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5 estudos sobre se exercitar que mostram por que você deve começar já

Se exercitar previne doenças hepáticas, protege de consequências metabólicas do envelhecimento, e até regulam expressão de genes que ajudam a manter a saúde

Por Claudia Amoroso
Atualizado em 21 out 2024, 16h41 - Publicado em 19 fev 2022, 10h00
mulher negra se alongando
 (Jonathan Borba/Pexels)
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É só começar. Todo ano o exercício físico está na lista de prioridades, mas é sempre adiado. Antes mesmo de pensar em “projeto 2022”, é necessário entender que a atividade física está envolvida em uma série de benefícios para a saúde humana, desde a prevenção de doenças hepáticas e metabólicas, até a melhora do humor e tratamento da ansiedade.

“A prática de exercícios físicos aumenta o fluxo da circulação do sangue e melhora o retorno venoso com a finalidade de levar oxigênio às células dos músculos e tecidos próximos. Assim como o sangue chega nos membros inferiores, ele precisa retornar ao coração para ser bombeado novamente. Além de contribuir para a queima de gordura, o exercício ajuda a desenvolver os músculos e fortalecer o sistema imunológico”, explica a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.

Abaixo, especialistas destacam a importância da prática, com base nos 5 grandes últimos estudos sobre exercícios físicos:

1

Exercício físico previne desenvolvimento de doenças hepáticas

Um estudo alemão recente, publicado no final de dezembro na revista Molecular Metabolism, destaca que o exercício físico também pode prevenir o desenvolvimento de fígado gorduroso e doenças hepáticas. “O trabalho mostra quais adaptações moleculares, em particular das mitocôndrias hepáticas, podem ser observadas neste processo. As mitocôndrias são consideradas o pulmão das células. A sua tarefa é disponibilizar energia para a célula, o que ocorre por meio da respiração celular. Este é um processo metabólico no qual a energia é obtida a partir da glicose e outras substâncias orgânicas, por reações químicas, que resultam em trifosfato de adenosina, ou ATP. Esta é a molécula de energia mais importante do corpo. As mitocôndrias são, portanto, também consideradas as usinas de energia da célula. O estudo demonstrou que o estímulo das mitocôndrias isoladas do fígado, que ocorre por meio dos exercícios físicos, é especialmente benéfico para reduzir o armazenamento de gordura no órgão, o que diminui os riscos de doenças hepáticas”, explica a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, professora e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).

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2

E protege contra consequências do envelhecimento no metabolismo

Você provavelmente já ouviu falar que pessoas que praticam atividade física envelhecem de forma mais saudável – e um estudo australiano recente, publicado em dezembro na Science Advances, descobriu a chave que explica porque o exercício melhora a nossa saúde e protege contra consequências do envelhecimento na saúde metabólica, incluindo o diabetes tipo 2. “Os cientistas descobriram enzimas que podem evitar doenças metabólicas e elas são produzidas com o exercício físico. A descoberta abre a possibilidade do desenvolvimento de medicamentos para promover a mesma atividade dessa enzima”, conta o geneticista Dr. Marcelo Sady, Pós-Doutor em Genética e diretor geral Multigene. O estudo foi realizado pela Monash University, uma universidade pública de pesquisa sediada em Melbourne, na Austrália. O estudo é extremamente importante, segundo o geneticista, uma vez que a proporção de pessoas em todo o mundo com mais de 60 anos dobrará nas próximas três décadas.

3

Apenas 10 minutos de corrida moderada já beneficiam o cérebro

Você já certamente ouviu falar que correr é um esporte maravilhoso para o coração e a circulação das pernas, além de trazer benefícios para a pele e até para o cérebro. Recentemente, um estudo da Universidade de Tsukuba (Japão) descobriu que não é preciso muito tempo de corrida para beneficiar a saúde mental: apenas 10 minutos de corrida de intensidade moderada aumentam o fluxo sanguíneo local no córtex pré-frontal bilateral – a parte do cérebro que desempenha um papel importante no controle do humor e das funções executivas. Esses achados podem contribuir para o desenvolvimento de uma gama mais ampla de recomendações de tratamento para beneficiar a saúde mental. “O exercício melhora o fluxo sanguíneo e protege a memória; estimula mudanças químicas no cérebro que apuram o aprendizado, o humor e o pensamento. O exercício mantém suas habilidades de raciocínio afiadas. Além de aperfeiçoar a saúde do coração, exercícios regulares de resistência, como correr, nadar ou andar de bicicleta, também podem promover o crescimento de novas células cerebrais e preservar as células cerebrais existentes”, diz o Dr. Gabriel Novaes de Rezende Batistella, médico neurologista e neuro-oncologista, membro da Society for Neuro-Oncology Latin America (SNOLA). O estudo foi publicado no final de novembro na Scientific Reports, publicação do periódico Nature. “A forma e a eficiência únicas da corrida humana, que inclui a capacidade de sustentar esse esforço, estão intimamente ligados ao sucesso evolutivo dos humanos”, destaca o estudo. O neuro-oncologista concorda: “Correr pode criar novos neurônios, ajudando o organismo a envelhecer com saúde”, diz o Dr. Gabriel.

4
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Exercícios físicos também ajudam a tratar ansiedade, inclusive crônica

Os exercícios moderados e extenuantes aliviam os sintomas de ansiedade, mesmo quando o distúrbio é crônico, mostra um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Gotemburgo. O estudo publicado na edição de janeiro do Journal of Affective Disorders é baseado em acompanhamento com 286 pacientes com síndrome de ansiedade. “Os resultados mostram que seus sintomas de ansiedade foram significativamente aliviados, mesmo quando a ansiedade era uma condição crônica, em comparação com um grupo de controle que recebeu aconselhamento sobre atividade física de acordo com as recomendações de saúde pública. Os tratamentos padrão de hoje para a ansiedade são a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e o tratamento farmacológico, mas o estudo mostra que a adoção de hábitos saudáveis pode melhorar o tratamento”, explica a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez. “A atividade física regular diminui o risco de vários distúrbios comuns, inclusive condições neurológicas, ajudando a tratá-la”, explica o geneticista. “A liberação de endorfina por meio dos exercícios gera reações de euforia e bem-estar, que também ajudam a manter o humor”, completa o neuro-oncologista Dr. Gabriel Batistella.

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6 semanas de exercício físico já melhoram a saúde por meio de mudanças no DNA

Embora seja amplamente conhecido que o exercício físico regular diminui o risco de praticamente todas as doenças crônicas, os mecanismos com os quais isso acontece ainda não eram conhecidos. Em um estudo de agosto do ano passado, cientistas da Universidade de Copenhague descobriram que os efeitos benéficos do exercício físico podem resultar em parte de mudanças na estrutura de nosso DNA. “Essas alterações são chamadas de ‘epigenéticas’. O DNA é o manual de instruções molecular encontrado em todas as nossas células. Algumas seções de nosso DNA são genes, que são instruções para construir proteínas – os blocos de construção do corpo – enquanto outras seções são chamadas de intensificadores que regulam quais genes são ligados ou desligados, quando e em que tecido. Os cientistas descobriram, pela primeira vez, que os exercícios religam os intensificadores em regiões de nosso DNA que são conhecidas por estarem associadas ao risco de desenvolver doenças. Ou seja, o treinamento de resistência altera a atividade de intensificadores no tecido muscular, que por sua vez regula a expressão de genes que contribuem para o efeito positivo do exercício na saúde humana”, explica o geneticista Dr. Marcelo Sady. O trabalho foi publicado em agosto no periódico Molecular Metabolism.

Foi convencido de que o melhor é começar? “Os estudos são uma importante contribuição para que possamos entender o papel do estilo de vida e da adoção de hábitos saudáveis com objetivo de prevenir doenças”, finaliza o geneticista Dr. Marcelo Sady.

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