O sedentarismo, o excesso de peso e o estresse da população são alguns dos fatores que têm contribuído para o aumento do número de casos de acidente vascular cerebral, conhecido como derrame, nos últimos anos, com estados mais graves e em perfis mais jovens.
“O AVC pode ser associado a outras doenças, como hipertensão, obesidade, diabetes, e também os aspectos genéticos”, afirma o Dr. Feres Chaddad, líder da neurocirurgia da Beneficência Portuguesa de São Paulo (BP).
A seguir, o médico explica como identificar o AVC e o que fazer para preveni-lo. Saiba mais!
TIPOS DE AVC
O acidente vascular cerebral ocorre quando a circulação de sangue no cérebro é interrompida, causando uma paralisia. Ele pode ser dividido em dois tipos, que se dão por motivos diferentes:
- AVC isquêmico: É o mais comum, correspondendo a cerca de 80% dos casos. Caracteriza-se pelo entupimento de uma artéria.
- AVC hemorrágico: É provocado por um sangramento devido ao rompimento de um vaso sanguíneo cerebral.
As sequelas envolvem dificuldade para falar, confusão mental, paralisia facial, perda do controle de movimentos, aumento ou diminuição da sensibilidade e fraqueza muscular.
COMO IDENTIFICAR O AVC?
Os sintomas de um derrame podem ser sutis e aparecer repentinamente, porém alguns sinais podem ajudar a reconhecer a situação, por exemplo:
- Diminuição ou perda da força ou da sensibilidade em um lado do corpo;
- Dor de cabeça persistente;
- Redução do nível de consciência;
- Sonolência (quando o indivíduo quer dormir muito ou só despertar com estímulo doloroso).
“Nessas situações, deve-se procurar imediatamente a unidade de saúde mais próxima da residência”, alerta o especialista.
FATORES DE RISCO DO AVC
Segundo o Dr. Feres, os fatores de risco do derrame são praticamente os mesmos que causam o infarto no coração, e estão relacionados a alterações na viscosidade do sangue que interferem na pressão sanguínea.
O médico cita a hipertensão como a principal causa, além de características manifestadas na síndrome metabólica, um conjunto de condições que combina pressão alta, quantidades elevadas de colesterol e açúcar no sangue e acúmulo de gordura ao redor da cintura.
Pessoas acima de 55 anos são mais suscetíveis a ter um AVC. Já as mulheres têm menos chances de desenvolver o problema, uma vez que o progesterona desempenha um papel protetivo sobre os vasos sanguíneos. No entanto, após a menopausa, essa proteção hormonal é perdida e o risco se torna o mesmo dos homens.
Idade, sexo e histórico familiar são marcadores que não podem ser modificados, porém é possível prevenir um AVC mantendo sob controle os outros fatores de risco. Entenda!
DICAS PARA PREVENIR UM AVC
1Ter uma dieta equilibrada
Para prevenir o derrame, é fundamental ter uma alimentação saudável, priorizando o consumo de verduras, legumes, grãos e frutas, e regulando o teor de sal da comida.
O sal é um tempero que tem em sua composição o cloreto de sódio, substância associada ao aumento da pressão arterial. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que é seguro ingerir até 5 gramas de sal diariamente, o que equivale a 2 gramas de sódio.
Além disso, é recomendado evitar alimentos ultraprocessados, por exemplo, bolachas, enlatados, congelados e refrigerantes, pois eles têm elevado teor de sal, alto índice glicêmico e gordura saturada, o que favorece a hipertensão, a obesidade e a diabetes tipo 2.
2Praticar atividade física
Praticar exercícios físicos de forma regular, especialmente os aeróbicos, que aceleram a frequência cardíaca, auxilia na regulação da pressão arterial e na diminuição do colesterol, dos triglicérides e da glicose.
Movimentar o corpo também aumenta a velocidade do fluxo sanguíneo e baixa os níveis de viscosidade no sangue.
Acabar com o tabagismo e outros vícios
O tabagismo está associado ao endurecimento da parede dos vasos sanguíneos, o que colabora para o acidente vascular cerebral.
Por esse motivo, para prevenir a emergência médica, o ideal é abandonar o cigarro, inclusive evitando a exposição passiva (quando você aspira a fumaça produzida por outra pessoa que está fumando).
Não consumir álcool em excesso e outras drogas ilícitas, que desequilibram o mecanismo natural de regulação sanguínea do corpo, são outras medidas necessárias para evitar o derrame.
4Gerenciar o estresse
O estresse é um importante fator de risco para o AVC e a pressão alta. Então, o médico recomenda adotar estratégias para lidar com as tensões do dia a dia, entre elas, yoga, mindfulness, meditação e terapia.
5Dormir bem
Pessoas que dormem cinco horas ou menos apresentam mais riscos de terem doenças como diabetes, Parkinson e AVC, conforme estudo publicado na revista PLOS Medicine.
“O sono estimula o fluxo sanguíneo no cérebro e ajuda a reduzir o nível de estresse do organismo“, afirma o especialista. Vale lembrar que a média indicada para adultos é de oito horas de sono por dia.
6Tomar cuidado com anabolizantes
Os anabolizantes são perigosos, pois podem levar a uma hipertrofia do coração e ao endurecimento das artérias, dois problemas que, isolados ou combinados, contribuem para a ocorrência de doenças cerebrovasculares.
7Fazer checkups médicos
Os checkups médicos são indispensáveis para todas as pessoas, já que permitem a identificação precoce de eventuais disfunções no organismo, facilitando o tratamento e evitando complicações mais graves.
Chaddad destaca que a consulta com um cardiologista é particularmente importante. Isso porque esse profissional pode tratar condições como a fibrilação atrial, tipo de arritmia caracterizada por batimento do coração acelerado e descompassado, que pode produzir coágulos que, ao atingirem o cérebro, podem entupir vasos sanguíneos e resultar em um AVC isquêmico.