminhando e aumente a intensidade aos poucos. E, de preferência, conte com a orientação de um profissional de educação física experiente.