Diante de tantas opções disponíveis hoje em dia, escolher o melhor contraceptivo é uma tarefa que deve ser feita com ajuda de um profissional, que, após conhecer mais sobre a realidade e necessidades de cada paciente, poderá indicar o tipo mais adequado.
De acordo com Thais Mussi, endocrinologista e metabologista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), antes de fazer uma escolha desse tipo, é preciso reconhecer que os métodos possuem diferentes mecanismos de ação e que podem afetar os hormônios e a saúde de várias maneiras.
“Essa escolha deve considerar os efeitos hormonais do contraceptivo. Questões como histórico de doenças cardiovasculares, trombofilias, enxaquecas, e outros fatores de risco devem ser avaliados em conjunto com um profissional de saúde”, ela afirma. “Além disso, é preciso que a paciente monitore as mudanças de sua saúde física e mental a partir do início do uso dos métodos contraceptivos”, completa.
A endocrinologista destaca, ainda, que dentre as opções disponíveis hoje em dia, estão métodos hormonais e não hormonais. “Os contraceptivos hormonais, como pílulas, adesivos, injeções e dispositivos intrauterinos (DIUs) hormonais, contêm hormônios sintéticos que mimetizam os hormônios naturais do corpo, principalmente o estrogênio e a progesterona”, ela explica.
Tipos de contraceptivo
- Pílulas combinadas
Elas contêm estrogênio e progesterona e funcionam principalmente suprimindo a ovulação. Ao inibir a liberação de hormônios folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH) pela hipófise, essas pílulas impedem que os ovários liberem óvulos. “Além disso, elas espessam o muco cervical, dificultando a passagem dos espermatozoides, e alteram o revestimento do útero, tornando-o menos receptivo à implantação de um óvulo fertilizado”, detalha a médica.
Seu uso contínuo pode regularizar o ciclo menstrual, reduzir dores menstruais e diminuir a incidência de cistos ovarianos. Por outro lado, segundo Thais, podem aumentar o risco de trombose venosa, hipertensão arterial e, em alguns casos, influenciar negativamente o humor e a libido.
- Pílulas só de progesterona (minipílulas)
Utilizam somente a progesterona e são indicadas principalmente para mulheres que não podem usar estrogênio. “Elas funcionam principalmente espessando o muco cervical e alterando o revestimento endometrial e podem ser menos eficazes na supressão da ovulação em comparação com as pílulas combinadas, mas ainda assim são altamente eficazes”, avalia a especialista.
Esta modalidade, segundo ela, tende a causar menos efeitos colaterais relacionados ao estrogênio, como náuseas e retenção de líquidos, mas podem causar irregularidades menstruais.
- Adesivos e anéis vaginais
“Eles também liberam uma combinação de estrogênio e progesterona, semelhante às pílulas combinadas. A diferença está na via de administração, que pode ser mais conveniente para algumas mulheres e oferecer uma liberação mais estável de hormônios”, define Thais.
- Injeções de progesterona
Administrações trimestrais de progesterona também espessam o muco cervical e afinam o revestimento endometrial, segundo a médica. Elas podem suprimir a ovulação em alguns casos e são eficazes por períodos prolongados. Podem causar irregularidades menstruais, ganho de peso e alterações de humor.
- DIUs hormonais
Liberam progesterona diretamente no útero, proporcionando uma liberação constante e local do hormônio. Espessam o muco cervical, afinam o endométrio e podem, em alguns casos, suprimir a ovulação. São altamente eficazes e podem durar vários anos. “Aqui os efeitos colaterais comuns incluem sangramentos irregulares e, eventualmente, ausência de menstruação”, explica Thais.
- Métodos contraceptivos não hormonais
Ao lado das opções que utilizam hormônios na composição, os DIUs de cobre não afetam os hormônios naturais do corpo, de acordo com a médica endocrinologista. “O cobre tem um efeito espermicida, que impede a fertilização do óvulo. Esses métodos não alteram os níveis hormonais, evitando muitos dos efeitos colaterais associados aos métodos hormonais, mas podem causar aumento do fluxo menstrual e cólicas”, conclui a médica.