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Transtorno dismórfico: a busca pela beleza como obsessão

A busca pela beleza pode ser nociva para algumas pessoas, a ponto de se tornar um transtorno psiquiátrico

Por Danillo Cassio
6 jan 2023, 09h55
Transtorno dismórfico
Você passa tempo demais de olhando no espelho? (Lisa Fotios/Pexels)
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No Brasil, diversas cirurgias plásticas e estéticas, invasivas e não invasivas, são realizadas anualmente. O número não deixa de crescer, o que garantiu ao país o topo do ranking mundial quando o assunto são as intervenções. Cada paciente possui uma razão para querer realizar um procedimento. No geral, a causa mais comum é a autoestima baixa, que provoca um grande descontentamento com relação à aparência física. Entretanto, existem casos onde a busca pela aparência dos sonhos torna-se exagerada e as autocobranças passam a ser excessivas, podendo se falar, inclusive, em transtorno dismórfico.

Essa situação é mais comum do que se pensa e atinge até mesmo personalidades famosas, como Megan Fox e Shawn Mendes, que já falaram publicamente sobre o tema.

O QUE É O TRANSTORNO DISMÓRFICO

O transtorno dismórfico, também conhecido como TDC, é um transtorno psicológico que leva a pessoa a enxergar seu corpo e sua imagem pessoal de forma distorcida.

Essa condição pode surgir desde a infância, sendo mais comum na adolescência e entre o público feminino. Há estudos que afirmam que 2% das pessoas desenvolverão esse transtorno em algum momento da vida.

Em muito ele se relaciona com a baixa autoestima e pode desencadear outras doenças psiquiátricas, como a anorexia, a bulimia e até mesmo a depressão.

Essa preocupação em excesso com a aparência é capaz de gerar profundo sofrimento a vítima, interferindo negativamente em diversos aspectos da vida, como o pessoal, o profissional, o acadêmico e o amoroso, já que normalmente há isolamento do paciente.

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QUAIS SÃO OS SINTOMAS DO TRANSTORNO DISMÓRFICO?

Os pacientes que possuem transtorno dismórfico corporal sentem incômodos físicos relacionados a sua aparência e buscam soluções em cirurgias plástica, dermatologistas, dentistas e outros.

Infelizmente, para essas pessoas, a busca pela aparência ideal torna-se uma verdadeira obsessão, de forma que sempre exista um incômodo.

Assim, surge a necessidade de realizar cirurgias plásticas uma em seguida da outra. Atrelado a isso, há ainda alguns comportamentos compulsivos, como por exemplo:

  • · Conferir a aparência constantemente no espelho para verificar os defeitos e as imperfeições;
  • · Cuidar da pele de em excesso;
  • · Lavar e escovar os cabelos diversas vezes por dia;
  • · Comparar-se exageradamente com outras pessoas.

Pode não parecer, mas este transtorno é extremamente grave e as pessoas tendem a deixar de sair e se relacionar e em casos ainda mais complicados, os pacientes chegam a tirar a própria vida.

EXISTEM MUITOS BRASILEIROS COM ESSE TRANSTORNO?

Como já mencionamos anteriormente, cerca de 2% da população mundial sofre com o transtorno dismórfico corporal.

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No Brasil, o cenário não é diferente. Segundo estudos, aproximadamente 4,1 milhões de pessoas também são diagnosticadas com o TDC, o que é bem alarmante.

COMO SABER SE TENHO ESSE TRANSTORNO?

Os cuidados com a aparência física são normais e a maioria das pessoas se preocupa e tende a adotar alguma forma de estar melhor, ainda mais com a influência que sofremos diariamente das redes sociais.

Contudo, há um limite para que tais cuidados sejam considerados saudáveis. Quando existe uma preocupação em excesso, pode existir o transtorno dismórfico.

As pessoas diagnosticadas tendem a rejeitar e odiar a própria aparência, passam boa parte do seu dia preocupadas e refletindo sobre os incômodos, além de achar que estão sendo constantemente observadas e julgadas pelos outros.

Os portadores tendem a verificar o visual constantemente no espelho ou até terem medo de encarar o objeto.

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É muito comum, também, que a pessoa passe a se submeter a algumas situações inadequadas, como é o caso de:

  • · Dietas inadequadas;
  • · Uso de medicamento inibidores de apetite sem prescrição médica;
  • · Vômitos forçados após as refeições;
  • · Exercícios físicos em excesso;
  • · Realização de diversas cirurgias plásticas.

As principais queixas, além do peso corporal e da definição da musculatura, são relacionadas ao rosto. As partes mais comuns são:

  • · Olhos;
  • · Nariz;
  • · Lábios;
  • · Queixo;
  • · Pele;
  • · Cabelo.

Ainda, há quem se preocupe também com os odores corporais, como o cheiro de suor das axilas e dos pés e o mau hálito.

COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO

O primeiro passo para identificar o problema é se questionando sobre o quanto a aparência é um incômodo em sua vida e o quanto essa preocupação interfere em seu cotidiano.

Porém, assim como em qualquer doença, é necessária uma avaliação com médico especializado para se certificar de que realmente existe o transtorno. Nesse caso, os profissionais indicados são os psiquiatras e os psicólogos.

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EXISTE TRATAMENTO?

Felizmente, existe tratamento e cura para o transtorno dismórfico. É necessário acompanhamento com psiquiatra e psicoterapeuta em sessões de terapia e o uso de medicamentos antidepressivos.

Em casos muito graves do distúrbio, onde a vida do paciente é paralisada, existe até mesmo um auxílio previdenciário do INSS que permite que a pessoa realize o tratamento sem comprometer por completo a sua subsistência.

DIFERENÇA ENTRE DISMORFIA E DISMORFOFOBIA

Em tese, a dismorfia e a dismorfofobia são a mesma doença.

O TDC foi estudado e descrito pela primeira vez no século XIX, pelo italiano Enrico Morselli, que foi nomeado primeiramente como dismorfofobia, sendo uma derivação da palavra gregra “dysmorphia”, que corresponde a feiura.

Contudo, o transtorno não pode ser caracterizado como um medo da feiura, como o sufixo “fobia” sugere. Dessa forma, a 3ª revisão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), tornou o termo “dismorfofobia” inadequado.

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Assim, passou-se a utilizar a palavra “dismorfia”, já que não se trata de uma aversão a feiura, mas sim uma doença de caráter psicológico.

DICAS PARA FICAR BEM CONSIGO MESMO

  • · Não tenha receio de pedir ajuda;
  • · Faça terapia;
  • · Entenda e respeite o tempo do processo de tratamento;
  • · Busque o autoconhecimento;
  • · Faça exercícios físicos com acompanhamento;
  • · Adeque sua alimentação com nutricionista e nutrólogo;
  • · Destine tempo da sua semana a prática de hobbies.

A importância do autocontrole e do bem-estar emocional é de extrema importância para o processo de decisão de cirurgias mais complexas, como a abdominoplastia, a lipoaspiração, entre outras.

Procure um profissional e cuide de você, principalmente de seu psicológico!

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