Eu era magrinha até a adolescência. Aos 18 anos, fui morar na Austrália e trabalhei em um restaurante mexicano. Para economizar, almoçava todos os dias por lá. Resultado: engordei 8 quilos. De volta ao Brasil, tentei mil e uma maneiras de emagrecer, dietas malucas, remédios. Até me matriculei em academias, mas faltava força de vontade e acabava desistindo. Sou de Curitiba e, em 2012, deixei a minha cidade para trabalhar em São Paulo e desandei de vez. Na agência em que eu trabalhava, todos os dias, após as 18 horas, salgadinhos e cerveja eram liberados. Minha rotina era baseada em aproveitar os petiscos na empresa, assistir a filmes em casa e comer ainda mais. Só parava quando estava passando mal e raramente saía para fazer qualquer programa. O desfecho não poderia ter sido outro: perdi o controle do meu peso.
No ano seguinte, eu me mudei para o Rio de Janeiro. Sempre admirei a cidade pelo que via na televisão e falo que a minha alma é carioca. Logo que cheguei, conheci o meu namorado. Ele leva uma vida completamente oposta àquela que eu estava acostumada. Acorda cedo, corre na rua, pratica triatlon e é superadepto de um lifestyle ativo. E, convenhamos, o Rio é uma cidade que inspira vida saudável! Todos aqueles corpos esculturais no calçadão, as paisagens maravilhosas… Percebi que a rotina que eu levava não cabia naquele cenário e quis me encaixar.
Comecei a academia – com o empurrãozinho do namorado, que conseguiu um desconto para mim. Fiz todas as aulas e as minhas preferidas eram as outdoor. Na hora que conheci a corrida, não houve jeito e me apaixonei. Ao mesmo tempo, consultei uma nutricionista e descobri diversas intolerâncias alimentares. Cortar lactose, glúten, fermento e leveduras – adeus, cervejinhas! – fez toda a diferença no meu organismo. No começo, foi muito difícil – eu não comia nada saudável. Tive que me readaptar aos poucos e ir mudando os meus gostos. Os resultados começaram a aparecer e isso me animou muito.
Correr também veio aos pouquinhos, pois achava que era algo impossível para mim. Eu corria um minuto e andava dois – morrendo! E fui aumentando, gradativamente, até que completei uma prova de 5K. Depois de 10K. No ano passado, fiz duas meias maratonas (21K) e hoje estou treinando para a minha primeira maratona (42K), em julho. Entrei para uma assessoria de corrida e estou amando! Tem gente de várias idades e com diferentes objetivos. Mas todo mundo se ajuda e, assim, dá ânimo para seguir em frente. Atualmente, intercalo os treinos dessa modalidade com uma série de musculação voltada ao que eu mais preciso fortalecer para correr. Acho importante para melhorar o rendimento do treino e evitar lesões.
A verdade é que foi uma mudança total de estilo de vida. O corpo veio como consequência – 12 quilos foram embora só nos seis primeiros meses. Hoje em dia, não me imagino comendo até não aguentar mais. Sigo a dieta numa boa e acho o cardápio gostoso. Só sinto falta dos doces na TPM – porque ninguém é de ferro! Mas gosto de alimentos que me façam sentir bem por dentro e por fora. Também prefro mil vezes acordar cedo e ver o Sol nascer enquanto corro. É uma terapia. O único momento em que eu posso me superar sem depender de ninguém, só do meu corpo, da minha cabeça e da força de vontade. Acostumei-me muito bem a isso e nem me lembro mais de como era a minha vida antiga.
5 truques para começar a correr
Está sem pique de levantar cedo e ir para rua? Ana conta o que a faz manter o ânimo todos os dias:
1. Abastecer o iPod
Todas as minhas corridas começam com Lourinha Bombril, dos Paralamas do Sucesso. Também adoro ouvir Foo Fighters e Monobloco durante os treinos.
2. Procurar uma assessoria
Cada um tem sua meta, mas todo mundo se ajuda a não desanimar e ir sempre um pouco mais longe do que antes.
3. Achar o tênis certo
Começando, várias pessoas ignoram essa parte. Eu acho essencial, pois isso evita dores que podem atrapalhar o treino e acabar virando um motivo para você não ir.
4. Traçar um objetivo
Algo que anime você a sair da cama e ir correr.
5. Ouvir o seu corpo
Vá aos poucos. Cansou? Caminha. Animou? Corre. Só não pode parar.