Por ser uma articulação grande e muito demandada durante a movimentação, o joelho é uma das estruturas mais afetadas por lesões, que podem se manifestar independentemente do sexo. “É uma articulação complexa e responsável pela sustentação do corpo e pela absorção de impacto”, explica o Dr. Marcos Cortelazo, ortopedista especialista em joelho e traumatologia esportiva, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT).
Entretanto, esses problemas ocorrem com mais frequência nas mulheres, graças à diversos motivos. Por essa razão, o sexo feminino deve ter um cuidado redobrado com a saúde dessa parte do corpo. A seguir, o médico elenca as principais razões pelas quais isso acontece:
Anatomia
Segundo o especialista, as mulheres têm uma bacia mais larga, tendem a ter joelhos arqueados para dentro e apresentam um ângulo do quadríceps maior.
“Esses fatores causam alterações biomecânicas e de alinhamento, especialmente nos membros inferiores, aumentando assim a suscetibilidade das mulheres de sofrerem com condições como a condromalácia patelar, caracterizada pelo amolecimento da cartilagem da patela”, explica.
Ciclo menstrual
Durante o ciclo menstrual, o corpo feminino passa por muitas flutuações hormonais, o que impacta significativamente na saúde da articulações. Dependendo da fase do ciclo em que a mulher se encontra, ela pode estar mais ou menos propensa a lesões.
“As articulações, assim como as cartilagens que as protegem, possuem receptores de estrogênio, hormônio que contribui para a manutenção da saúde dessas estruturas. Logo, quando os níveis de estrogênio sofrem alterações durante do ciclo menstrual, essas estruturas tornam-se mais frágeis. Pode ocorrer uma maior frouxidão dos ligamentos, o que favorece, por exemplo, a ocorrência de lesões do ligamento cruzado anterior (LCA)”, conta o Dr. Marcos.
Menopausa
Na menopausa, há alterações na produção hormonal e uma queda nos níveis de estrogênio, o que faz com que as articulações fiquem mais inflamadas. Com isso, são provocadas dores em regiões como mãos, joelhos e ombros, de acordo com o Dr. Marcos.
Como conta o médico, essas mudanças hormonais dessa fase da vida da mulher também favorece a perda da massa óssea, levando à osteoporose e ao aumento do risco de fraturas e lesões no joelho.
Uso de salto
“Ao usar um salto alto, a distribuição do peso ao caminhar é alterada, concentrando-se no joelho, o que acaba exigindo mais da articulação da região, favorecendo assim o desgaste, principalmente, da cartilagem da patela. Como resultado, há aumento do risco de condições como a condromalácia patelar e a artrose”, explica o médico, que acrescenta que o ideal é evitar o uso desse tipo de calçado quando possível.
COMO PREVENIR?
Ainda que grande parte desses fatores sejam características inatas das mulheres, existem algumas medidas que podem ser tomadas para prevenir lesões no joelho, por exemplo, controlar o peso, ter uma alimentação saudável, praticar exercícios de fortalecimento muscular, evitar a sobrecarga nos treinos, fazer alongamentos e controlar o peso.
“Especificamente tratando-se da menopausa, a reposição hormonal pode ser indicada, mas a avaliação deve ser feita caso a caso por um ginecologista”, afirma o Dr. Marcos Cortelazo.
O médico alerta que, se você está com dores, inchaço ou dificuldade em movimentar o joelho, é preciso passar em uma consulta com um ortopedista para que o profissional indique o diagnóstico e o tratamento adequados.