Que a prática de atividades físicas reduz o risco de diversas doenças você já sabe. Mas agora, um estudo inédito do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) apontou quantos casos de cânceres de mama na pós-menopausa e de cólon (os mais comuns no país) seriam reduzidos somente com exercícios: cerca de 10 mil por ano apenas no Brasil! Para isso, a gente teria que treinar cinco horas por dia – valor máximo encontrado em 6% dos participantes do levantamento.
Porém, como essa quantidade não é realista para a maioria de nós, os pesquisadores decidiram calcular um valor mais atingível e concluíram que, se cada pessoa fizesse 150 minutos de exercícios por semana, seriam evitados 2.300 casos de câncer por ano. O problema é que quase metade da população brasileira não segue essa rotina, que, inclusive, é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os dados da investigação, feita em parceria com as universidades de Harvard (EUA), Cambridge (Inglaterra) e Queensland (Austrália), são resultado de um cruzamento entre número de ocorrências dos dois tipos da doença com as infromações da última Pesquisa Nacional de Saúde, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2013.
Para se ter uma ideia, se as brasileiras treinassem tanto quanto a média dos homens, poderíamos reduzir 500 ocorrências da doença anualmente. E olha que esses valores são subestimados, já que levantamentos mais recentes também relacionam a quantidade de exercícios à redução de outros 13 tipos de câncer, além de doenças crônicas. Ou seja, muito mais saúde!
Como a atividade física previne o câncer?
A pesquisa usou alguns mecanismos para explicar a relação entre a doença e os exercícios. “A principal é a redução do excesso de peso e da obesidade, que está ligada à quantidade de gordura visceral [presente nos órgãos]”, diz Leandro Rezende, doutorando no Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP e um dos autores do estudo.
Ao praticar atividades físicas e emagrecer, conseguimos reduzir a inflamação no corpo, controlar o nível de insulina e melhorar a imunidade. Além disso, um outro estudo realizado no Canadá explica que as células cancerígenas se concentram no tecido adiposo em alguns tipos da doença, como no câncer de mama. Por isso, quanto menor a porcentagem de gordura, menor é o risco.
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Segundo Leandro, a intenção dos pesquisadores foi incentivar políticas públicas a favor da atividade física, como a melhoria de espaços urbanos e até dos transportes públicos, para que as pessoas tenham o hábito de caminhar com mais frequência. Assim, mesmo quem não costuma treinar na academia poderia se proteger melhor do câncer.