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Tudo sobre Mindfulness, por Luiza Bittencourt

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O que é mindfulness: almofada e outros mitos

Por Larissa Serpa
13 set 2022, 17h27
We Are
 (We Are/Getty Images)
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“Ah, meditação não é pra mim, sou muito agitado(a)”.

“Impossível, eu penso muito, não consigo esvaziar a minha mente”.

Já ouvi muito isso de alunos. Muitas pessoas pensam assim por tudo que escutam sobre meditação ao longo da vida. E não me excluo dessa, pensava exatamente assim há uns anos. Nunca tinha meditado na vida, nem por um minuto, quando conheci a prática de Atenção Plena. Me surpreendi com a simplicidade da prática e quebrei vários pré-conceitos.

Precisamos lembrar que existem vários tipos de meditação, então vamos entender aqui um pouco mais como funciona a prática de Mindfulness (Atenção Plena). Primeiro e mais importante, não é só meditação, é um estilo de vida. Você vai praticar em todos os momentos do seu dia (comendo, trocando de roupa, dirigindo, tomando banho, fazendo uma reunião, quebrando hábitos, etc.) e não só na hora de parar para meditar. É viver em atenção/consciência plena, sem julgamentos. Sssim, tudo que fazemos com presença é uma grande meditação. Estar presente em todos os momentos da sua vida, sem deixar a mente ser sequestrada pelo passado (que gera depressão, nostalgia, autocrítica exagerada) ou pelo futuro (gerando ansiedade) o tempo todo. E por que isso é bom? Se o momento presente é agradável, aprendemos a aprecia-lo ainda mais. Se o momento for desafiador, aprendemos a lidar com ele da melhor forma possível. Afinal, é o momento presente, não devemos lutar contra ele, devemos ter clareza mental para tomar decisões e desenvolver jogo de cintura. Isso evita muito sofrimento , isso é ter inteligência emocional.

Uma pesquisa de Harvard (2000) mostra que estamos distraídos 47% do nosso tempo. Uma pesquisa mais recente, de 2018, constatou que pioramos: agora está em 60% pelo menos. Remoendo o que já passou ou sofrendo com o que ainda não aconteceu. Vivemos no piloto automático nos dias de hoje: não lembramos onde deixamos a chave de casa, o que comemos no café da manhã, o que falamos com as pessoas.  Acreditamos que nossa memória está péssima, mas, na verdade, o problema não é falta de memória, é falta de presença no que fazemos mesmo.  Isso é extremamente cansativo, por isso nos sentimos sempre drenados, exaustos. Mindfulness, portanto, é esse treino mental, essa musculação do cérebro, voltando sempre a sua atenção para o aqui e agora. Isso modifica o nosso cérebro (a neurociência comprovou a neuroplasticidade), moldando-o de uma forma mais benéfica e  aumentando a massa cinzenta.

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E como isso tudo começou? A porta de entrada no Ocidente foi o estresse, claro. Estamos adoecendo de tanto estresse. Jon Kabat-Zinn, praticante de Mindfulness e yoga há muitos anos, buscava uma forma de aliviar o sofrimento de seus pacientes. Jon é médico, professor, fundador e diretor da Stress Reduction Clinic no Centro Médico da Universidade do Massachusetts. Em 1979, criou o protocolo MBSR (Mindfulness Based Stress Recuction) para as pessoas com dores crônicas e problemas de estresse. O Programa de 8 Semanas, criado por ele,  é laico, para que todos possam se beneficiar da prática. Afinal, Mindfulness é para todos.

Além de redução de estresse, ansiedade e alívio de dores crônicas, podemos observar outros benefícios de viver de forma mindful: concentração; foco; produtividade; criatividade;autorregulação emocional; melhora na qualidade dos relacionamentos e de liderança; melhora do sono; melhora do sistema imunológico; clareza mental; nos tornamos menos críticos de nós mesmo (autocompaixão); autoconhecimento;  mais qualidade de vida; generosidade; empatia e gratidão.

De início, muitos ligam Mindfulness a almofadinhas no chão, sentar na posição de lótus, em um ambiente tranquilo , com incensos, sons relaxantes e mantras sendo entoados. Esqueça tudo isso, é realmente muito mais simples do que imaginamos e muito mais fácil de encaixar no dia a dia (até porque, na vida real, é difícil conseguir esse ambiente super controlado) : na rua, no escritório com um monte de gente em volta, no metrô… Mindfulness pode (e deve!) ser praticado a qualquer hora e em qualquer lugar.

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Vamos desconstruir outros conceitos com relação à meditação Mindfulness? Vou colocar aqui as dúvidas mais comuns.

  • Não é uma prática de relaxamento. Relaxamento pode ser uma consequência, não é o nosso objetivo. Estamos simplesmente sendo, apenas nos percebendo, não precisamos FAZER nada nem buscar estado nenhum durante a prática (meditação).
  • Não é esvaziar a mente. Todos nós pensamos, somos seres humanos. Esvaziar a mente é impossível! Deixe os pensamentos passarem, como se fossem nuvens no céu, não se apegue ao conteúdo deles. Como fazer isso? Trazendo a atenção para a sua respiração, que te ancora no momento presente novamente.
  • Não é só para monges ou quem é zen, vegetariano, etc. Mindfulness, como falei antes, é para todo mundo: crianças. adultos,idosos, estressados, céticos e por aí vai…
  • Não existe certo e errado, não existe meditação boa ou meditação ruim. Muitos falam “Minha meditação não foi boa hoje, minha mente estava muito agitada, não conseguia entrar na meditação.” Não se cobre, não temos que “entrar” em lugar nenhum, isso é muito importante. Perfeito, você percebeu como foi a sua experiência, percebeu seu corpo, sua mente, sua respiração, é só isso. Simples, né? Trazer a atenção de volta  para o presente é a musculação que nosso cérebro precisa fazer.
  • Não é uma prática de respiração. Apenas perceba como está a sua respiração nesse momento, não precisa mudar nada.

Lembre-se que não existe milagre e nem pílula mágica. Ler sobre Mindfulness ou saber do que se trata não traz os benefícios, praticar Mindfulness traz os benefícios. É uma prática diária e constante. Pesquisas já mostram que é necessário praticar um pouquinho todo dia, nem que por apenas poucos minutos.  E posso falar, por experiência própria, muda a vida. E aí, vamos praticar?

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