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Explante de silicone: próteses mamárias podem gerar doenças autoimunes?

A cirurgia de retirada das prósteses mamárias virou tópico quente nas redes sociais por conta da sua ligação com doenças autoimunes

Por Marcela De Mingo
20 out 2021, 12h00
explante de silicone
Woman hand checking lumps on her breast to check your self for breast cancer, examination for healthy good , healthy lifestyle concept (Sakan Piriyapongsak / EyeEm/Getty Images)
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Há pouco tempo, Fiorella Mattheis falou pela primeira vez sobre o seu explante de silicone. Ela não foi a única: a ex-Spice Girl Victoria Beckham e a atriz Ashley Tisdale também entraram no coro de mulheres que decidiram tirar os implantes de silicone. Os motivos variam, mas costumam cair em duas categorias: estética ou saúde

O que é um explante de silicone? 

Assim como o implante, o explante de silicone é uma cirurgia que retira o implante ou prótese mamária. É curioso perceber que o assunto virou tendência nas redes sociais, muito alimentado pelas discussões iniciadas pelas próprias celebridades, que abriram o jogo sobre o procedimento, e, desde fevereiro de 2020, o assunto viu um boom nas buscas no Google – dizem que o aumento foi de 170%. 

Mas a pergunta que fica é: por que tantas mulheres começaram a falar sobre isso na internet? “São, na maioria, mulheres que atribuem às próteses mamárias sintomas como dores articulares, musculares, fadiga, perda de cabelo e até mesmo alterações de peso”, explica a cirurgiã plástica Juliana Sales, do Rio de Janeiro. “Elas se autodiagnosticam com ‘Breast Implant Ilness – BII’ ou Doença de Silicone. Estudos têm sido realizados nesta área, porém, até o momento, não há comprovação científica que embase essa relação das próteses com os sintomas descritos”. 

De acordo com a médica, o explante é uma opção por alguns motivos. Em termos de estética, passa por insatisfação com o aspecto atual ou arrependimento. É o caso de Victoria Beckham, que chegou a comentar na mídia internacional que, um tempo após a cirurgia, não se sentia bem com os seios maiores. É comum, também, casos de mulheres que colocaram o silicone muito novas, provavelmente movidas por um desejo de se encaixar mais em um padrão de beleza, e se arrependem depois. “Por isso a importância de se pensar muito bem antes de decidir fazer uma cirurgia”, continua a médica.

Já os principais motivos relacionados à saúde são: 

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  • Alcl – Linfoma anaplásico de grandes células: um caso raro de câncer associado às próteses;
  • Síndrome Asia (Síndrome autoimune induzida por adjuvantes): uma doença autoimune que pode ser induzida pelas próteses;
  • Contratura capsular: reação do organismo que gera uma membrana endurecida ao redor da prótese;
  • Ruptura da prótese.

 Como saber se tem algo errado com o implante de silicone? 

Muitas mulheres falam que, em dado momento, o corpo “rejeitou” o implante de silicone. De acordo com a médica, esse não é o termo correto – o ideal é dizer que existe uma infecção, um seroma ou uma contratura capsular. 

Dessa forma, é possível identificar que existe uma questão relacionada ao implante quando o corpo dá os sinais típicos de, por exemplo, uma infecção: aumento e dor em um dos seios, região vermelha e inflamada, quente, indo até a febre. No seroma, existe uma produção de líquido que se acumula por uma reação inflamatória exagerada (às vezes, próximo à cicatriz da cirurgia) e que pode gerar deformações nos seios. Por fim, no caso da contratura capsular existe uma reação do organismo, que gera uma membrada endurecida ao redor da prótese e que evolutivamente pode gerar dor e deformações no formato das mamas.   

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Implantes nas mamas e doenças auto-imunes

Alguns parágrafos acima citamos a Síndrome ASIA, uma síndrome autoimune muito conectada com os implantes mamários. Mas é importante notar que não são os implantes que geram essas questões – no caso da ASIA, eles atuam como adjuvantes, ou seja, como auxiliares no desencadeamento da síndrome. 

“Embora alguns sintomas da Síndrome ASIA sejam relatados no BII, é preciso notar que a Síndrome ASIA é uma doença reconhecida e apresenta critérios maiores e menores para seu diagnóstico, enquanto a BII não é uma doença reconhecida pela classe médica e não apresenta critérios definidos para diagnóstico”, diz a médica. “A relação da prótese de mama e ASIA ou doenças reumáticas ainda é inconclusivo.”

E a cirurgia, como funciona? 

Em termos de contraindicações, elas são as mesmas para qualquer outra cirurgia, como alguma condição clínica que impeça o procedimento. “É claro que precisa ser levado em consideração que, dependendo do tamanho da prótese e da flacidez da mama, o resultado final pode ser esteticamente desfavorável, resultando em mamas flácidas e vazias, o que pode gerar a necessidade de retirada de excesso de pele levando a novas cicatrizes”, explica Juliana. “O procedimento tem as mesmas exigências pré-operatórias da colocação e deve ser realizada sempre por cirurgião plástico.”

E para quem optar por um explante, é preciso considerar o pós-operatório, que inclui repouso relativo e varia de acordo com a rotina de cada cirurgião e com a cirurgia realizada. O procedimento pode ir desde a retirada da prótese até um mais complexo, com retirada da pele para evitar uma flacidez proveniente do “esvaziamento” das mamas. “De forma geral, a paciente pode voltar a dirigir em duas semanas e a fazer atividades físicas em 20 a 30 dias”, completa ela. 

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