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Síndrome da caverna: quando o medo de sair de casa não passa com a vacina

O termo, popular entre os médicos, define pessoas que ainda não se sentem seguras para retomar a vida social profissional fora de casa.

Por Marcela De Mingo
16 out 2021, 08h00

A vacinação está completa. Você ainda usa máscaras de proteção ao sair (como há de ser) e tem um vidrinho de álcool em gel na  bolsa. Tudo certo até aí. A questão é: você não quer sair de casa. 

Com a reabertura gradual do comércio e o retorno igualmente cauteloso das atividades pré-pandemia de coronavírus, muita gente percebeu um movimento interno contrário ao que acontecia: mesmo vacinados, não se sentem totalmente seguros para retomar atividades sociais e até profissionais. 

SÍNDROME DA CAVERNA

A condição recebeu um nome pela comunidade médica internacional: síndrome da caverna. Para muitas pessoas que seguiram seriamente a quarentena e passaram quase um ano e meio sem encontrar amigos e trabalhando no sistema home office, retomar a vida fora de casa pode ser um desafio – ao ponto de a vacinação completa não oferecer uma sensação de segurança grande o suficiente para que essas pessoas contornem o medo da infecção por COVID-19.

“As mudanças geradas pela pandemia de coronavírus criaram muito medo e ansiedade por causa do risco de uma doença e da morte, somado às repercussões em várias áreas da vida”, explica a professora de psiquiatria da Universidade de Northwestern, Jacqueline Gollan, à publicação científica Scientific American. “Mesmo que a pessoa esteja vacinada, ela ainda pode encontrar dificuldades para abandonar o medo porque está superestimando o risco e a probabilidade”. 

Um estudo desenvolvido pela American Psychological Association mostrou que 49% dos adultos participantes anteciparam que se sentiriam desconfortáveis ao retornar para interações cara a cara quando a pandemia acabasse. E 48% dos que receberam a vacina disseram se sentir da mesma maneira. 

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Ou seja, se você se sente dessa forma, acredite, esse tem sido um efeito comum da pandemia. No ano passado, pesquisadores da Universidade de British Columbia previram que em torno de 10% da população lidaria com estresse pós-traumático derivado da pandemia. Por ser um acontecimento mundial recente, é difícil saber quais serão os seus efeitos a longo prazo, mas, ao que tudo indica, essa dificuldade de socialização é um deles. 

SOFRO COM ISSO. O QUE FAZER?

O primeiro ponto é compreender que o nome “síndrome da caverna” não caracteriza um diagnóstico oficial. Existem graus diferentes de relutância em sair de casa, e é preciso ter em mente que certo receio é absolutamente comum – afinal, não é simples passar um ano e meio dentro de casa ouvindo notícias sobre números de mortes, taxas de transmissão e formas de contágio. 

Por isso, é importante saber que buscar um profissional de saúde mental é sempre o mais adequado caso você perceba que o seu medo é do tipo incapacitante – ou seja, está apresentando um impacto direto nas suas relações pessoais e profissionais. Pense, por exemplo, em uma situação na qual você não consegue sair de casa para ir a uma reunião presencial de trabalho (com máscara, ventilação e todos vacinados, como deve ser) ou visitar um parente que precisa da sua ajuda. 

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No mais, existem algumas dicas que você pode seguir, segundo contou à CNN o Dr. Alan Teo, professor de psiquiatria da Universidade de Saúde e Ciência de Oregon, nos Estados Unidos. 

Em primeiro lugar, respeite o seu processo. Você não precisa se sentir pressionado pelo que vê nas redes sociais. Busque perceber o que você tem vontade de fazer e o que se sente confortável. Não há problema em recusar convites para fazer coisas que você ainda não se sente seguro em fazer. Você pode, inclusive, oferecer outra sugestão: e se, ao invés de um almoço em um restaurante, vocês darem uma caminhada ao ar livre? 

Em segundo, uma ideia é aumentar o seu nível de contato com as pessoas gradualmente. Ou seja, ao invés de sair logo de cara para um encontro de amigos na casa de alguém, você pode começar com uma caminhada acompanhada, passar para um café com outra pessoa em um espaço aberto e assim por diante…

Retomar a vida social será um processo para todos, por isso, não se cobre tanto ao perceber que a conversação parece truncada ou se você não sabe mais como interagir com as pessoas ao vivo. Todos precisarão se acostumar com esses contatos. 

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