Não, em nenhuma situação o escape de xixi sem querer é normal. Mas infelizmente, é muito comum: aproximadamente 1 em cada 4 mulheres vão perder xixi em algum momento da vida.
A perda de xixi, além de ser uma condição extremamente desconfortável e vexatória pode esconder outros problemas como lesão de ligamentos ou fáscias da pelve, alterações na musculatura pélvica e até vir associado a prolapsos genitais como bexiga caída ou útero caído por exemplo.
Por isso, é de extrema importância que seja feito um diagnóstico preciso do que de fato está causando a perda de xixi e tratar e acompanhar adequadamente com profissionais especializados.
Uma bexiga que funciona normal tem a musculatura relaxada na fase de enchimento para receber a urina que foi produzida pelo rim e funciona como um reservatório; e a musculatura da uretra nesta fase fica contraída para fechar o canal de saída não deixando a urina escapar.
Temos ainda uma série de musculaturas chamado assoalho pélvico que também ajuda no fechamento da uretra.
Durante um espirro, por exemplo, existe uma contração reflexa da musculatura do assoalho pélvico que ajuda nesse fechamento da uretra e contribui para que a urina não escape.
Quando a perda de xixi acontece no espirro é muito possível que a mulher não tenha este mecanismo de fechamento da uretra funcionando adequadamente. existem vários fatores de risco e geralmente é a associação deles que culmina na perda de xixi:
Aumento da pressão na barriga: Isso pode gerar uma sobrecarga de peso em cima da bexiga além do que a musculatura do assoalho pélvico pode suportar; como por exemplo, na obesidade, na gravidez, na mulher com constipação, na tosse crônica e até em mulheres que fazem exercícios intensos e de muito impacto sem ter o assoalho pélvico previamente preparado, como crossfit por exemplo.
Lesões pélvicas: A mais comum é a que acontece no parto normal, pois algumas lacerações podem comprometer este suporte da bexiga. (independente se teve episiotomia ou não, uso de fórcipe ou não, mas quanto mais lesão vaginal tiver, maior o risco da incontinência urinária)
Alteração do colágeno: Algumas mulheres já tem um tecido conectivo mais fraco, essas mulheres além da incontinência urinária podem ter prolapsos, hérnia e geralmente têm mãe ou irmãs com o mesmo problema. Outras mulheres desenvolvem essa fraqueza do tecido pelo tabagismo ou ainda pela falta de hormônio que ocorre após a menopausa. Por isso, apesar da incontinência não ser exclusiva em mulheres após os 40 anos, é mais comum após esta idade.
Fazer o diagnóstico preciso vai guiar o melhor tratamento para cada caso, e muitas vezes é preciso associação de terapias e equipe multidisciplinar no tratamento. Alguns possíveis tratamentos:
- Reabilitação de Assoalho Pélvico com fisioterapeuta especializado
- Uso de hormônio local
- Laser vaginal (Laser de CO2, Laser de Erbuim, Ultrassom microfocado e Radiofrequência)
- Cadeira eletromagnética
- Cirurgia
- Mudança de estilo de vida: cessar tabagismo, controle de peso, dieta balanceada e exercícios físicos bem orientados e reeducação postural
Por isso, se você perde xixi quando espirra ou se conhece alguém que isso esteja acontecendo, procure um Uroginecologista para investigar no seu caso qual é a causa e o melhor tratamento.
Dra. Lilian Fiorelli, Médica Ginecologista especialista em Sexualidade Feminina e Uroginecologia pela USP. @dralilianfiorelli
