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Protetor solar causa queda dos fios dos cabelos?

Por Anna Cecília Andriolo
30 dez 2022, 08h30
Mulher com protetor solar no rosto
 (Anna Tarazevich/Pexels)
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Nos últimos anos, temos acompanhado o crescente número de casos de um novo tipo de queda de cabelo: a Alopecia Frontal Fibrosante (AFF).

Descrita em 1994, na Austrália, trata-se de uma doença cicatricial que acomete a linha de implantação capilar principalmente na região frontal fazendo com que haja um recuo desta linha e o alargamento da testa.

Pelo fato de ser cicatricial, os folículos pilosos acometidos não são capazes de se regenerar nem com o tratamento, ocorrendo perda definitiva do local acometido.

O tratamento precoce é portanto importante para evitar grandes perdas pois é ficado na estabilização do processo.

Além de acometer os fios do couro cabeludo ela também acomete os pelos da face, sobrancelhas (normalmente o primeiro local a ser acometido), cílios e pode acometer pelos do copo como braços por exemplo.

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Pode levar a manchas nos rosto semelhantes ao melasma, irregularidades na textura da pele facial (conhecidas como “pápulas da face”) e outros comemorativos.

Tem sido uma das doenças capilares mais estudadas nos últimos casos devido ao grande número de pacientes que chegam diariamente nos consultórios com essas características com inúmeras publicações recentes nas revistas e periódicos científicos.

E o mais intrigante é que mesmo com tantos estudos envolvidos, a sua causa permanece desconhecida.
Dentre as possíveis causas relacionadas podemos destacar: predisposição genética, disfunções envolvendo o sistema imunológico e desbalanços hormonais.

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Recentemente, tem se especulado bastante sobre o possível papel de gatilhos ambientais que poderiam desencadear a doença em pacientes predispostos, e um dos gatilhos citados foi o uso de filtro solar.

As teorias questionam a possibilidade de reação alérgica ao dióxido de titânio, perda do privilégio imune do folículo piloso com desenvolvimento de autoimunidade e também a possibilidade de disrupção endócrina.

Porém, nenhum desses mecanismos foi comprovado cientificamente e essa associação entre o uso de protetor solar e o desencadeamento da Alopecia Frontal Fibrosante não foi confirmada.

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O uso do filtro solar é uma recomendação clássica dos dermatologistas e tem um papel muito bem estabelecido na prevenção do câncer de pele e envelhecimento cutâneo.

Portanto devemos ter cautela ao tentar correlacionar o seu uso com o desenvolvimento de alopecias principalmente por não encontrarmos evidências científicas que possibilitem estabelecer uma relação causal entre esses fatos.

Segundo artigo publicado recentemente, a teoria de predisposição genética tem ganhado força após a identificação de quatro loci genômicos envolvidos na regulação imunológica e no metabolismo de hormônios sexuais que conferem um risco significativamente aumentado de AFF.

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A Alopecia Frontal Fibrosante é uma doença de grande impacto emocional e deve ser acompanhada de perto por um dermatologista especialista em doenças dos cabelos e do couro cabeludo.

Apesar da incerteza em relação aos fatores desencadeantes, o diagnóstico ainda nas fases iniciais e a instituição do tratamento de forma precoce são importantíssimos e podem mudar o curso da doença, o impacto visual e emocional dos nossos pacientes.

Respondido por:

Dra. Anna Cecília Andriolo, dermatologista membro da SBD e especializada em doenças dos cabelos e couro cabeludo pela FMUSP. @dra_anna_cecilia_andriolo

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