As causas da vermelhidão na pele são diversas. “De hábitos de vida a coisas totalmente fora do seu controle, há muitos suspeitos usuais (e possíveis soluções) quando se trata de manchas rosadas ou rubor não tão sutil. A própria exposição ambiental (sol e poluição, por exemplo) pode ser um causador da irritação e da vermelhidão”, explica a Dra. Ana Maria Pellegrini, dermatologista e responsável técnica da clínica PELLE.
Segundo ela, em algumas pessoas, essa vermelhidão pode aparecer quando se sentem envergonhadas ou entusiasmados, como em um treino exaustivo. Mas, também existem manchas rosas ou escarlates mais intrigantes que, aparentemente, surgem do nada, e permanecem por muito mais tempo do que gostaríamos.
Por esse motivo, ao notar a vermelhidão na pele, a principal recomendação é procurar um dermatologista, que vai identificar o que realmente está causando o problema. “A pele, quando fica avermelhada, pode estar mais irritada, sensível e suscetível aos danos ambientais. Então, é necessário tratar adequadamente, com a orientação de um médico”, destaca.
A seguir, confira algumas das causas mais comuns da vermelhidão na pele:
1Exposição frequente ao sol
A exposição ao sol sem a devida proteção pode levar a queimaduras, desencadeando vermelhidão, descamação e coceira. “Mesmo a exposição moderada ao sol, no entanto, pode deixar sua pele com um tom rosado. Isso ocorre porque, com o tempo, a exposição aos raios UV pode destruir o colágeno, a elastina e outras estruturas do nosso corpo que ajudam a sustentar a pele. E, em resposta a esse dano, os vasos sanguíneos dilatam-se (ou alargam-se) para trazer fluxo de sangue para a área”, afirma.
“E, após vários casos de exposição UV desprotegida, esses vasos sanguíneos (ou capilares) podem ficar muito danificados e ter mais dificuldade em se contrair novamente, o que pode levar a um rubor mais persistente a longo prazo”, completa a Dra. Ana.
Para lidar com queimaduras ou bolhas mais graves, hidratantes com ativos calmantes como aloe vera ou calamina podem proporcionar o alívio imediato. Porém, o melhor remédio é a prevenção: “Use protetor solar diariamente. Esse produto deve ter FPS de no mínimo 30 e ser reaplicado a cada duas horas em exposição direta”, orienta.
2Mudanças extremas de temperatura
Situações em que ocorre o “choque térmico” podem fazer com que o rosto fique vermelho. No entanto, nesses casos, a vermelhidão desaparece naturalmente à medida que o corpo se ajusta ao novo ambiente.
“Quando o corpo fica subitamente mais quente (por causa do sol, de um aquecedor interno ou de um treino intenso, talvez), os vasos sanguíneos na superfície da pele se expandem para liberar um pouco desse calor e resfriá-lo – o que pode fazer com que você pareça mais ‘corado’. Se você experimentar o oposto – passar de um ambiente quente para um ambiente frio – seus vasos sanguíneos se contraem para minimizar a perda de calor. Essa mudança repentina na circulação também pode levar temporariamente a rubor ou vermelhidão”, detalha a dermatologista.
3Alimentos e bebidas
O que você come ou bebe pode afetar a sua pele – pelo menos temporariamente. “Por exemplo, o álcool dilata os vasos sanguíneos. Essa resposta de vasodilatação pode causar vermelhidão na pele – e é por isso que suas bochechas podem ficar meio quentes ou coradas depois de tomar algumas doses de tequila”.
Da mesma forma, qualquer coisa picante que contenha capsaicina (um composto encontrado na pimenta e nos molhos picantes) pode desencadear uma resposta inflamatória na pele e provocar vermelhidão, contribuindo até mesmo para surtos de rosácea (uma condição dermatológica que tem entre seus sintomas as manchas avermelhadas).
“Qualquer rubor resultante de uma taça de vinho ou uma comida mais apimentada é de curta duração, mas se for algo que te preocupa, tente não sobrecarregar”.
4Rosácea
Se a sua vermelhidão na pele é persistente, você pode ter uma doença crônica e inflamatória chamada rosácea. “Embora os especialistas ainda não saibam a causa exata, a genética, juntamente com os gatilhos ambientais podem deixar a pele de algumas pessoas vermelha, com sensação de queimação, ardência ou coceira. Na rosácea tipo 2 (um subtipo da doença), espinhas, pústulas e/ou pápulas inflamadas que não respondem aos tratamentos típicos da acne também fazem parte do problema”, destaca.
“Pessoas com rosácea também tendem a ter pele muito sensível, por isso são muito mais propensas a desenvolver irritações ou reações alérgicas a produtos comuns para a pele”, completa.
Vale lembrar que, apesar de não existir uma cura para essa condição, existem medidas que podem auxiliar na redução da frequência dos surtos e no alívio de outros sintomas.
“Evitar gatilhos comuns, como luz solar excessiva, alimentos picantes ou vinho tinto pode ajudar. Tratamentos anti-inflamatórios, recomendados pelo médico, também controlam o problema. Em consultório, podemos tratar os sintomas com lasers, que podem aquecer a hemoglobina [ou pigmento] nos vasos sanguíneos e reduzi-los com o tempo”, aponta.
Sensibilidade a ingredientes tópicos
Existem vários ativos que são especialmente indicados para controlar um problema, por exemplo, o peróxido de benzoíla e o ácido salicílico para acne, que podem ser fortes demais para alguns pacientes, levando à vermelhidão.
“Muitos desses ingredientes agressivos podem causar vermelhidão ao remover a barreira de hidratação, a camada externa protetora da pele, que retém a hidratação e mantém afastados alérgenos irritantes, bactérias nocivas e poluentes. Uma vez que essa barreira seja comprometida, seu rosto pode se tornar mais suscetível ao ressecamento (por meio da perda de água), sensibilidade e irritação. Ingredientes fortes como retinóides, beta-hidroxiácidos (BHAs) ou peelings químicos podem ser incluídos na lista”, diz a médica.
Por isso, enquanto você estiver fazendo tratamentos com esses ingredientes, a Dra. Ana recomenda priorizar sabonetes de limpeza mais suaves e hidratantes, como aqueles desenvolvidos com niacinamida, ceramidas e aloe vera.
6Reação alérgica/Dermatite de contato
Em geral, dermatite é um termo amplo que se refere à inflamação da pele. “A dermatite de contato, especificamente, ocorre quando algo a que sua pele é exposta causa uma irritação simples (no caso de dermatite de contato irritante) ou uma reação alérgica (dermatite alérgica de contato)”, inicia.
“Se um determinado produto desencadeia dermatite de contato irritante, isso quer dizer que ele está incomodando fisicamente a barreira da pele. Mais comumente, você sentirá secura, vermelhidão, coceira e descamação após usar o produto problemático. Os possíveis culpados incluem peróxido de benzoíla, ácido salicílico ou fragrâncias adicionadas à fórmula”, completa a Dra. Ana Maria Pellegrini.
A dermatite alérgica de contato, por sua vez, significa que um produto está desencadeando uma resposta do seu sistema imunológico para combater uma ameaça percebida, sendo que sintomas como manchas e coceira podem se manifestar um ou dois dias após a exposição ao alérgeno. “Se você acha que sabe o que causou sua reação alérgica, retire-o de sua vida pelos próximos dias e veja se os sintomas melhoram”.
Na maioria das vezes, as formas de dermatite de contato se resolvem sozinhas assim que a pessoa para de usar o produto causador. Entretanto, se houver dificuldades para identificá-lo, o melhor é consultar um dermatologista, que pode solicitar um teste de alergia ou receitar cremes corticosteroides tópicos para dermatite de contato irritante, de acordo com a especialista.
7Dermatite seborreica
Considerada uma forma de eczema, a dermatite seborreica gera uma erupção na pele com coceira (às vezes vermelha) e descamação. “É semelhante à caspa, exceto que também pode aparecer no rosto. Mas, ao contrário dos pequenos flocos do couro cabeludo, a dermatite seborreica também envolve inflamação e inchaço”.
Os mecanismos exatos por trás desse problema dermatológico ainda não são totalmente compreendidos, porém “pesquisadores afirmam que é uma reação inflamatória ao crescimento da levedura Malassezia, encontrada em áreas com alta atividade de glândulas sebáceas”.
Outra característica dos surtos de dermatite seborreica é que eles geralmente são irregulares e acometem principalmente o centro da testa, as sobrancelhas e a região da boca (ou barba). Portanto, essa condição não costuma ser a culpada quando o paciente apresenta bochechas vermelhas, por exemplo, ou erupção no pescoço.
“O tratamento mais comum é um creme antifúngico prescrito pelo seu médico. No cabelo, um shampoo anticaspa também pode ajudar, desde que contenha propriedades antifúngicas como o cetoconazol”, finaliza.