“Reparação histórica”. Foi assim que Lettícia Munniz definiu seu sentimento quando, no início do nosso bate-papo, falamos sobre a conquista de ter corpos plus size em capas de veículos que, antigamente, apresentavam a magreza como único caminho para a beleza.
Nos anos 2000, a apresentadora, modelo e influencer foi uma daquelas jovens que se deixavam levar pelas promessas de dietas extremamente restritivas – e nós não fugimos do nosso histórico de culpa nesse aspecto. Como contou em entrevista à Boa Forma, com apenas 10 anos, ela já seguia planos alimentares impossíveis, que prometiam -15kg em 7 dias. Como consequência, com o passar do tempo, ela desenvolveu transtornos alimentares, como bulimia e compulsão alimentar.
“Eu pensava em emagrecer da hora que eu acordava até a hora que eu dormia. Não tinha nenhum dia que esse não era o meu primeiro pensamento ao acordar e o último ao dormir. E de noite é pior ainda, porque era a sensação de derrota, que eu não comi tão pouco quanto deveria”, ela relembrou.
“Me torturei por muitos anos, e isso cansa, né? Depois de 18 anos de tortura, eu já tava muito cansada, não aguentava mais viver dessa forma, e tive a grande sorte de encontrar na internet outras mulheres.”
Foi só aos 28 anos – depois de passar 18 lutando contra a balança – que Lettícia conseguiu enxergar a beleza que também estava nela ao se identificar com outra mulher: Ashley Graham. Foi uma foto da modelo americana e a semelhança entre seus corpos que abriu seus olhos.
“Foi o corpo mais parecido com o meu que eu já vi na minha vida. […] Foi a primeira vez que achei uma pessoa que não era magra bonita. Então foi realmente aquela explosão, de tudo que você conhecia até ali mudar”, relatou.
Aqui, a artista compartilhou detalhes sobre seu processo de autoaceitação e amor próprio, celebrou as conquistas pessoais e profissionais que vieram com o novo estilo de vida e dividiu suas aspirações para o futuro. Confira a seguir a entrevista com Lettícia Munniz!
Busca pela autoaceitação
O que significa boa forma para você?
Boa forma, para mim, é a minha forma. Passei muitos anos da minha vida, dos 10 aos 28, correndo atrás de um corpo que eu não tinha e que eu nunca ia ter. E eu acreditava que eu só seria feliz, realizada, que só teria sucesso, amor, todas as coisas que eu queria, se tivesse aquele corpo.
Desde nova eu já queria a carreira artística e já sabia que essas mulheres [artistas] não eram como eu. Elas eram como as mulheres da capa da Boa Forma, como as mulheres da TV e eu não era como elas. Então, passei 18 anos perseguindo isso e foi muito infeliz nesse tempo. Eu tentei ter a “boa forma” da revista Boa Forma de antigamente. Minha primeira dieta foi uma dieta da revista Boa Forma, uma dieta da sopa, que dizia que eliminava 7 quilos em 15 dias. Eu tinha 10 anos de idade e fazia a dieta da sopa.
Então, quando decidi que queria ter a minha forma e não a forma que diziam que eu deveria ter, foi que comecei a me libertar, quando mudei a minha vida, virei uma mulher livre e comecei a trabalhar para que outras mulheres se libertassem assim como eu.
“Boa forma” hoje, para mim, é ser como eu sou, sempre em busca da minha melhor versão.
As pessoas na sua vida aceitaram bem essa mudança?
Quando a gente passa essas coisas, principalmente naquela época, há muito constrangimento, então acaba sendo um processo muito solitário. Acho que até por isso a internet vira um grande meio para isso, porque é muito melhor falar sobre esse assunto com alguém que não te conhece. As pessoas ao meu redor não sabiam disso. A minha irmã descobriu meus transtornos alimentares pela internet, quando eu decidi falar sobre eles, em 2020. Ela ficou bem triste, chorou muito porque ela falou: “Poxa, eu estava lá, tudo estava acontecendo do meu lado, e eu não pude te ajudar porque eu não sabia”. Então isso também é uma das coisas que me trazem a certeza do porque esse trabalho na internet é tão importante… Mas mesmo sendo um processo solitário, eu tenho amigos incríveis, que sempre estão ao meu lado para tudo. Tem dois amigos que me emprestavam dinheiro para impulsionar os vídeos – um deles eu devo até hoje porque ele não quer aceitar [risos]. Eles sempre me apoiaram muito, mas também são pessoas que não passaram por isso [processo de autoaceitação], então não entendem o que é isso. Por isso que acaba sendo um processo solitário, porque você não só se sente constrangida em se abrir, mas também se você se abrir para pessoas que não entendem, que não passam por isso, é óbvio que elas vão falar: “Tá louca, o que você está fazendo?”
E hoje, me aceitando, acho que muitas pessoas não entendem quando a gente fala, mas é porque elas não querem entender. Você fala “se aceitar” e as pessoas ouvem como se fosse “se conformar” — e uma coisa não tem nada a ver com a outra. Eu sou muito mais ativa hoje, me alimento muito melhor, vou muito mais a médicos, faço muito mais exames hoje do que quando eu, literalmente, me matava para emagrecer.
Eu tomava taxa preta, laxante, era bulímica e tinha compulsão alimentar. Então “se aceitar” não significa relaxar e se conformar, mas sim ir atrás do melhor que você pode ser. Mas eu só posso ser eu, não posso ter o corpo de outra pessoa. O corpo que eu tenho é o meu, então vou fazer o melhor dele para mim e para minha saúde.
Diante do passado que você contou que teve com a Boa Forma, como você se sente hoje, estampando uma capa nessa nova (não tão nova) fase nossa?
Eu acho que a Boa Forma, assim como outras revistas e a mídia de uma maneira geral, foi sim uma das grandes responsáveis pelos transtornos alimentares e de imagem que as pessoas desenvolveram naquela época. Óbvio que não sozinha, mas está dentro desse “bolo” sim, porque, como eu disse, foi a minha primeira dieta e sempre tinha na capa uma dieta que ia mudar sua vida. Era sempre: “Como você vai ficar com o corpo da ‘fulana’ da capa”, e muitas vezes até essa pessoa da capa estava passando por isso, por transtornos alimentares para manter o corpo naquela forma.
Então, eu sempre falei que era um dos meus maiores sonhos ser capa da revista porque eu considerava uma reparação, não só para mim, mas também para todas essas outras mulheres que através dessas revistas começaram a se maltratar. Quero que, hoje, as mulheres me vejam nessa revista e em tantos outros espaços e entendam que esse corpo, que também é o corpo delas, é um corpo digno de amor, digno de ser próspero, de ser bem sucedido, de ser feliz e de ser considerado bonito.
A moda e a mídia, de uma maneira geral, ditam o que é legal. O legal é o que está na TV, na passarela, na capa da revista. Então, se a gente não está ali, automaticamente entende que não faz parte. E como vou fazer parte? Sendo igual. E aí começa todo esse ciclo de se maltratar e fazer loucuras tentar entrar ali. Só que eu não concordei com isso, me recusei a entrar [nesse movimento] e insisti que eu entraria em todos esses espaços sendo eu, para que outras mulheres pudessem entrar através dessa porta que eu ajudei a abrir. Estar nessa capa para mim é isso: é mais um passo. Já tem algum tempo que estou nessa jornada, já fiz outras capas também e, graças ao meu trabalho, hoje estou na maior emissora do país. Então vejo essa capa como mais um passo para essa libertação. Estar nessa capa, nesse momento, diz muita coisa.
Me conta um pouquinho sobre a fase de transtornos alimentares. Como foi essa fase?
Foi uma junção de coisas. Por exemplo, aquela era uma época em que o maior tamanho quando você entrava numa loja era o 42, e eu não conseguia entrar no 42, então comprar uma calça jeans era o pior momento da minha vida. E eu já usei muitas vezes roupas me ferindo, porque eu dizia que era para aprender, que eu ia usar roupa me machucando porque, enquanto ela tivesse me machucando, eu não ia comer e ia lembrar que ela só ia parar de me machucar se eu emagrecesse.
Eu jogava essa responsabilidade para mim, uma responsabilidade de algo que não era meu. Então as roupas foram muito importantes nesse processo, porque era muito difícil comprar roupa para mim – eu nem sou uma mulher tão gorda assim e na época era menos ainda. Sou uma mulher que veste 48, 50, e pesa 105 quilos, então sempre tive essa estrutura larga, nunca fui uma criança ou adolescente gorda e, mesmo assim, eu era chamado de gorda naquela época, porque isso era ser gordo antigamente, assim como a Fernandinha [Souza] e a Priscila Fantin eram “gordas”.
A gente era vista como gorda naquela época e eu comecei a sofrer com isso. Além das roupas, era o apelido na escola, que me chamavam de “coxinha” e eu não suportava, aí parei de ir de shorts para a escola e usar calça folgada. Eu fazia ginástica olímpica, era muito boa, mas a gente usavam colan, e quando chegou nesse momento mais velha, de 10 para 11 anos, que o corpo começa a virar uma questão, eu parei de querer fazer ginástica olímpica, dentre outros motivos, porque não queria ser vista na escola com o colan, porque achava que estava gorda.
Dentro de casa também, ainda mais antigamente, os pais “torturavam” acreditando que estavam fazendo o bem, pensavam que a gente tinha que emagrecer para o nosso bem, e eu vivi isso dentro de casa. Tenho uma lembrança muito nítida de quando eu tinha 15 anos, que teve um bolinho em casa. A gente não tinha grana, então foi só um bolinho mesmo. E lembro que, na hora que eu ia comer o bolo, uma pessoa da família falou: “Olha, com esse corpo aí que você está, ainda consegue emagrecer. Mas se você engordar mais do que isso, aí já era, você não vai conseguir.” É muito nítido na memória o nem querer mais comer aquele bolo, de perder completamente a vontade. Eu já tinha os transtornos, já estava há um bom tempo neles. Com certeza se eu tivesse comido aquele bolo, de toda forma, ia fazer algo depois. Depois de comer, eu tomava muitas coisas para vomitar. Eu ia para a internet naquela época descobrir o que eu podia fazer: tomar vinagre, detergente… Eu lia que fazia vomitar e tomava. Porque chega uma hora que você não consegue mais induzir com o dedo, com o cabo [de escova de dentes], porque está machucado. Também tomei muito laxante.
Uma das piores coisas para mim foi a “guerra” que eu tive com a minha avó durante muitos anos até eu me libertar, porque eu era muito apegada a ela e ela só sabia fazer comida como arroz, feijão, e botava manteiga em tudo. A comida dela era deliciosa, mas toda vez que eu chegava na casa dela, brigava com ela. Em vez de chegar na casa da minha avó que fez aquilo tanto amor para mim e comer feliz e agradecer a ela por ter feito aquela comida, eu brigava porque ela tinha colocado manteiga na comida, porque ela sabia que eu não podia comer aquilo. Então se eu tenho um arrependimento na minha vida, em 34 anos de existência, esse é o maior de todos, se não talvez o único. E isso não saiu na minha cabeça, não nasceu da minha cabeça a ideia de que eu não podia comer aquela manteiga.
Como você conseguiu sair desse problema e enxergar sua beleza?
Foram todos esses anos em sofrimento e não é possível você ser feliz assim. Eu pensava em emagrecer da hora que eu acordava até a hora que eu dormia. Não tinha nenhum dia que esse não era o meu primeiro pensamento ao acordar e o último ao dormir. E de noite é pior ainda, porque era a sensação de derrota, que eu não comi tão pouco quanto deveria. Me torturei por muitos anos, e isso cansa, né? Depois de 18 anos de tortura, eu já tava muito cansada, não aguentava mais viver dessa forma, e tive a grande sorte de encontrar na internet outras mulheres. Eu tinha muito a Preta Gil como um ícone porque, para além do corpo, ela sempre foi uma mulher muito livre de tudo, da sexualidade dela… Mas eu ainda não me via ali nela, porque não era um corpo parecido com o meu. E apesar de já estar inspirada por essa liberdade dela, a quebra veio mesmo quando vi a primeira foto da Ashley Graham, que é uma modelo americana.
A gente é muito parecida fisicamente, o nosso corpo tem as mesmas proporções. Foi o corpo mais parecido com o meu que eu já vi na minha vida. E a primeira vez que eu a vi, lembro que a achei muito bonita, e foi a primeira vez na vida que achei uma pessoa que não era magra bonita. Então foi realmente aquela explosão, de tudo que você conhecia até ali mudar! Essa quebra do que você ouviu a vida inteira que é feio não acontece da noite para o dia. É um processo. Todos os dias, você tem que fazer algo para isso. Então, num primeiro momento, foi finalmente achar bonito um corpo como o meu, e aí entra naquilo: “Se ela é bonita e parece comigo, então será que também sou bonita?”. E aí entrei nesse processo na época.
Não tratei com um médico a minha compulsão nem os transtornos alimentares porque eu não tinha condição, mas passei em nutricionista e comecei a mudar a minha maneira de ver a atividade física e a alimentação.
Qual sua relação com comida e exercícios hoje?
Eu fui criada por avó, então gosto de comer “comida”. Eu amo. Hoje em dia o que mais como é fruta, legume e verdura… Então consegui fazer essa mudança de olhar, de parar de ver tanto a atividade física como uma pressão e uma tortura (e, sim, como uma diversão, algo sociável) quanto ver a comida como tudo, menos minha inimiga. Ela é um dos nossos maiores remédios.
Se você tem uma alimentação muito boa, a chance de precisar tomar remédio é muito pequena. Estudei muito a ayurveda na época, que é muito sobre a alimentação ser a nossa medicina e aí eu comecei a mudar minha forma de encarar essas coisas. Então se antes a atividade que eu fazia era o CrossFit porque era o que mais queimava caloria, comecei a fazer atividade física que me desse prazer. Comecei a falar com as minhas amigas para jogarmos futebol. A atividade física virou o futebol, a corrida, mas sem me pressionar para correr para emagrecer.
Hoje, eu danço, faço sapateado, ando de bicicleta, vou fazer aula de remo… Dá na minha cabeça, eu vou, e nunca pensando em quantas calorias eu queimei ali, que é o que fica na cabeça da pessoa que está tentando emagrecer.
Mas hoje trato minha compulsão alimentar, porque não é uma coisa que: “Ah, pronto, resolvi”. Eu achei isso por muito tempo, mas sou uma pessoa muito ansiosa, minha carreira é muito difícil, uma carreira que te coloca num lugar que você não sabe o dia de amanhã. Então tive um episódio ano passado de estar com a minha ansiedade um nível tão crítico que voltei a comer compulsivamente, mas logo que detectei foi muito rápido.
Eu já sabia, fui no meu médico, relatei para ele e a gente começou a tratar. Foi uma construção também, de ir me libertado. Não foi ver a foto da Ashley e: “Nossa, sou linda! Tchau, beijo, vou ser feliz”. Foi uma longa construção. Mas gosto muito de usas minhas rede para mostrar para essas mulheres que esse futuro existe, porque não tenho problema nenhum com a minha imagem. Estar com o peso que não é o que eu gostaria, com uma barriga ou uma celulite a mais, de maneira nenhuma me coloca hoje em um lugar de tristeza, de odiar meu corpo e achar que ele não é capaz. Muito pelo contrário: ele é o que me faz ser capaz, é ele que me leva para meus sonhos. E quando eu digo o corpo, a mente junto, obviamente. Essas pequenas coisas me levaram para esse lugar de não ter mais problemas com meu corpo, com alimentação e com a atividade física. Quando senti a sensação de liberdade, ela foi tão… Como posso dizer? Sabe quando você está muito cansada e finalmente chega? Aquela sensação de relaxar, de tirar um peso de cima de você. E eu queria que outras pessoas entendessem como é ter essa sensação, então comecei a compartilhar [no Instagram] por isso. Esse processo foi tão poderoso na minha vida, mudou a minha vida para um lugar tão bom, que eu falei: “Se essa mulher [Ashley Graham] fez isso por mim, talvez eu possa também fazer por alguém”. Então meu processo tem muito a ver também com quem eu sou, que é essa pessoa que não pensa só em si.
Pressão da internet
Você chegou a ser acusada de usar a pauta de gordofobia para ganhar dinheiro. Como que você lida com isso?
Confesso que no começo me afetou muito. Essa história de falarem que me apropriei [da pauta da gordofobia] foi logo no começo. Quando comecei minha carreira, eu era muito mais magra do que eu sou hoje, porque eu tinha acabado de parar os meus transtornos alimentares, então eu era muito mais magra porque eu passava fome e vomitava, tomava laxante. Só que na nessa época, mesmo muito magra, eu usava 46, que já é um número considerado plus size. Meu corpo foi mudando porque eu não vomitava mais tudo que comia, não tomava laxante, então óbvio que quando você rompe com esse ciclo, o corpo vai mudar. Meu corpo foi mudando para o que é hoje, e ele é assim há anos – É por isso que eu falo que essa é a maior prova de que esse é o meu corpo. Eu treino para caramba, faço um monte de atividade física, me alimento bem e tenho esse mesmo corpo há anos. Então, esse é o meu corpo, eu encontrei esse equilíbrio.
Mas quando meu corpo transicionou daquela Lettícia muito mais magra para agora, as pessoas me acusaram de me apropriar, falaram que eu engordei para ganhar dinheiro com isso. Nessa época, isso me machucou muito, porque só a gente sabe da nossa verdade e eu sabia que não era aquilo. Eu tinha certeza que não era isso. Eu nunca faria isso. Eu sempre falo isso, que me considero muito talentosa e tenho certeza que, se eu tivesse um corpo padrão, uma beleza padrão, muito provavelmente eu já estaria muito melhor do que eu estou hoje na minha carreira. Eu estudo há 13, quase 14 anos, então por que eu engordaria para me beneficiar? Quem que está se beneficiando em ser gorda? Então isso me machucou muito, porque sou uma pessoa muito bondosa e, da mesma forma que não consigo fazer maldade com as pessoas, não consigo imaginar como as pessoas conseguem fazer comigo. E ver até pessoas que trabalhavam com body positive na internet me acusarem publicamente de estar fazendo isso, me machucou muito. Eu vivi 18 anos da minha vida uma tortura para ter aquele corpo e, agora que eu estou me libertando dele, as pessoas estão me acusando de uma coisa? Me machucou muito, mas quando você vira uma pessoa pública, você tem que aprender que se deixar essas coisas te fazerem mal, você vai estar mal todo dia, porque todo dia alguém que esta falando. Então, hoje, eu estou “foda-se”. “Quer falar isso? Foda-se. Fala, fica aí falando”. Então já mudou completamente. É chato, não deixa de ser chato, mas é isso, as opções são ignorar ou pegar para você.
Sabemos que na internet tem muitas edições de fotos, o que faz com que as pessoas busquem padrões inatingíveis. Como você lida com essas ferramentas e correções em fotos?
Eu sempre pedi para não fazer nas minhas fotos, mas quando virei modelo eu não tinha essa opção, eu era uma funcionária então ia, fazia e “tchau”. Mas o que acontecia muito é que, por exemplo, você ia fazer uma marca de roupa e aí a própria luz às vezes já “lavava” muita coisa. Então as pessoas sempre ficavam duvidando que eu não tinha muita celulite. Até em foto na praia, as pessoas ficam me xingando, falando que eu tinha feito edição porque eu não tinha celulite.
Quando comecei a ter uma autonomia, comecei a pedir para não editarem, mas realmente a gente sabe que, às vezes, tem uma luz que já “lava”, já tira muita coisa. Quem é leigo nisso não entende que se tiver muita luz, muita coisa some. E aí quando você está fazendo uma marca de roupa, sempre tem um tratamento de luz na foto para além da luz que foi feita no local. Esse tratamento de luz começa e aí mexem na roupa para ela ficar mais bonita. Aí mexeu em tudo e não vai mexer na textura da pele? A textura da pele fica desigual do resto da foto e, então, eles também mexem na textura da pele. Então por muitos anos eu não tive como dizer nada, mas desde que tive essa autonomia, sempre falo que não quero que tire estria, celulite, etc. Não tenho nenhum problema com meu corpo. Tenho estria na barriga, no corpo inteiro, principalmente na parte de baixo, no braço… E eu não acho feio, acho que é uma coisa super normal, uma coisa que todo mundo tem. Mas às vezes não aparece e aí as pessoas querem te julgar, falando que você tirou para não aparecer. No meu Instagram eu não faço nenhum retoque, de nada. A única coisa é que às vezes vou fazer foto e aqui no Rio de Janeiro eu transpiro demais. Aí como o rosto está todo suado, peço para fazer alguma coisa para tirar esse suor e acaba ficando com aquele “blurzinho”, mas zero com a intenção de mexer no rosto. Então eu não gosto de edição, mas entendo que, às vezes, para uma imagem final sair como ela foi idealizada, precisa – e aí também está tudo bem. Eu não tenho problema se fizerem, só detesto que me deixem lisa, acho horrível, odeio.
O que você diria para as mulheres que ainda não conseguem enxergar beleza em seus corpos?
Eu sempre falo que se tivesse como ensinar uma mulher a se amar, eu estava rodando o Brasil, indo de casa em casa, de escola em escola, já tinha feito um livro, já tinha feito curso… É muito louco, porque já tentaram me fazer escrever livro e fazer um curso, mas eu sempre me recusei, porque não vou monetizar em cima do sofrimento das pessoas porque eu sei que não existe um passo a passo. Se existisse um passo a passo, seria muito mais fácil. Mas não é uma receita de bolo, né? Somos indivíduos muito diferentes, com belezas diferentes, motivações de vida diferentes, vivendo em ambientes muito diferentes. Tem pessoas que vivem em ambientes ainda mais opressores do que eu vivo e vivi. Hoje eu falo que essa coisa de eu poder me auto afirmar tanto e não sofrer mais com comentários vem também do fato da minha independência, de eu ter saído de casa, de eu viver num meio em que eu consigo ser muito blindada. Mas tem gente que até hoje houve do marido, da mãe, dos filhos, da tia, da prima…
Então eu amaria que fosse uma receita que eu pudesse dar, que as pessoas iam seguir e a vida delas ia mudar, mas infelizmente não é assim. Só que o que eu mais falo é que a minha vida mudou quando decidi que ia passar por isso, porque eu virei uma mulher livre, e não existe na vida sensação melhor do que você se livre. É libertador, é leve. Eu sempre tento colocar na cabeça dessas mulheres isso, que mesmo que demore e que seja difícil, é muito recompensador.
Você precisa lutar pelas coisas que você quer e se amar aceitar não é diferente. A terapia eu acho muito essencial, porque a gente começa a se descobrir, entender os gatilhos e como resolver situações em relações a essas pessoas que estão à nossa volta. Hoje eu tenho uma relação muito intensa com meus médicos, nutricionista, endocrinologista, de fazer exame a cada dois meses e um acompanhamento de alimentação, suplementação, hormônio. Eu tomo também remédio para ansiedade, porque me ajuda muito na compulsão alimentar. Tudo isso é necessário.
:: De onde surgiu a ideia do Big Girls Club e qual são seus objetivos para o futuro com ele e com o Treinão das Gostosas?
A ideia já existia há muito tempo. Eu já tinha o arroba [nome do Instagram] há muito tempo, mas na época que comecei a fazer isso foi quando a pandemia começou, as coisas não estavam andando e eu desanimei. Depois, muitas coisas começaram a acontecer na minha carreira, então principalmente no ano passado eu não consegui tocar nenhum outro projeto além da minha carreira artística e das coleções que lancei com Magalu. E aí esse ano, como está começando mais devagar para mim, apesar de manter as gravações [do “Domingão”], foi o ano que eu consegui focar.
A ideia do projeto é ser esse lugar de representatividade, de usar a atividade física como algo que eu gosto e me faz bem, e não como algo que eu odeio e eu vou obrigada. Ele é a junção de tudo isso.
No @biggirlsclub tem vários conteúdos para aceitação mas também tem o Treinão, que é a parte da atividade física. Ali tem treino gratuito três vezes por semana e yoga uma vez na semana. Se você não treina porque não tem dinheiro, vou te ajudar a resolver, vou te dar o treino. A gente criou um treino que é curto e intenso, com geralmente 20 a 25 minutos.
Nossa ideia é gerar essa comunidade, com um professor que não é gordofóbico – isso foi uma das minhas maiores motivações para criar esse espaço, porque em todos os espaços que a gente vai fazer atividade física, a gente tem que ouvir piada, se sente mal, sente que as pessoas estão rindo, estão nos achando ridículas e achando que a gente nem deveria estar ali.
É um lugar seguro, um ambiente seguro. Eu queria que essas mulheres tivessem esse lugar que você não tem que estar armada esperando a hora que alguém vai falar algo que vai te fazer mal, porque ninguém vai te fazer mal aqui.
Tem o treinão presencial, que a gente faz uma vez por mês em São Paulo, e as meninas saíram do primeiro muito com esse espírito de comunidade, de um lugar seguro, de não se preocupar se a professora falou para fazer 20 e você só conseguiu fazer cinco. Nesses ambientes de atividade física, de treino, é sempre uma competição de quem é melhor, quem faz mais, faz menos, você fica se sentindo mal porque vão falar: “Ó lá, não aguentou porque é gorda”. Então é como se fosse um lugar onde esse mal não existe pra gente, sabe?
Dedicação com a mente
Falando sobre cuidados, o que te causa bem estar na vida?
A sensação de cuidar de mim é muito gostosa. Qualquer coisa que faço para me cuidar me dá felicidade. Hoje, por exemplo, acordei 4:30 da manhã porque eu queria fazer minha primeira aula de remo. Óbvio que não acordei animada, acordei e pensei em não ir, mas me obriguei a levantar e não ficar mais cinco minutinhos, e com calma tomei um café, vi o sol nascer e foi a coisa mais linda. Aí fiz uma atividade física que sei que é boa para o meu corpo, e isso me deixou muito feliz. A sensação de me cuidar me traz muito bem estar porque me traz a felicidade de fazer algo por mim. Se eu comer um saladão, legumes e uma proteína e aquilo vai me fazer bem, então estou feliz porque isso vai me fazer bem. Bem estar é me cuidar, mas me cuidar por amor, e não me cuidar porque não gosto de mim, porque eu não queria ter esse corpo.
Como é a sua relação com a terapia?
Já faz um tempo que eu faço. Acho também que todo mundo precisa de terapia, minha geração principalmente. A gente veio de uma geração que não é como a geração dos nossos pais. A gente cresceu passando por coisas que causam traumas (como bater para educar), então acredito que todo mundo deveria fazer terapia. É muito engraçado porque talvez as pessoas achem que o terapeuta vai resolver sua vida, mas não, ele te dá ferramentas para resolver sua vida. Então acho que todo mundo deveria fazer e, inclusive, acho que o mundo seria um lugar muito legal se todo mundo fizesse, porque muitas vezes a gente erra nas nossas relações e só descobre lá na frente, quando não tem mais como resolver. A terapia muda bastante a nossa vida, porque também é autoconhecimento. E o que pode ser melhor do que se conhecer?
Além da terapia, das atividades físicas e da boa alimentação, tem mais algum autocuidado que você acha importante manter?
Um cuidado que eu tive que aprender a ter na marra, porque tive um burnout, foi descansar. Eu não venho de uma família com boas condições financeiras. Quando eu cheguei em São Paulo, em 2011, passei necessidade mesmo, de não ter dinheiro para comer. Eu só podia fazer uma refeição por dia e nem era um lindo prato, era um lanche, um sanduíche. Então quando minha vida começou a dar certo, eu já vinha dessa estafa desde lá de trás, porque eu fazia faculdade, tinha dois ou três empregos (meu emprego e mais os bicos de bartender, garçonete, recepcionista, o que aparecesse).
Quando minha vida “começou a virar” e as coisas começaram a vir, eu não disse “não” para nada, trabalhava todos os finais de semana, todos os feriados, dia e noite e dormindo muito pouco. E aí fui deixando de me cuidar, porque aí não dá tempo de fazer atividade física porque estava fazendo aquele e aquele outro trabalho, aquele monte de trabalho. Ver minha vida dando certo era muito prazeroso para mim, então é óbvio que eu queria fazer tudo, até que tive um burnout e descobri que não dá para fazer tudo. Agora, tirando a alimentação, atividade física e terapia, eu aprendi a descansar. Eu ainda trabalho alguns finais de semana, mas não todos. Sempre tento fazer nada pelo menos um dia da semana, vendo TV e sendo muito inútil. Eu não conseguia fazer isso e me sentia muito mal de fazer, mas aí aprendi não só a fazer como a ter muito prazer em fazer [risos].
Embaixadora
Você se dedica a muitas causas e, uma recente, foi receber o convite para ser embaixadora da Herself nesse mês da dignidade menstrual. Menstruação é um tema tabu para você?
Já foi muito, porque na nossa época, imagina, era uma vergonha. Eu aprendi a desconstruir isso com a mãe de uma amiga minha, que foi uma mãe muito presente na minha vida, a tia Vera. Ela falava “mods”, eu achava super engraçada. E aí comecei a tratar esse tema com mais leveza. Já tive uma época muito difícil, porque tive suspeita de endometriose.
Por muitos anos sofri muito na minha menstruação, principalmente quando comecei a menstruar. Eu menstruava numa quantidade muito grande, sentia muita dor, tinha muita diarreia… Tudo de ruim que você podia ter na menstruação, eu tinha. Investiguei a suspeita de endometriose, que num primeiro exame o médico falou: “Você tem”, mas a gente foi investigando mais a fundo e descobriu que não.
Já usei DIU e me dei zero bem com ele, minha cara estourou de espinha, engordei muito, sentia desconforto abdominal o tempo inteiro, foi muito desconfortável para mim. A gente sempre fazia exame e a médica falava que seriam só nos primeiros seis meses. Depois, continuei sofrendo mais seis meses, mas dava aquela coisa: “Vou tirar agora? Já passei por tudo isso. E se mês que vem parar?”. Até que teve um dia eu falei: “Chega, não vou mais passar por isso, tira esse negócio de mim”, e acho que depois disso a minha relação com a menstruação ficou ainda melhor, porque sempre lembro como eu sofria com o DIU — eu não menstruava, mas sofria tanto que prefiro menstruar hoje em dia.
Como eu estou mais velha também já não tenho mais tanto fluxo. Ainda sinto bastante cólica, mas é bem menos, me limita muito menos que no passado, então já é mais tranquilo.
Por que você aceitou esse convite?
Eu fiquei muito feliz com o convite da Herself porque já tem um tempo que esse tema faz parte da minha vida. Há alguns anos, a Luana Escamilla do “Fluxo Sem Tabú” – uma ONG muito incrível que busca levar dignidade menstrual para as pessoas que menstruam – já tinha me chamado para participar de um evento lá em Paraisópolis (São Paulo), onde fiquei bem próxima do pessoal lá e até cheguei a voltar para outras coisas. E eu vi, que mesmo eu que vim de uma realidade mais difícil, nunca foi uma questão ter absorvente ou não. Mesmo que fosse o mais barato, comprava o mais barato que tinha. Então quando ela me chamou para esse evento e começou a recorrer a minha possibilidade de pessoas não terem nem isso, que é o mínimo, comecei a me envolver muito com esse tema. A Luana faz um trabalho muito lindo de conseguir essas doações. Então é um tema que eu já estava envolvida e eu amo me envolver em assuntos que mudem a vida das pessoas. Acho que meu trabalho consiste nisso e o trabalho da Herself também consiste nisso.
Eu tenho minhas aspirações artísticas enquanto apresentadora e atriz, mas querendo ou não, tudo volta para o mesmo lugar, porque estando na TV eu também mudo a vida das pessoas quando elas me veem lá. Então meu trabalho, principalmente na internet, é totalmente voltado para isso e estar em lugares representando coisas que possam mudar a vida das pessoas têm 100% a ver comigo. É o que me faz mais feliz, então me fez feliz duplamente, porque é um tema que eu já estava envolvida e é algo que muda a vida das pessoas. Me faz muito feliz estar nesse lugar.
Lettícia Munniz destina 100% do seu cachê para promover ações de dignidade menstrual, através da Herself, com foco em produtos e educação para o estado do Rio Grande do Sul
.
Rotina de beleza em dia
Quais são os seus cuidados de beleza no dia a dia?
Aparentemente eu me cuido muito mais do que eu imaginava porque um dia fiz uma publicidade de um creme para uma marca de beleza e todos os comentários eram me xingando, dizendo que eu tinha botox na cara inteira [risos]. Eu passei meses indo na frente do espelho e fazendo assim [enrugando a pele] para ver se meu rosto dobrava, porque fiquei traumatizada. Falei: “Gente, como que as pessoas estarem falando isso?”. Eu tinha feito botox no ano passado, quando vim morar no Rio de Janeiro, porque eu suo muito o buço e aí a maquiagem sai. Então fiz um botox aqui [no buço], para ver se parava de transpirar nessa região, mas não adiantou porr* nenhuma. E aí eu tive que ficar me justificando, falando que fiz no buço. Então, aparentemente, a minha cara é muito mais lisa do que eu imagino, ou faço muito mais skincare do que imagino, porque fiquei sendo acusada disso [risos].
Mas, na minha opinião, eu faço “normal”. Faço skincare de manhã e à noite. Eu tenho pavor de dormir de maquiagem, tenho ódio, não consigo dormir de maquiagem. Me sinto suja, coça, então sou zero a pessoa que fica com preguiça. Então eu cuido disso muito mais por não gostar de dormir de maquiagem do que pela preocupação. Eu estou todos os dias de maquiagem, e quando a minha carreira ficou mais forte virou uma grande preocupação, porque se eu estou todos os dias de maquiagem, preciso cuidar da minha pele porque se não vou acabar com ela. Então antes da maquiagem tem toda a preparação e, depois, eu tiro e faço outros cuidados. Confesso que tem dias que sinto preguiça, mas aí eu vou só tirar a make, passar o tônico, o hidratante, beijo e tchau. Já, outros, tem o creme para o olho, para o colo, o do pescoço… Dias e dias.
Eu sou libriana, uma pessoa equilibrada e bagunçada na mesma intensidade. Eu amo, mas é que tem dias que estou cansada e dou prioridade para outras coisas. Se antes de dormir eu tiver que ler um livro, ver uma série ou fazer um skincare, é óbvio que eu vou preferir ler o livro ou ver a série.
Tem alguma etapa de cuidado que você não pula nenhum dia?
Pode parecer bobo, mas o banho, porque tem alguns produtos que eu aproveito para usar nesse momento. Uso óleo de limpeza para tirar a maquiagem e já fico ali fazendo uma massagem facial, depois do banho sempre uso óleo corporal para hidratar o corpo, tem um momento ali que faço a hidratação no cabelo, tem o sabonete que eu gosto de passar no corpo porque é mais hidratante… O banho é uma coisa que eu nunca vou pular e sempre que eu estou nele, mesmo que esteja cansada, não deixo de fazer essas coisas. Tanto que só tiro a maquiagem no banho. Não consigo pegar uma coisa e tirar, porque acho que quando você tira fora do banho, gasta muito algodão e não é bom para o meio ambiente, então sempre tiro no banho com óleo de limpeza.
Futuro cheio de sonhos, mas sem pressa
Quais são seus sonhos profissionais para o futuro?
Eu sempre falo que sei o que eu quero ser desde criança. Nunca tive problema em ficar mais velha e pensar o que vou fazer da minha vida. Sempre soube, desde nova eu queria ser apresentadora e fazer teatro. Meus sonhos com teatro eu sempre levo com mais calma, porque eu já me cobro tanto quanto apresentadora, que o teatro eu busco levar num lugar de não me cobrar. O teatro foi uma coisa que eu sofri muito, porque eu não conseguia. Só consegui fazer quando cheguei em São Paulo. Fui fazer faculdade de comunicação – sou formada em rádio de TV – porque eu queria ser uma comunicadora, então tive que dar prioridade a isso, porque precisava me formar. E aí, paralelamente, eu tentava fazer curso de teatro, mas muitas vezes eu tinha que sair por conta de grana. Agora que consegui voltar mesmo. Então sobre meu futuro…
Hoje eu estou na Globo e estou muito bem lá, mas sempre me vejo tendo um programa, mesmo que não seja um programa só meu, porque hoje isso é cada vez mais raro. Essa junção de pessoas diversas tem sido algo que dá muito certo, então sonho muito em apresentar um programa. Sonho muito em fazer novela também, mesmo que seja algo com eu vá com mais calma, porque quero estudar muito para acessar essas oportunidades. Não quero acessar essas oportunidades porque sou Lettícia Munniz. Então daqui alguns anos quero que minha carreira artística esteja em um lugar muito bom, muito confortável e que esteja me fazendo muito feliz, porque o artista só é feliz quando ele está sendo artista.
E quero que o Big Girls Club cresça e seja muito maior do que eu, que seja independente de mim inclusive, que não dependa de mim para existir, porque acho que quanto mais força ele tiver, mais mulheres ele tem a possibilidade de mudar a vida. Então, quanto maior ele for, mais feliz vou ficar. Que ele seja um filho independente, que saia de casa.
Na sua vida pessoal, quais são seus sonhos?
Eu sempre disse que, apesar do trabalho ser trabalho, meu trabalho sou eu, minha vida é o meu trabalho. É impossível dividir, então sou muito plena quando estou realizando as coisas que sempre sonhei para mim enquanto apresentadora e agora estudando teatro para em breve ter oportunidades. Para mim, isso já é a minha vida pessoal, mas claro que tem outras questões.
Quero poder viajar mais e quero ter filhos também, com certeza, mas não tenho pressa. Não quero ser uma mãe frustrada, porque quando você tem filho antes de realizar seus sonhos, você talvez tenha uma dificuldade maior em ser uma boa mãe. Quando eu me tornar mãe, quero que meus filhos não sejam um “empecilho” para mim. Ainda quero realizar muitas coisas antes de ter filho, até porque penso em adotar e nem penso em adotar nenenzinho, então ser mãe mais velha para mim não vai ser um problema. Eu só não gostaria de ser mãe solo, gostaria de ter a família completa, seja com um pai ou com outra mãe.
Não gostaria de fazer isso sozinha, mas se tiver que fazer, faria também, porque quero ter um filho e isso não é uma coisa que, se não tiver alguém para ter comigo, eu não vou ter. Eu vou ter. E se tiver que ser sozinha, vai ser, mas eu prefiro ter com alguém, porque deve ser muito difícil [risos]. Então não tenho pressa para todas as minhas aspirações pessoais, porque meu trabalho é tão pessoal, é tão um sonho que estar nele, buscando ele, já me realiza. Eu não sou infeliz porque não posso ter filho agora, não tenho essa sensação. Eu sou feliz com o que eu tenho agora e quando eu puder ter todas essas coisas vou ser feliz também, não mais e nem menos.
Texto: Ana Paula Ferreira
Edição: Larissa Serpa
Direção de arte: Kareen Sayuri
Conceito da foto: Anamaria Sabino
Fotógrafas: Vivian Pupin e Vanessa Deleu
Styling: Larissa Benevenuto
Beleza: Welida Souza
Assessoria de Imprensa: Mynd8