O câncer de mama é a neoplasia mais incidente em mulheres no mundo e representa a principal causa de mortalidade por câncer nesta população. Como existem diversos tipos de câncer de mama, o tratamento pode variar de uma paciente para outra. Destaco aqui as principais novidades e perspectivas para essa neoplasia que tem aumentado a sobrevida (mais tempo de vida) das pacientes.
Um dos medicamentos mais revolucionários é o anticorpo droga conjugado denominado Trastuzumabe-Deruxtecan que funciona como um cavalo de tróia, entregando a quimioterapia diretamente para a célula tumoral, aumentando assim a sua efetividade. Esse remédio já estava aprovado para câncer de mama metastático, quando há comprometimento de outros órgãos, do tipo HER2 positivo.
Mais recentemente, foi apresentado no congresso da Sociedade Americana de Oncologia de 2022 um estudo em que esse medicamento apresentou resultados expressivos e superiores aos tratamentos convencionais para as pacientes HER-2 low. Essa é uma nova classificação para o câncer de mama, que inclui pacientes que antes eram consideradas HER-2 negativas. Assim, aumentamos o número de pacientes que podem se beneficiar deste tratamento de 15% para para mais de 60%.
Uma outra novidade é o uso de imunoterapia para o câncer de mama triplo negativo tanto para doença localizada de alto risco quanto para doença metastática. Os dados dos estudos são bastante animadores e consolidam a imunoterapia para esse tipo de câncer que é mais agressivo e com taxas mais altas de recidiva e metástase para o sistema nervoso central e outros órgãos. Há, ainda, aprovação no Brasil do Olaparibe para as pacientes com câncer de mama BRCA 1 ou 2 mutadas nos cenários de doença localizada e avançada.
Isso muda a prática clínica ao demonstrar que este medicamento está associado à redução do risco de progressão e morte. Importante lembrar que, lamentavelmente, esses medicamentos não estão disponíveis na rede pública de saúde, a qual assiste em média 75% da população brasileira.
Uma nova perspectiva para o câncer de mama é o TESTE TRUCHEK™️, um novo exame de sangue desenvolvido por pesquisadores britânicos com células tumorais circulantes que apresentou 92% de eficácia em detectar a doença, cerca de 5% a mais que o exame tradicional de imagem. Além disso, foi capaz de reconhecer o tumor mesmo em estágios iniciais da doença, com um acerto de 70% na fase mais precoce. No entanto, apesar de bastante promissor, esse exame ainda não muda a nossa prática clínica, pois é caro e ainda está em fase de pesquisa. Portanto, a mamografia continua sendo o melhor exame de rastreamento para mulheres com mais de 40 anos.
Dra. Isabella Drumond Figueiredo, médica oncologista