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Espiritualidade prática, com Debora Pivotto

Espiritualidade e autoconhecimento conectados com a nossa saúde física e mental, com o coletivo e com a vida prática
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Rayssa Leal: do choro ao bronze

Por Debora Pivotto
1 ago 2024, 10h06
rayssa leal
PARIS, FRANÇA - Rayssa Lealem 28 de julho, recebendo sua medalha. (Julian Finney / Equipe/Getty Images)
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Eu amo acompanhar as Olimpíadas. Muito além dos jogos, que já são bastante emocionantes, amo observar a forma como os atletas reagem às experiências tão intensas vividas durante as competições. As vitórias, derrotas, disputas acirradas, quedas, lesões, frustrações, alegrias. Tudo muito dramático e potente. Para quem como eu ama analisar e refletir sobre o mundo das emoções humanas, a Olimpíada é absolutamente imperdível.  

E neste final de semana, fiquei profundamente tocada pela participação da Rayssa Leal no skate feminino. Não só pelo que o ela fez na pista – que também foi lindo – mas principalmente pelo que aconteceu fora dela. 

Rayssa não começou muito bem na competição e teve notas mais baixas que o esperado na etapa de voltas. Visivelmente nervosa, errou algumas manobras bem simples nas duas vezes que entrou na pista e quase não se classificou para a final. 

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Uma cena bem diferente da Olimpíada anterior, quando a nossa fadinha, então com 13 anos, parecia não sentir qualquer pressão pelo fato de estar numa competição olímpica. Em 2021, ela simplesmente deslizou na pista.Estava segura de si, muito focada mas com a alegria de quem parecia estar apenas brincando de skate. Uma leveza linda que só os corações de criança parecem conseguir sentir. 

Já agora, em 2024, a situação era bem diferente. Rayssa Leal voltou a competir numa Olimpíada, mas não é mais aquela fadinha – e sim uma atleta de 16 anos incrivelmente famosa, com grandes patrocínios e uma carreira já consolidada no esporte. Isso cria muitos expectativas – principalmente dentro da cabeça de uma menina em plena adolescência, essa fase da vida em que a gente começa a ter noção do peso da nossa existência sem ter ainda muitos recursos pra lidar com tudo isso. 

E Rayssa visivelmente sentiu a pressão no início da prova, tanto que ao final da fase de voltas, em que teve um desempenho bem abaixo do que costuma fazer, ela caiu aos prantos e foi amparada por sua equipe. 

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E parece que esse choro foi uma grande virada de chave. Quando voltou para a pista na etapa das manobras, Rayssa parecia outra pessoa, mais alegre, sorrindo e com mais confiança. Executou duas manobras bem difíceis com maestria e garantiu o seu lugar no pódio mais uma vez, para o delírio da nação. 

Medalhas à parte, eu achei muito bonito ela se permitir chorar quando a insegurança bateu. Era o que ela precisava naquele momento para seguir de verdade na competição: acolher a sua própria vulnerabilidade, princípio básico de inteligência emocional mas raríssimo de ver em competições de alta performance (e no mundo). E admirei profundamente a sua habilidade de voltar para si e recuperar a confiança em tão pouco tempo. Isso é coisa de “gente grande”! Foi esse equilíbrio que permitiu um grande salto no seu desempenho. 

Em entrevista à CazéTV, ela explicou o que a ajudou a se reerguer pra segunda etapa da prova: “Eles falaram para eu lembrar de quando era pequenininha, quando eu só queria me divertir e levava o skate com aquela leveza. Foi isso que aconteceu. As duas manobras que eu acertei me deram o bronze”. 

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Talvez esse seja o grande talismã desta incrível atleta – a sua capacidade de, mesmo diante de grandes desafios, conseguir se (re)conectar com o que realmente importa. 

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