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Cetamina: a droga que está sendo usada para tratar a depressão

O anestésico, que se tornou uma droga ilícita na década de 1980, tem efeito efetivo e rápido no combate aos sintomas da doença mental

Por Marcela De Mingo
17 nov 2022, 08h00
cetamina e depressão
 (Alex Green / Pexels/Divulgação)
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A saúde mental se tornou uma protagonista em muitas conversas importantes relacionadas ao ambiente de trabalho e à qualidade de vida. E dentre os muitos tratamentos, um tem se mostrado cada vez mais interessante: a ketamina. 

Também chamada de cetamina, essa substância é uma velha conhecida da medicina. É um anestésico e analgésico que foi desenvolvido na década de 1960 para uso médico e, ainda hoje, é utilizado para anestesia e alívio da dor. 

Na década de 1980, a ketamina ganhou um outro uso: o de droga recreativa e, claro, ilícita. Por conta disso, ela passou a ser super controlada para evitar a utilização fora do ambiente hospitalar, mas, ultimamente, passou a ser usada também para tratamento de quadros depressivos onde o início da ação medicamentosa mais rápido é necessário. 

ENTENDENDO A DEPRESSÃO 

Antes de falarmos mais sobre a cetamina, vale a pena fazermos uma revisão sobre depressão. “O termo depressão tem vários significados, mas, na Psiquiatria ele se refere a um quadro específico, em que sinais e sintomas devem estar presentes por um período definido e que pode ocorrer em uma série de transtornos psiquiátricos distintos (transtorno depressivo, transtorno bipolar do humor, entre outros), explica o Dr. Adriano Segal, psiquiatra da USP e membro do Departamento de Psiquiatria da ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica).

O termo, quando usado em um referencial de saúde, é diferente de tristeza, que é um dos sinais e sintomas que podem estar presentes no episódio.

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E, apesar da depressão se manifestar de forma emocional, muitas vezes, sabe-se também que ela tem certa relação com o funcionamento do cérebro – mais especificamente, com a nossa produção hormonal e as sinapses cerebrais. 

Os médicos ainda não sabem exatamente como essa relação acontece, mas existem muitos sinais de que os quadros depressivos estão associados a alterações de neurotransmissores, do funcionamento das vias nervosas e mesmo da alteração do consumo de oxigênio, por exemplo, de áreas específicas do cérebro. 

CETAMINA E O TRATAMENTO DE DEPRESSÃO 

Para começar um tratamento de depressão o primeiro aspecto é, com certeza, o correto diagnóstico. Para isso, consultar profissionais de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras faz parte desse processo. 

“Uma vez definido, a indicação correta da medicação é de importância elevada e idealmente ela deve ser usada em associação a psicoterapia e melhora global de hábitos de vida, incluindo alimentação mais saudável e atividade física”, explica. “Os mecanismos de ação dos medicamentos são distintos e sua eficácia e segurança são conhecidos.”

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Entra aí a cetamina, que, no Brasil, já é inclusive aprovada pela ANVISA, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, para o tratamento de quadros depressivos desde 2020. 

Nesse caso, vários estudos mostram a sua eficácia e segurança (desde que as normas de uso sejam seguidas) em quadros depressivos refratários, associado a um início de efeito muito rápido, diferente do que ocorre com outros tratamentos biológicos.  

“Porém, devido a seus riscos, ao contrário dos demais agentes antidepressivos que podem ser usados ao nível domiciliar, o uso da cetamina deve ser feito apenas em estabelecimentos monitorados (hospitais ou clínicas), com acompanhamento de profissional habilitado”, diz.  

Dentre os sintomas mais comuns associados ao uso dessa substância estão as náuseas, os vômitos, a tontura, a sonolência e a confusão mental. 

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