O lipedema foi padronizado como doença no ano de 2022, porém ainda hoje é um problema pouco conhecido pela população e até mesmo pelos médicos, o que atrapalha o diagnóstico e o tratamento.
“Como até pouco tempo o lipedema não era considerado uma doença, a literatura científica sobre seus mecanismos ainda é muita escassa. Dessa forma, a própria comunidade médica ainda está tomando consciência sobre a doença e se capacitando para o tratamento”, explica a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.
De acordo com a médica, muitas vezes, as pacientes com lipedema podem ser descritas como “falsas magras”, pois costumam apresentar uma aparência mais magra na parte superior do corpo em comparação às pernas, que são desproporcionalmente mais grossas. “Em alguns casos, acredita-se que esse é o padrão de corpo familiar, já que o lipedema realmente pode acometer várias mulheres da mesma família, ou seja, não se pensa que pode ser um problema de saúde“, destaca.
Além disso, o lipedema pode ser facilmente confundido com outra condições, como obesidade e celulite, atrasando ainda mais o diagnóstico e colaborando para a evolução do quadro. Para ajudar nessas situações, a especialista listou os principais sinais do lipedema. Confira:
1Acúmulo de gordura desproporcional
O lipedema se caracteriza pelo acúmulo de tecido gorduroso com aumento desproporcional no tamanho dos membros. As áreas mais acometidas são coxas, culotes, quadris e pernas, porém, eventualmente, pode atingir também os braços.
“É importante lembrar que essa doença é sempre simétrica e que pessoas com sobrepeso devem ficar especialmente atentas à ela, uma vez que pode ser difícil notar o aumento dos membros inferiores”, alerta.
2Gordura difícil de ser eliminada
Segundo a Dra. Aline, o lipedema provoca um acúmulo de gordura que é difícil de ser eliminado, mesmo adotando hábitos como dietas e prática de atividade física. “Isso comumente causa grande frustração nas pacientes”, diz.
3Dor ao toque
A dor ao toque é um dos principais sinais do lipedema “Não é incomum que a portadora de lipedema estranhe ao se submeter a uma drenagem linfática ou massagem relaxante, já que experiência, que deveria ser agradável, geralmente é acompanhada de dor e sensibilidade ao toque”, afirma. Aumento da frequência de hematomas espontâneos e maior tendência à retenção de líquido são outros sintomas da doença.
Presença de nódulos
O lipedema também pode desencadear nódulos visíveis na pele, fazendo com que a região acometida tenha um aspecto semelhante à celulite. “Fique atenta também à evolução desses nódulos: se eles crescerem, o tamanho das pernas aumentar e a pele começar a dobrar, como se fosse flácida, provavelmente trata-se de lipedema”.
5Fatores de risco
Indivíduos que apresentam algum dos fatores de risco do problema devem redobrar a atenção aos sinais. “O lipedema é um problema que afeta essencialmente o público feminino. Estima-se que 10% das mulheres sofra com o problema. Além disso, é uma doença genética e comumente atinge várias pessoas da mesma família”, conta a médica.
A Dra. Aline ainda revela que há uma forte correlação entre o distúrbios hormonais e o avanço da doença. Por essa razão, em períodos como puberdade, uso de anticoncepcionais, gestação e menopausa, podem ocorrer uma piora do lipedema,
QUANDO BUSCAR AJUDA MÉDICA?
A cirurgiã vascular aponta que é necessário procurar um médico ao notar a presença de qualquer um desses sinais e, caso suspeite da doença, não hesite em ir atrás de uma segunda opinião.
“Hoje, já existem algumas diretrizes que ajudam os médicos no diagnóstico, mas, por ser uma doença de tratamento multidisciplinar, é necessário que o médico se dedique a estudar o problema e entenda as várias áreas de conhecimento necessárias para direcionar as pacientes de maneira adequada”.
TRATAMENTO
O lipedema consiste em uma doença crônica, isto é, sem cura. No entanto, adotando os cuidados adequados, é possível controlar os sintomas, aliviar o desconforto e evitar a sua evolução. “Um bom tratamento de lipedema começa pelo cirurgião vascular, mas o acompanhamento com nutricionista, fisioterapeuta e, eventualmente, ortopedistas e cirurgiões plásticos também é fundamental”.
O mais recomendado é fazer mudanças no estilo de vida, adotando uma alimentação anti-inflamatória e praticando regularmente exercícios físicos. “Mas, outras medidas devem ser adotadas, como meias de compressão, medicamentos e até mesmo a realização de procedimentos cirúrgicos para a retirada do tecido gorduroso doente, como a lipoaspiração”, conclui.