Continua após publicidade

Estresse e queda de cabelo: qual a relação?

Muitas pessoas têm relatado queda capilar e a causa pode ter relação com a pandemia de Covid-19

Por Claudia Garcia
Atualizado em 21 out 2024, 16h32 - Publicado em 15 jun 2020, 07h01
 (Unsplash/Reprodução)
Continua após publicidade

Se o seu cabelo está caindo mais do que o normal durante a quarentena, saiba que você não está sozinho. Estresse e queda de cabelo têm uma relação direta e, durante a época de isolamento social, o sentimento é provocado tanto pelo medo do Covid-19 como pelas mudanças no estilo de vida, influenciando bastante na queda acentuada dos fios, em homens e mulheres.

E, nos últimos dois meses, os relatos dessa reclamação têm aumentado, segundo Misael do Nascimento, médico dermatologista, especializado em tricologia. “As minhas consultas, agora, estão cerca de 90% relacionadas à queda de cabelo, inclusive em pacientes que já estavam de alta há anos”, diz.

Como o estresse age na queda de cabelo

A sobrevivência da espécie humana deve muito ao estresse. Situações de perigo acionam essa reação imediata no corpo, liberando mais adrenalina, que acelera o coração, e cortisol, conhecido como hormônio do estresse e que eleva a pressão e o aporte de energia nos músculos. Tudo isso com o objetivo de nos deixar alertas e prontos para enfrentar qualquer perigo iminente. O problema, segundo Misael, é que o gatilho para acionar o estresse em tempos de coronavírus é contínuo. Temos o celular que fica o tempo todo mostrando notícias assustadoras, o trabalho ininterrupto, as cobranças por alta produtividade e as incertezas causadas pela pandemia.

Esse constante estado de alerta pode elevar os níveis de cortisol. Produzido pela glândula suprarrenal, o cortisol tem funções importantes no organismo, como controlar estresse, açúcar no sangue e pressão arterial, além de auxiliar no sistema imunológico e reduzir as inflamações. Já o seu excesso provoca alterações nessas funções, podendo causar diversas complicações, como diabetes, hipertensão, osteoporose e aumento de peso. Além disso, o abuso do álcool, o cigarro, as noites mal dormidas e o excesso de tarefas, ingredientes comuns do momento atual de pandemia, são agravantes poderosos na relação entre estresse e queda dos fios.

De acordo com Misael, “o cabelo e a unha crescem rápido, então precisam de muita energia. Se existe algum desequilíbrio endógeno, o organismo tem de priorizar a vida, ou seja, o cérebro, o coração, a locomoção. Assim, ele vai deixar de mandar suplementos e micronutrientes para o cabelo, por exemplo, e vai mandar tudo para os órgãos vitais.”

Continua após a publicidade

Outros fatores

Processos inflamatórios e fatores nutricionais, que influenciam os níveis hormonais, podem também estar associados a queda de cabelo. “Tenho pacientes que fazem dietas malucas por conta própria, outros com úlcera gástrica ou anemia, com falta de vitaminas e um estilo de vida pouco saudável. Todo esse processo inflamatório provoca uma perda de fluxo sanguíneo e de micronutrientes que são importantes para o cabelo como zinco, vitamina B, ferro, magnésio e cálcio. O silício, por exemplo, trabalha na ancoragem do cabelo para que ele não caia. Além disso, o cortisol é ativado pela luz do sol. Como estamos em quarentena, dentro de casa, muitas vezes dormindo e acordando mais tarde, sem pegar sol, isso ainda causa um déficit de vitamina D, ativada pela luz solar e importantíssima para o cabelo”, diz.

Há também a influencia de doenças como diabetes, hipertensão, hipotireoidismo, hipertireoidismo, lúpus eritematoso, sífilis, ovário policístico e menopausa. “Quase sempre, cabelo, pele e unha refletem o que está acontecendo dentro do nosso corpo“, explica Misael.

Mas mesmo as situações mais comuns de queda de cabelo, como a alopecia areata – doença inflamatória com fatores genéticos e autoimune – e a alopecia androgenética ou calvície, determinada pela genética, podem ser desencadeadas e agravadas pelo estresse. “Na maioria dos casos, o estresse pode estar presente, sozinho ou associado a outras condições”, explica o especialista.

Continua após a publicidade

Estresse e queda de cabelo: como evitar

Dormir bem, ter uma alimentação saudável, tomar sol com certa frequência e praticar exercícios físicos são hábitos fundamentais para que o organismo organize seus níveis hormonais de modo que eles não fiquem em um quadro que vá provocar um nível alto constante de cortisol, evitando assim a queda de cabelo provocada por ele. Fazer ioga, relaxar, caminhar e meditar são algumas atividades que podem ajudar a diminuir o estresse.

Como saber se seu cabelo está caindo mais que o normal

O cabelo possui um ciclo de vida de três fases: o nascimento, o crescimento e a queda. Nessa combinação, é normal perder entre 100 e 150 fios por dia. Segundo Misael, “o problema não é o cabelo que cai, mas o cabelo que deveria crescer e não está crescendo”.

Para saber se seu ciclo de nascimento, crescimento e queda de cabelo está fora do normal, observe se o couro cabeludo apresenta falhas e se ela é local ou difusa – essa segunda é mais comum no caso do estresse. Faça um rabo de cavalo e veja se está com menos volume que o habitual. Falhas no couro cabeludo, diminuição de volume e outros sintomas como descamação, coceira e sensibilidade podem ser sinais de que existe algum problema. Procure um dermatologista se é seu caso.

Continua após a publicidade


Fonte: Associação Brasileira de Dermatologia

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.