Meia Maratona do Rio: confira o depoimento emocionante de quem correu
Yara Achôa, editora de fitness e comportamento da BOA FORMA, participou da prova e contou como foi. Inspire-se!
Por Redação M de Mulher
Atualizado em 28 out 2016, 04h02 - Publicado em 30 jul 2014, 22h00
Foto: Arquivo pessoal
Yara Achôa ama correr e costuma participar das principais provas que acontecem. Na Meia Maratona do Rio, ela não é estreante – mas cada corrida é uma corrida. O depoimento dela sobre a prova, que aconteceu no domingo, dia 27 de julho, você confere aqui:
“A Meia Maratona do Rio, que faz parte do evento Maratona da Cidade do Rio de Janeiro, é uma das minhas provas favoritas – acho que já fiz umas quatro vezes. Mas um ano nunca é igual ao outro. Desta vez, por exemplo, encontramos um Rio de Janeiro cinzento, nublado e até frio – típico clima paulistano roubando um pouco da beleza da Cidade Maravilhosa. Em compensação, perfeito para correr.
Minha estratégia, traçada em conjunto com meu treinador, era correr em ritmo firme, com o objetivo de baixar o tempo da última meia maratona que eu havia feito (em fevereiro, em São Paulo, em 2h11m). Estava animada! E seria tranquilo, não fosse a forte gripe que quase me derrubou na semana anterior. As pernas estavam ok, a cabeça confiante, mas o pulmão…
Com a largada (na Praia do Pepê, Barra da Tijuca) e a adrenalina a mil, o peito passou a ‘apitar’ mostrando resquícios da gripe. Ao mesmo tempo, com o clima super úmido, comecei a transpirar como nunca – o que achei estranho e me preocupou um pouco. Mas eu fui administrando a situação e pararia caso não me sentisse bem.
Com tudo isso, embora estivesse mantendo um ritmo regular, até o quilômetro 3 ainda não havia me encontrado na prova. Precisava me sentir confortável – e queria que isso acontecesse logo.
Estava focada no meu corpo, atenta a seus sinais. De vez em quando fazia um ‘check-up’ mentalmente. Onde dói? O peito? Bom, vamos concentrar energia no peito para que o desconforto vá embora… Onde dói? O tendão? Um pouco de luz para essa região…
E lá ia eu tentando melhorar energeticamente. Lá pelo quilômetro 4, depois de passar um posto de hidratação, um casal que também estava correndo me ofereceu um saquinho de isotônico.
(o rapaz) – ‘Moça, quer isotônico? Ainda está fechado.’
Na hora, meu pensamento foi: ‘caramba, não posso fazer feio, preciso apertar o passo…’ E arrumei minha postura e tratei de melhorar o ritmo. Parece que isso teve um efeito benéfico, porque logo depois passei a me sentir melhor, mantendo um ritmo bem regular por quilômetro.
Havia placas de quilometragem da maratona pelo caminho (o percurso das duas provas a partir de um determinado ponto é o mesmo) e, como no ano passado eu havia encarado os 42K no Rio lembrei o tempo todo da prova de 2013, procurando memórias das dores e das delícias daquela corrida.
A UpHill veio novamente à minha cabeça durante a subidinha da Avenida Niemeyer. Mas quem havia subido a Serra do Rio do Rastro (SC) não haveria de se apertar com aquela ‘rampa’. É claro que o ritmo caiu um pouco, mas encarei o trecho com tranquilidade.
Logo estávamos descendo rumo ao Leblon. Passei pelo quilômetro 10 com 1h01m – tempo era mais alto do que eu queria, mas ainda super dentro da meta de baixar minha última marca na distância.
A paisagem não estava linda, não havia público na rua, não tinha muito com o que me distrair. E, com uma bolha me incomodando o pé direito, também não conseguia pensar em nada. Só me restava correr, correr, correr…
Lá pelo quilômetro 17, em Copacabana, a bolha começou a incomodar mais, os tendões dos dois calcanhares doíam, o peito voltou a apitar. Sabia que faltava pouco, mas eu já tinha corrido muito… Então, virei para mim mesma e disse: ‘Pode parar de frescura. É tudo suportável. Para de mimimi e termina logo.’ Dali em diante era só manter o ritmo confortável e concluir.
Eis que no final do quilômetro 19, em Botafogo, encontrei uma amiga – a Adriana. Vi que ela vinha forte, disse ‘oi’ e desejei bom final de prova. Mas ela respondeu: ‘vem comigo, preciso de companhia!’
Eu já estava ‘sossegada’, indo naquele ritmo tranquilo para fechar a prova. Até esbocei uma reação de correr mais forte, mas disse para ela: ‘vai lá, eu não vou aguentar.’ Ela insistiu: ‘vai sim, vamos juntas’.
Pensei: ‘caramba, então lá vamos nós fazer força!’ Sabe aquela amiga que aparece nos momentos em que sua vida está morna e dá uma sacudida, dizendo que você pode e merece mais? Foi tipo isso. E foi tão legal… De repente estávamos as duas quase que apostando corrida uma com a outra, frenéticas, indo cada vez mais rápido. Foram os dois quilômetros mais rápidos da minha prova – baixei 30 segundos do ritmo que eu vinha anteriormente em cada um.
À esquerda, Yara e Adriana em 2006 e, à direita, as duas juntas este ano, na Meia Maratona do Rio
Foto: Arquivo Pessoal
O mais engraçado desse lance com a Adriana é que eu tenho uma foto com ela ao meu lado, de oito anos atrás (quando corri minha primeira prova no Rio), mais ou menos nesse ponto em que a gente se encontrou agora. Só que naquela época a gente não se conhecida… Com o pouco de fôlego que ainda me restava, lembrei dessa história e demos risada. Cruzamos a linha de chegada felizes!
Fechei com o tempo de 2h07m – um minuto a mais do que eu queria, mas dentro da meta estipulada de baixar de 2h11m. E a Adriana também diminuiu o tempo dela.
Agora é continuar treinando para evoluir – até porque a meta principal do ano é correr uma maratona daqui dois meses. Foco, força, fé e um passo na frente do outro!”