A fome é conceituada como a sensação fisiológica que faz o organismo procurar e ingerir alimento para satisfazer as necessidades diárias de nutrientes.
Porém, não é preciso diminuir totalmente o estoque de nutrientes do organismo para que um indivíduo sinta fome, pois o organismo é capaz de detectar variações mínimas na concentração de nutrientes e gerar sinais e estímulos que vão desencadear a ingestão de alimentos. Além disso, a vontade de comer depende de outros fatores, como hábitos sociais, sentimento de vazio, ansiedade, depressão ou doença física, oferta ou restrição de alimentos, comemorações etc.
Desde bebê, uma pessoa é alimentada em função de outros fatores que não simplesmente a fome. Existem diversos motivos para estar sempre com fome, dentre eles:
Estresse –
O chamado apetite emocional pode ser uma resposta ao estresse. O hormônio cortisol causa desejo por comida altamente energética.
Busca por refúgio –
A comida pode fornecer prazer imediato e o principal elemento envolvido nessa sensação é um neurotransmissor chamado serotonina. É por isso que pacientes depressivos tendem a fazer opções alimentares mais calóricas. Para identificar esse problema, tente separar a fome fisiológica do refúgio que o alimento oferece e faça uma pergunta a si mesmo: “Que vazio é esse que eu quero preencher com toda essa comida?”.
Sede –
Às vezes, quando você pensa que precisa comer, na verdade, está desidratado.
O açúcar no sangue está alto –
Quando você come carboidratos, doces e alimentos ricos em amido, como rosquinhas, ou refrigerante comum, eles enviam muito açúcar para o seu sistema ao mesmo tempo. Assim, seu corpo libera o hormônio insulina, que ajuda as células a usá-lo como combustível ou armazená-lo para mais tarde. Mas essa inundação de açúcar pode fazer com que seu corpo produza mais insulina do que você precisa. Isso pode diminuir muito o açúcar no sangue e deixá-lo com fome. Esse é um mecanismo perigoso e que pode influenciar no aparecimento de doenças como diabetes e obesidade, uma vez que, mesmo já tendo se alimentado, ainda há um estímulo para comer mais.
Diabetes –
Esta condição significa que seu corpo tem um problema de energia. Você pode ficar com fome porque seu corpo pensa que precisa de mais combustível. Mas a verdadeira questão é que você tem problemas para transformar alimentos em combustível. Nesse caso, você também pode perder peso, urinar mais e se sentir mais cansado.
Nível baixo de açúcar no sangue –
Chamamos de hipoglicemia. Isso significa que não há combustível suficiente ou glicose no sangue e pode fazer você se sentir cansado, fraco ou tonto. Isso pode acontecer se você não comer há mais de algumas horas. Você pode precisar comer um pouco melhor ou caso seja diabético, seu medicamento pode precisar ser ajustado para impedir que aconteça.
Gestação –
Enquanto algumas mamães se sentem enjoadas demais para comer muito nas primeiras semanas, outras podem sentir fome.
Comer rápido demais –
Quando você devora sua comida pode não dar tempo suficiente ao seu corpo para perceber que está cheio. O grande problema de comer rápido demais é que algumas pessoas só conseguem parar quando realmente sofrem uma distensão abdominal. Fazer isso com frequência pode resultar em problemas gastrointestinais como gastrite, refluxo, azia, flatulência, entre outros.
A comida não satisfez –
Os cientistas realmente cunharam um “índice de saciedade”, em que alimentos de melhor classificação satisfazem melhor sua fome pelas mesmas calorias. Por exemplo, batatas assadas satisfazem muito mais que as batatas fritas.
Privação –
Erro muito comum em quem está de dieta com restrição de alimentos, privar-se de comer algo pode ser uma armadilha. Nenhum alimento isoladamente tem o poder de jogar por água abaixo todos os seus ganhos de uma rotina saudável. Se você tem vontade de comer um chocolate por exemplo, você pode comer, mas com moderação. Tentar fazer um ‘brigadeiro fit’ ou usar pasta de amendoim para substituir pode não matar sua vontade e fazer você continuar a comer, na busca da satisfação. Quantas vezes você não quis comer um sorvete, mas com medo de engordar tentou uma banana, não se satisfez, passou pelo chocolate e terminou no sorvete, porque viu que não tinha jeito? Pois é, também é necessário se permitir.
Aromas saborosos –
Talvez você tenha visto um anúncio sobre sorvete ou cheirado biscoitos recém-assados enquanto passava pela padaria do mercado. Isso pode ser o suficiente para fazer você querer comer, quer seu corpo esteja com fome ou não. Tente perceber esses gatilhos e depois decida o que você fará. O olfato exerce um papel fundamental na alimentação. O olfato é um dos sentidos químicos; o outro é o paladar. Embora pensemos nos dois sistemas sensoriais como separados e distintos, ambos estão intimamente ligados.
Tireoide hiperativa –
Se você tiver problemas de tireoide, isso pode deixá-lo cansado, nervoso, mal-humorado e com fome o tempo todo. Fale com o seu médico se detectar algum destes sintomas. Geralmente é necessário acompanhamento e tratamento médico.
Medicamentos –
Alguns medicamentos podem afetar seu apetite. Isso inclui alguns que são usados para tratar depressão ou transtornos do humor, juntamente com certos anti-histamínicos, antipsicóticos e corticosteróides.
Insônia e distúrbios do sono –
A falta de sono pode alterar o equilíbrio dos hormônios da fome (leptina e grelina) de uma maneira que pode fazer você querer comer mais. Também pode aumentar a probabilidade de você encontrar lanches com mais calorias e mais gordura para satisfazer esse desejo.
Gasto maior de energia –
Se você passou do estágio inicial de sedentário para o de atleta amador, se matriculou (e está indo) na academia, na natação e no tênis, é normal que você sinta mais fome até seu organismo começar a se acostumar. Os primeiros dias são mais terríveis, mas depois, com a ingestão adequada de nutrientes, o corpo se acostuma.
Os mecanismos de fome e saciedade têm grande impacto na saúde do organismo, pois deles dependem a ingestão de nutrientes, para a manutenção do metabolismo e também as consequências pela falta ou excesso do consumo alimentar. Procure ajuda médica para orientação ideal de um plano alimentar de acordo com suas necessidades.
DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo.
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