Quando o assunto é sexo, é verdade que muitas mulheres ainda têm dificuldades tanto em curtir o ato quanto em entrar no clima. Isso pode acontecer por motivos diversos, no entanto, é importante sabermos que é possível virar esse jogo – e tudo começa no autoconhecimento.
AS DIFICULDADES DA SEXUALIDADE FEMININA
“A maior dificuldade que recebo em consultório é a mulher achar que a estética perfeita faz dela uma mulher mais interessante na cama”, explica Ana Luiza Costa, psicóloga especialista em sexualidade e colaboradora da plataforma Sexo Sem Dúvida. “Quando, na verdade, o que faz da mulher uma mulher excitante na cama é justamente o contrário.”
De acordo com Ana, o que faz a diferença é a despretensão em relação ao próprio corpo – ou seja, quando a mulher se desprende das preocupações em relação à sua forma física e deixa a mente relaxar. Dessa forma, ela se torna mais sensorial e instintiva, permitindo-se dar mais vazão ao prazer sexual.
“Acredito que a maior dificuldade é restrita à dependência da mulher, aquela ligada ao desconhecimento corporal, principalmente de seu corpo ‘erótico’, em detrimento de um conhecimento focado apenas em seu corpo ‘estético’ e ‘higiênico'”, complementa Gerson Lopes, ginecologista com atuação em sexologia e coordenador do Departamento de Medicina Sexual da Rede Mater Dei de Saúde. “Isso tem mudado com o tempo? Sim, mas, infelizmente, as mudanças ocorrem devagar.”
Para o especialista, nas últimas décadas as mulheres vêm investindo mais no próprio erotismo, tirando a responsabilidade por ele das mãos do parceiro ou parceira. O boom dos brinquedos eróticos durante a pandemia de coronavírus prova que as mulheres estão, sim, querendo se conhecer mais, exigindo mais do parceiro e sendo menos passivas sexualmente.
Como resultado dessa auto-cobrança, principalmente, estética, as mulheres:
- Deixam de saber o que gostam e não gostam no sexo
- Terceirizam o próprio prazer (e, muitas vezes, saem do sexo frustradas)
- Experimentam muita tensão no ato sexual (inclusive muscular)
- Sofrem com falta ou questões de lubrificação
- Têm uma vivência sexual altamente insatisfatória
COMO SENTIR MAIS TESÃO?
A boa notícia é que é possível, como falamos anteriormente, reverter esse processo. Porém, é necessário um esforço pessoal e a quebra de paradigmas para que cada mulher descubra o que realmente a excita.
“As mulheres são mais integradas nesse sentido. Tanto que os conteúdos eróticos femininos sempre têm um cenário, uma historinha e um contexto”, explica Ana. “As mulheres são mais auditivas, os homens mais visuais. Mulher gosta de enredo. Toques menos objetivos, por exemplo, um carinho sensual nas costas, no pescoço, preparar o corpo todo ‘pelas bordas’ ao invés de ir direto às zonas erógenas óbvias aumentam muito o prazer sexual da mulher.”
É por isso que se diz que o tesão feminino começa ao raiar do sol para que o sexo aconteça de noite. Ao contrário dos homens, que se excitam mais rapidamente e precisam de gatilhos pontuais, a sexualidade feminina é mais demorada para “engatar”.
“Diria que, de maneira geral, a busca do conhecimento em qualquer área (não apenas sexual) leva à experiência de maior prazer”, continua Gerson. “Não há receita que sirva para todos os casos, porém, a excitação sexual depende de se buscar todos os estímulos sexuais positivos possíveis usando nossos órgãos de sentidos: tato (tempero maior do erotismo), fantasia, visão, audição e olfato.”
Fora isso, é importante também que a mulher, de posse desse conhecimento sobre si, ensine o parceiro como quer ser tratada sexualmente – e de forma alguma esperar que ele “adivinhe” o que ela gosta ou que encontre essas respostas sozinho.
“Há algum tempo, a OMS (Organização Mundial de Saúde) considera como indicador importante de qualidade de vida e bem-estar de uma população a vivência de uma sexualidade segura e prazerosa”, diz o ginecologista. “A falta de estímulos sexuais adequados leva a não excitação da mulher que traz como consequência um desprazer em sua vida sexual, comprometendo o seu bem-estar. A horizontalidade (cama) acaba afetando a sua verticalidade (seu dia-a-dia) e vice-versa. A vida sexual e não sexual fica permeada por indiferença, hostilidade, monotonia, etc.”
Certo, e com tudo isso em mente, o que fazer, então, para estimular a própria sexualidade? Veja boas dicas abaixo, que funcionam tanto para os momentos em que você estiver sozinha, quanto para os dias acompanhada:
1Conecte-se com o seu corpo
Respire fundo, sinta a própria pele, entre em contato com os próprios movimentos… Enfim, busque maneiras de se reconectar com o seu corpo.
2Crie um cenário
Que tal acender algumas velas? Ou um incenso? A ideia, aqui, é criar um ambiente que comece a estimular a sua vontade de transar.
3Tome um banho
Se você tiver uma banheira, melhor ainda! Mas um bom banho morno, à luz de velas, com cremes cheirosos e uma playlist sensual que trabalhem o tato, o olfato e a audição, pode ser essencial para dar o start no clima.
4De fato, a melhor forma de se excitar é se masturbando. E isso vale mesmo que você não esteja com vontade, a princípio. Mas a ideia é tanto você começar a se tocar mais e descobrir o que gosta, quanto tornar a masturbação uma parte da sua rotina.
Coloque uma lingerie sexy
Nada é mais excitante do que você se sentir sexy na própria pele. Para isso, que tal uma lingerie que você curte?
6Comunique-se (ou informe-se)
Abra espaço para o diálogo e o aprendizado. Converse sobre o que você sente durante o sexo e busque aprender o que você não sabe. Isso é essencial para uma experiência sexual satisfatória.
Fantasie
Para isso, relembre de experiências sexuais passadas, assista a filmes pornôs (existem ótimas opções para mulheres!), leia um livro picante (como Cinquenta Tons de Cinza!)… busque elementos que ajudem você a criar um cenário picante na sua mente.