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Pele x tratamento oncológico: Quais são os impactos e como cuidar?

O combate ao câncer traz efeitos colaterais que podem causar desconforto aos pacientes

Por Juliany Rodrigues
Atualizado em 16 jun 2024, 20h44 - Publicado em 13 out 2022, 16h05
Mulher com lenço na cabeça
 (Thirdman/Pexels)
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Para combater o câncer, há diferentes tratamentos disponíveis, como a quimioterapia, a radioterapia e a imunoterapia. Em muitos casos, eles são eficazes para acabar com a doença e salvar vidas. No entanto, a luta contra o câncer envolve uma série de efeitos colaterais que podem causar incômodos aos pacientes, entre eles, as alterações cutâneas.

“Com o desenvolvimento de novas terapias contra o câncer, o perfil de toxicidade sistêmica e os efeitos na sobrevida tiveram uma grande evolução”, explica Dr. Rogério Volpe, oncologista e professor do curso de Medicina da Universidade de Franca – Unifran. “Porém, uma constelação de toxicidades emergiu, ainda mais notavelmente, eventos adversos cutâneos”, acrescenta.

EFEITOS NA PELE

Mulher se olhando no espelho
(Andrea Piacquadio/Pexels)

De acordo com o médico, tanto a quimioterapia quanto a radioterapia e as imunoterapias podem trazer consequências para a pele, sendo que elas podem ser temporárias ou se estenderem para médio e longo prazo.

Nos pacientes que fazem tratamento oncológico, as reações cutâneas acontecem em razão do fato de que o principal mecanismo dos agentes quimioterápicos consiste na indução da morte celular por meio da apoptose.

“Como a pele, os cabelos, unhas e mucosas constituem-se basicamente de células proliferativas, estas, sofrem grande impacto com este tratamento”, explica o oncologista.

O Dr. Jader Freire, dermatologista e professor do curso de Medicina do Centro Universitário de João Pessoa – Unipê, destaca que “os efeitos colaterais dos tratamentos oncológicos são muitos e variáveis de acordo com o problema oncológico e a opção terapêutica utilizada”.

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O oncologista Dr. Rogério relata que as principais alterações cutâneas que surgem em pacientes tratados com agentes antineoplásicos são a alopecia, xerose cutânea, queilite, linfedema, mudança da cor das unhas, dermatite pigmentar linear, prurido, eritema, erisipela, onicólise, rarefação de sobrancelhas e hipercromia pós-quimioterapia.

Já em pacientes que fazem radioterapia, ele conta que os efeitos sobre a pele podem ser considerados agudos ou crônicos e classificados em leve, moderado ou grave.

“A radioterapia acarreta inúmeros efeitos sobre a pele, variando entre agudo (até seis meses após o início deste tratamento) ou crônico (após seis meses do início deste tratamento), leve, moderado ou grave.
A classificação de leve moderado ou grave, está relacionada com a localização, extensão e/ou profundidade da lesão”, diz.

“As principais alterações dermatológicas em pacientes tratados com radioterapia são queimadura pós radioterapia, radiodermite, alteração de coloração e textura da pele e queimaduras, conforme a intensidade do tratamento”, completa o oncologista.

ALOPECIA E COURO CABELUDO

Mulher mexendo no cabelo
(Karolina Grabowska/Pexels)
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Um dos efeitos colaterais relacionados ao tratamento oncológico é a alopecia induzida pela quimioterapia (CIA).

“A incidência de CIA grave é menos frequentemente observada em pacientes tratados com novos agentes, como terapias direcionadas, inibidores de pontos de controle e quimioterapia oral, embora, em algumas situações, esses agentes sejam combinados com drogas citotóxicas que muitas vezes causam CIA”, afirma o dermatologista.

Para prevenir a CIA, há o método conhecido como resfriamento do couro cabeludo. “Ele pode prevenir ou minimizar a CIA em aproximadamente metade de todos os pacientes, dependendo de muitos fatores, como tipo e dosagem da quimioterapia”, esclarece.

Por meio da indução da vasoconstrição local, o resfriamento do couro cabeludo para evitar a CIA se mostra eficaz, mas, segundo o médico, o método pode causar dor de cabeça em alguns pacientes.

“A vasoconstrição reduz o fluxo sanguíneo para os folículos pilosos, interrompendo a absorção de agentes citotóxicos, tornando os folículos pilosos menos vulneráveis aos danos causados pela quimioterapia. O tratamento com resfriamento do couro cabeludo demonstrou ser seguro e bem tolerado”, esclarece.

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Na maioria das vezes, a queda de cabelo nos pacientes que passam por tratamento oncológico não é definitiva, sendo que, após o término do tratamento, os fios voltam a nascer. “Em alguns raros pacientes os cabelos não voltam a crescer, pode ocorrer a alopecia definitiva”, ressalta o dermatologista.

Além disso, a quimioterapia, as imunoterapias, a radioterapia, o transplante de células-tronco e a terapia endócrina podem causar outros problemas no couro cabeludo.

“Além da alopecia, podem ser observados: hisurtismo (pelos em mulheres em regiões de padrão masculino, exemplo: barba), alteração da textura, na forma da haste pilosa e da cor do cabelo (cabelo pode ficar branco), tricomegalia (crescimento excessivo dos cílios), foliculites, dermatite seborreica, despigmentação e pelo fino”, conta o Dr. Jader Freire.

CUIDADOS

Mulher negra passando creme nas mãos
(RODNAE Productions/Pexels)

O dermatologista Dr. Jader Freire lista os principais cuidados para lidar com os efeitos colaterais provenientes do tratamento oncológico.

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Hidratação da pele

A quimioterapia pode ocasionar o ressecamento da pele, por isso, é fundamental ter algumas precauções para evitar que isso aconteça. Já em relação às queimaduras que são provocadas pela radioterapia, os cuidados são importantes para diminuir os riscos e a intensidade do problema.

“É importante usar hidratantes sem ureia, em forma de loções que sejam específicos para cada região corporal. Hidratantes específicos para o corpo, mãos, pés, pernas, face e lábios”, indica o dermatologista.

Proteção solar

Segundo o Dr. Jader Freire, os tratamentos oncológicos fazem com que a pele tenha mais sensibilidade à radiação solar, já que algumas medicações utilizadas para combater o câncer são fotossensibilizantes.

“A proteção solar deve ser ampla – física e química –. Então, use um filtro solar com proteção UVA e UVB, acima de FPS 30, utilize um chapéu e roupas com fotoproteção e evite exposição solar das 10 às 15 horas”, recomenda.

Roupas leves e confortáveis

“As vestimentas devem ser leves, confortáveis e de acordo com o clima. Também é interessante dar preferência às peças que são confeccionadas em algodão”, informa o dermatologista.

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Banhos, depilação e corte de unhas

A temperatura do banho, a depilação, o corte de unhas e o contato com produtos químicos são pontos que, de acordo com o médico dermatologista, precisam ser destacados quando nos referimos aos cuidados que os pacientes em tratamento oncológico devem ter com a pele.

“Banhos quentes ressecam a pele e podem ser prejudiciais. A depilação e o barbear devem ser feitos com cuidados extras e, se possível, evitar. A lâmina de barbear deve ser nova e de uso pessoal. A pele está sensível e com riscos de infecção (pelo efeito imunossupressor da quimioterapia ou radioterapia) ou seja, qualquer trauma pode levar a infecções e agravar os efeitos colaterais do tratamento oncológico”, diz.

“O corte de unhas também exige cuidados maiores e a retirada da cutícula deve ser evitada, assim como o uso de esmalte. Se for utilizar esmalte, é interessante escolher os esmaltes hipoalergênicos. O uso de removedores de esmalte pode levar ao enfraquecimento de uma unha já comprometida pelo tratamento oncológico, por isso, é melhor evitá-lo”.

Os produtos químicos e que possuam álcool podem ser mais agressivos para a pele dos pacientes que fazem tratamento oncológico. Então, o médico revela que o ideal é “optar por produtos, sabonetes e loções neutras”.

Orientação médica

Durante o tratamento oncológico, é essencial seguir as orientações do oncologista e contar com o acompanhamento e apoio de um dermatologista. “Os cuidados são individualizados e cada droga tem efeitos colaterais específicos e diferentes”, conclui o Dr. Jader Freire.

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