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12 perguntas e respostas sobre mau hálito

Apesar da fama, o culpado pelo mau hálito, na maioria das vezes, não é o estômago, mas fatores que prejudicam a higiene dos dentes e da língua.

Por Cristina Nabuco (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 02h54 - Publicado em 4 mar 2014, 22h00

Todo mundo pode ter mau hálito em algum momento do dia.
Foto: Getty Images

É verdade que todo mundo está sujeito ao mau hálito?

Sim, a halitose transitória atinge praticamente toda a população após consumir alimentos de odor forte, como alho e cebola. Também é normal acordar pela manhã com o hálito ruim. “Quando dormimos, não produzimos saliva, daí a boca fica mais seca e suscetível à ação de bactérias produtoras de odor”, explica a dentista Lucía Amoedo, do Núcleo do Hálito de Salvador.
 

Quando ele passa a ser um problema?

Quando esse odor desagradável aparece constantemente. Em geral, a halitose crônica requer tratamento com um profissional qualificado, avisa Lucía Amoedo.
 

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Dá para perceber se o próprio hálito não está legal?

Não. A pessoa se acostuma com o cheiro de sua boca por causa de um fenômeno chamado fadiga olfatória, assim ela não percebe quando o hálito está ruim. Não adianta colocar as mãos em concha na frente da boca e soprar. Muito menos lamber o pulso, esperar cinco minutos e cheirar. “Se você desconfia de problemas no seu hálito, peça para uma pessoa próxima ficar atenta e avisar”, orienta o cirurgião dentista Marcos Moura, presidente da Associação Brasileira de Halitose (Abha).
 

Quais são as causas do mau hálito crônico?

Em 90% das vezes, ele decorre de distúrbios na boca, como cáries, gengivite, próteses mal adaptadas, alterações na produção de saliva e acúmulo de saburra, restos de alimentos e células descamadas na língua. “Tudo isso favorece a proliferação de bactérias, que produzem o cheiro desagradável”, explica Marcos Moura. Segundo o expert, 9% podem ser consequência de doenças como rinite, sinusite e amigdalite: bactérias se alimentam do muco secretado, o que leva à liberação de enxofre. Apenas 1% dos casos decorre de problemas gástricos e quadros como diabetes e disfunções hepáticas e renais.
 

Por que a falta de saliva compromete o hálito?

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A saliva funciona como um detergente bucal. Se for de boa qualidade, ela conduz as bactérias para o aparelho digestivo, portanto impede que fiquem estagnadas na boca. Vários fatores podem reduzir a salivação, de acordo com o dentista, como certos medicamentos (alguns antidepressivos), estresse (o nervosismo deixa a boca seca) e hábitos alimentares (como trocar refeições por shakes). Eles dispensam a mastigação, que é um estímulo para as glândulas salivares trabalharem.
 

Como se explica a halitose que ataca quem está de dieta?

Para Marcos Moura, há duas explicações. A primeira é a baixa salivação decorrente do jejum. Muita gente fica várias horas sem se alimentar, não tendo o cuidado de fragmentar as refeições de modo a ingerir algo a cada três ou quatro horas, como recomendam os profissionais de nutrição. A segunda é que, ao reduzir a oferta de alimentos, o organismo precisa queimar a gordura armazenada para obter energia. Nesse processo, são produzidos compostos orgânicos voláteis, absorvidos pela circulação e liberados pelo pulmão. “O hálito típico de quem está de dieta em geral não tem nada a ver com o estômago”, avisa o dentista.
 

É verdade que pode ser hereditário?

O presidente da Abha descarta essa possibilidade e acrescenta que a halitose não é contagiosa: não há perigo de adquirir halitose se comer um pedaço de bolo cujas velas foram sopradas por um aniversariante às voltas com o problema.
 

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Mascar cravo, gengibre, chiclete, chupar bala mentolada e fazer bochechos produz alívio?

O risco é se tornar refém desses recursos, já que eles apenas mascaram o hálito por alguns minutos. Ou pior, prejudicar ainda mais o quadro caso contenham açúcar ou virem substitutos à higienização correta. “É um erro fazer bochecho sem usar antes escova e fio dental”, diz Marcos Moura. “O melhor é pesquisar a causa e iniciar o tratamento adequado.”
 

Como é feito o diagnóstico?

Inclui um questionário extenso, que avalia inclusive os hábitos alimentares, e prevê a realização de exames que medem o fluxo de saliva e a presença de gases que ocasionam o mau hálito, esclarece Lucía Amoedo.
 

Em que consiste o tratamento?

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As doenças detectadas são tratadas. Orienta-se a melhora na higienização bucal. Para corrigir a boca seca, recomenda-se maior ingestão de água (pelo menos 2 litros por dia) e consumo de frutas cítricas. Pode-se ainda recorrer a chicletes mais duros que o usual, borrachas de silicone próprias para morder, medicamentos, aparelhos de fisioterapia, equipamentos a laser e acupuntura. Em casos mais graves, como de pacientes que perdem completamente a salivação após serem submetidos à quimioterapia, prescreve-se a saliva artificial. A mudança nos padrões salivares não acontece da noite para o dia. Leva três meses, no mínimo, adverte Marcos Moura: “Desconfie de produtos e métodos supostamente milagrosos, que prometem a cura da halitose em 72 horas”.
 

É possível prevenir?

Sim. Capriche na higiene bucal (escove os dentes, use fio dental e, se necessário, limpador de língua após as refeições). Beba 2 litros de água por dia, no inverno e no verão. Visite o dentista a cada seis meses. Evite excesso de alimentos ricos em proteínas. Consuma sempre frutas cítricas, que ativam a salivação. E não fique muitas horas em jejum.
 

Como avisar um amigo que sofre de mau hálito?

A Associação Brasileira de Halitose criou o SOS Mau Hálito. Basta acessar o site https://www.abha.org.br. O serviço remete à pessoa nominada um aviso, por carta ou e-mail, comunicando que um amigo percebeu o problema (sem citar o nome) e indicando especialistas para tratá-lo. Para afastar o risco de trotes, é feita uma triagem antes de atender os 600 pedidos recebidos por mês. Uma pesquisa com pacientes avisados apurou que 98% ficaram gratos por terem sido alertados.

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