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Quando a preocupação com a alimentação e o exercício passa dos limites

Cuidar da alimentação, treinar e vigiar a balança são medidas fundamentais para ter energia e ficar em paz com o espelho. Mas, se forem ditadas pelo exagero, deixam de ser saudáveis. Aqui, o que você precisa saber para não passar da conta

Por Cristina Nabuco (colaboradora)
Atualizado em 26 abr 2024, 10h59 - Publicado em 9 jun 2015, 14h42
Jiri Miklo/ Thinkstockphotos/ Getty Images
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Responda rápido: você come para viver ou vive para comer? ”Quando a preocupação com a qualidade da alimentação cresce de modo obsessivo, a ponto de ofuscar o prazer das refeições, há algo de errado”, adverte Alice Amaral, médica nutróloga e especialista em medicina do exercício e do esporte, de Juiz de Fora (MG). Prova desse excesso de cuidado é a mudança de foco. Você mesma deve ter uma amiga que não toma leite, ingere cálcio; não saboreia um suculento bife, consome proteína; não desfruta de uma taça de vinho, ingere a dose diária de resveratrol. Churrasco ou comidinha de botequim com os amigos de vez em quando passou a ser proibido. Festa de criança, nem pensar. Não há trégua nem nas celebrações familiares: no lugar de degustar a tradicional macarronada da mamma, leva a marmita com filé de frango e alface a tiracolo.

A neura por um corpo saudável e em forma também invade o treinamento. Nada é mais importante do que malhar horas direto, mesmo não sendo atleta e tendo que recusar convites para ir ao cinema e a outros compromissos sociais e profissionais. Faltar um dia à academia para dormir parece um crime inafiançável. O tempo todo é preciso seguir regras, cada vez mais rígidas. E a vida vai ficando chata. O mais irônico é que tanto sacrifício pode ter o efeito oposto ao esperado: em vez de ficar mais disposta e vigorosa, a sensação é de estar fraca e sem energia. Escondidos por comportamentos supostamente corretos, transtornos como ortorexia (vício por alimentos saudáveis) e vigorexia (prática excessiva de exercícios) causam prejuízos ao corpo e a outras esferas da vida. Vale a pena questionar: há risco de você também entrar nessa zona de perigo?

Sinais de alerta

Pistas de que os excessos cometidos estão colocando sua saúde em risco e de que a relação com o espelho não anda bem. Caso reconheça em você algum destes sinais, não quer dizer que sofra obrigatoriamente de um transtorno, mas pode ser um pretexto para avaliar seus hábitos e investir em um estilo mais leve

  • Deixar que sua vida se resuma a cuidar da alimentação e/ou treinar, paralisando outros setores, interferindo na carreira, nas relações afetivas, nos convites para happy hours, festas de aniversário e confraternizações.
  • Recriminar-se por sair da dieta em alguma ocasião e, para compensar, em vez de escolher alimentos magros, fazer jejum por dias consecutivos.
  • Passar mais de uma hora diária na frente do espelho e/ou se pesar duas ou três vezes por dia.
  • Apresentar unhas fracas, queda de cabelos e cansaço.
  • Sofrer lesões musculares frequentes ou terminar o treino mais exausto do que o esperado.
  • Ter um índice de massa corporal abaixo de 17 (o normal é entre 18,5 e 24,9) e percentual de gordura inferior a 15 (para mulher, o esperado é entre 20 e 28%). A menos que seja uma atleta de alto rendimento, são sinais de magreza excessiva.
  • A cintura apresentar uma medida inferior a 65 centímetros (exceto se for descendente de japoneses). Esse índice é baixo para a estrutura óssea média da brasileira.

O caminho de volta

Para quem acha que está entrando em território perigoso, a primeira providência é procurar um médico e avaliar a saúde, orienta o endocrinologista Pedro Assed. Em geral, o tratamento da ortorexia, da vigorexia e de outros transtornos da autoimagem envolve a participação de vários profissionais.

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A começar de um psiquiatra para superar a ansiedade e a obsessão.Antidepressivos, como os inibidores da recaptação da serotonina, ajudam a vencer o comportamento obsessivo”, diz o psiquiatra Marcelo Papelbaum. A psicoterapia, especialmente a terapia comportamental cognitiva, permite transformar as crenças que estão por trás dos comportamentos a fim de modificá-los. A orientação de um médico nutrólogo ou de um nutricionista colabora no ajuste da alimentação e na correção de carências nutricionais.

E o acompanhamento de um educador físico equilibrado alivia a pressão por resultados inalcançáveis, aumentando as chances de chegar ao melhor de cada um.

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