Quando você se olha no espelho ou se vê em uma situação como uma reunião de trabalho, você se sente confiante? A autoconfiança é um ponto-chave no discurso de amor-próprio, mas parece muito mais simples falar sobre o assunto do que, de fato, sentir-se mais confiante.
Esse é um trabalho que leva tempo e muita prática. É por isso que conversamos com a psicóloga clínica Ghina Machado para entender como o processo de autoconfiança funciona.
O QUE É AUTOCONFIANÇA?
“Autoconfiança significa confiança em si mesmo e nas próprias capacidades, qualidades e julgamentos”, explica Ghina. “É quando você possui a convicção de ser apto e capaz de fazer ou realizar alguma coisa.”
A autoconfiança é um dos pilares da autoestima e um fator relevante para um bom desempenho em qualquer situação. Em outras palavras, desenvolver um nível saudável de autoconfiança pode colaborar para o sucesso na vida profissional e pessoal, já que gera menos insegurança e uma vida mais satisfatória.
A boa notícia para os inseguros de plantão é que a autoconfiança pode, sim, ser desenvolvida a qualquer momento na vida. Mas, como explicamos nos primeiros parágrafos deste texto, não é tão simples quanto parece. Se perceber pouco confiante é resultado de uma história de vida, em que as primeiras relações e experiências humanas colaboraram para essa constituição.
“Em algumas situações, é necessário um trabalho mais profundo, como a Psicoterapia”, continua a psicóloga. “Em outros contextos, é possível realizar algumas mudanças mais simples que nos ajudem a melhorar a nossa crença na capacidade em executar algo.”
O processo até a autoconfiança passa por uma série de passos que vão além de ações simples (mas que podem ser efetivas), como colocar uma roupa em que você se sente bem ou falar afirmações positivas sobre si na frente do espelho. Engloba uma visão sobre os seus padrões de comportamento, autoconhecimento e autoaceitação, busca por integridade social, práticas de autocuidado e, claro, autocompaixão e um enfrentamento de medos e dúvidas.
“A autoconfiança é imprescindível para termos sucesso naquilo que nos propomos a fazer”, diz Ghina. “Nos autoconhecer, aceitar quem somos e termos mais autoconfiança nos permite ter uma vida mais autêntica. Ser cuidadosos com nós mesmos, estarmos cientes das nossas dificuldades, fazermos as pazes com o que nos limita, ampliarmos nossas possibilidades de ação, permite-nos evoluir e ter oportunidades significantes.”
Aceitar a nossa capacidade de cumprir com uma tarefa nos faz assumir uma postura positiva diante de novos desafios, afinal a autoconfiança funciona como um motivador para o comportamento. Se uma pessoa acredita que consegue fazer algo, ela tenta e não desiste diante de alguns empecilhos, mas persiste com mais afinco e, por isso, a probabilidade de sucesso é maior.
“No caso contrário, quando não acredito na minha capacidade de realizar algo, tendo a ter pensamentos depreciativos e inseguranças, o que faz com que eu desista facilmente e não atinja o objetivo, gerando fracasso e aumentando a sensação de incapacidade”, explica Ghina.
COMO DESENVOLVER A AUTOCONFIANÇA?
Com os pontos acima em mente, é interessante perceber que a autoconfiança, muitas vezes, precisa de um empurrãozinho para ser desenvolvida. Ou seja, contar com ajuda profissional, como um psicólogo ou terapeuta, pode ser essencial nesse processo. Ainda assim, existem exercícios que são reconhecidos pela ciência como propulsores de maior autoconfiança.
1Faça uma “pose do poder”
A Mulher Maravilha tinha uma pose tradicional: de pé, com as pernas afastadas um pouco além da medida do quadril, mãos nas cinturas, queixo para cima, desafiando os inimigos. Longe dos quadrinhos e dos filmes de heróis, a pose ficou conhecida como uma “pose do poder”, ou seja, uma postura corporal que interfere na sensação interna de alguém.
A professora de Harvard, Amy Cuddy, explicou em um famoso TED Talk como a postura corporal pode interferir nos seus níveis de confiança: por exemplo, as “poses de poder”, segundo o seu estudo, comprovadamente aumentam os níveis de testosterona no sangue e diminuem os de cortisol em 25% em apenas dois minutos. Isto é: menos estresse e mais confiança, literalmente!
2Sorria
Acredite se quiser, a famosa frase “finja até conseguir”, (ou “fake it ‘til you make it”, no original em inglês) tem um fundo de verdade. Sorrir ajuda a diminuir os níveis de estresse e também controla os batimentos cardíacos. Na dúvida, abrir um sorriso – e continuar sorrindo – mesmo que não seja imediatamente sincero, pode ajudar muito com a sua sensação de confiança no momento.
Tenha alguém com quem desabafar
Muitos estudos mostram a importância de ter uma rede de apoio disponível a todo momento – não só quando você está passando por problemas. Ao sentir-se inseguro, vale a pena buscar aquela pessoa em quem você pode confiar e aliviar as suas dores para, então, agir. E, claro, a recíproca não só é verdadeira, como necessária! Construir relações de reciprocidade, em que você pode contar com o outro e ele com você, são a base da autoconfiança.
Ouça uma música poderosa
A música pode mudar a nossa sensação interna – e isso não é nenhuma novidade. Tanto que existem pesquisas que mostram como algumas canções específicas (como “We Will Rock You”, do clássico grupo de rock Queen) têm a capacidade de aumentar a nossa sensação de confiança.
Essa, aliás, é a desculpa perfeita para você montar uma playlist com aquelas músicas que fazem você se sentir mais energizado e ouvi-la sempre que precisar de um empurrãozinho.
