Como a cirurgia plástica pode ajudar pacientes transgêneros?
As mamas são o símbolo maior da feminilidade, não é a parte genital como muitos acreditam. Quando um paciente homem transgênero opta pela transição, ele começa a ficar incomodado com a presença das mamas, e é por isso que esse paciente procura um cirurgião plástico para fazer a mastectomia. A presença das mamas está agredindo, machucando, a imagem que ele quer ter de si mesmo. Aquilo não se enquadra na visão que ele tem dele próprio, já que esse paciente se enxerga como homem. Bem jovem, na pré-adolescência, é comum que eles já usem roupas mais folgadas para esconder o volume da mama, cabelo mais curto e comecem a usar testosterona para ter voz mais grossa, hipertrofia muscular, aparência mais masculinizada, mas as mamas continuam lá, “agredindo” ele. Muitos dos pacientes desejam ir para a praia sem camiseta, por exemplo. No caso da mulher trans, esse conceito é semelhante, por isso essas pacientes buscam as próteses para ter um volume nas mamas.
Com relação à parte genital, ela é muito pouco feita no Brasil, até pouco tempo atrás, só centros universitários poderiam fazer, mas agora médicos em consultórios particulares também podem atender. É uma cirurgia muito demorada, com várias etapas. Muitos pacientes meus, em geral homens trans, não buscam a cirurgia genital, justamente porque as mamas são o símbolo maior da feminilidade. É aquilo que está agredindo. Eles fazem essa retirada das mamas (mastectomia) e ficam muito felizes, muito bem. E a parte genital, para eles, não incomoda.
A cirurgia plástica existe para recuperar a autoestima das pessoas, independente de ser uma modelo que está insatisfeita com o próprio nariz, ou uma senhora com o rosto envelhecido que queira parecer mais jovem, ou seja, ela é indicada quando há um abalo da autoestima e da autoimagem. Existem cirurgias estéticas e reparadoras. A cirurgia de retirada das mamas (mastectomia) do homem transgênero se enquadra como cirurgia reparadora na legislação brasileira, porque existe uma condição, que é a disforia de gênero, e a cirurgia plástica é indicada para adequar o tórax da pessoa ao gênero que ela se identifica.
Dr. Alexandre Charão, cirurgião plástico associado à BAPS (Brazilian Association of Plastic Surgeons) e com grande número de casos de cirurgias reparadoras em pacientes transgêneros. Instagram: @baps.aesthetic