Como identificar relacionamentos abusivos?
Para identificar um relacionamento abusivo é necessário perceber uma relação com desigualdade de poder. De um lado há uma pessoa oprimida, que sofre por parte do abusador, ao menos um tipo de violência: física, psicológica, financeira, intelectual e até sexual.
Primeiramente, precisamos entender que os relacionamentos abusivos como ocorrem e evolui para esse tipo de relação. Até para identificá-la antes mesmo de evoluir e chegar na etapa final. (onde ocorrem agressões físicas, homicídio e até torturas)
No início da relação, a paixão nos faz querer viver apenas a relação. Porém, o abusador, tende a falar mal e mostrar que as relações mais próximas daquela pessoa, não são tão bacanas e assim, a apaixonada (o) se distancia de todos à sua volta.
Em seguida, como o abusador é sua única fonte de alegria, ao receber uma migalha de carinho, os neurotransmissores se amplificam e essa sensação de prazer se torna um vício neuroquímico, a dopamina produzida quando agradamos e estamos com aquela pessoa, fica restrita à praticamente quando algo é feito conforme a vontade do abusador. E dessa maneira, nos tornamos obedientes (abandonando jantares com amigos, aniversários, visitas à família, comportamentos específicos na vida profissional e até roupas “inadequadas” conforme o ponto de vista do abusador.
Assim, surge a próxima etapa: neste ponto, o abusador já está seguro de que não perderá a outra pessoa, que essa está dependente e assim, começa menosprezar, diminuir e agredir, além de dizer meias verdades (pois em alguma perspectiva até a vítima é persuadida e se culpa). Quando o abusador sente que a agressão foi excessiva, dá uma migalha de afeto e convence de que a vítima é a responsável por esse sofrimento.
O abusador está apenas ensinando algo e é para o “bem da vítima”. Esse mecanismo opressivo, causa um dano psicológico na vida da pessoa que está nesse tipo de relacionamento, como um trauma que modifica a forma da pessoa ver a vida.
Neste momento, ela não tem mais forças para abandonar essa relação sozinha, na maioria das vezes, sente que o abusador faz um grande favor em estar com ela pois, essa vítima é indigna de amor ou qualquer fonte de admiração.
O mais comum, é o término ocorrer pela intervenção de amigos ou parentes. Eles percebem as agressões, tristezas e transformações da vítima e a afastam deste convívio insalubre.
A vítima precisa perceber que é capaz de ser amada, que pode recuperar sua autoestima para passar a acreditar em si mesma (muitas vezes com o processo de terapia). Ela precisa reaprender que dia vai encontrar uma pessoa que valorize suas qualidades como elas são, sem precisar se moldar para estar com ninguém.
Lala Fonseca, Psicóloga Clínica pela FMU/SP e Terapeuta Cognitiva Comportamental pelo ITC. @lalafonsecaoficial