Todos querem saber como superar um coração partido e seguir em frente. Mas esquecem é a importância de compreender como tudo se desenrolou até o momento da ruptura.
Se esta atitude não for tomada, é provável que a situação se repita no próximo relacionamento e isto dificulta ainda mais seu processo de superação no futuro.
Assim, apesar de toda a dor que gera um coração partido, é preciso sentar, avaliar e refletir sobre o que ocorreu.
Há algumas ferramentas que podem ajudar no processo, como a união do Ho’oponopono com a EFT (Emotional Freedom Thecniques), que ajudam a entender a origem da dor. É disso que falaremos a seguir.
Reflita
Imagine a seguinte cena:
- Você conhece aquela pessoa que acredita ser o amor da sua vida.
- Porém, de repente ele ou ela vai embora e você se depara com a solidão.
- Pode ficar um tempo sofrendo pela perda, com o coração partido. Então, você encontra de novo outro alguém que faz seu coração pulsar mais forte.
- Você, então, pensa: “Agora vai dar certo!”.
- Mas como uma reprise de um filme antigo, tudo se repete e novamente há a dor de uma separação e de estar novamente só.
- Se este filme voltará a se repetir outras vezes, depende apenas de você.
É possível interromper a repetição ao tomar consciência de quem você realmente é, do que espera da pessoa parceira, e qual a sua forma de se relacionar.
Talvez precise olhar para a síndrome do coração partido para compreender os motivos que o levaram a sofrer tanto.
Para isso, pode ser importante rever os padrões de relacionamento pelos quais você se guia, as relações em sua família de origem e quais aspectos inconscientes podem estar te impedindo de estar livre para um relacionamento e seguir em frente após uma separação.
O trabalho é todo seu, mas há ferramentas que podem ajudar.
Antes do coração partir
Muitas vezes, a pessoa que se percebe como abandonada se sente como uma vítima, como se não tivesse nada que poderia ter sido feito para mudar.
Contudo, é comum que este, na verdade, tenha sido quem provocou a ruptura do relacionamento, mesmo que não tenha tomado a atitude do término.
É claro que esta é uma dinâmica inconsciente, um processo de autoconhecimento pode desvelar para a pessoa esta percepção.
É possível perceber quando um relacionamento está chegando ao fim. Normalmente, sente-se que algo não vai bem e, ainda assim, evita-se olhar para o problema e o assunto é evitado.
Desta forma, não podemos dizer que seja surpresa quando tudo desmorona e o coração quebra junto.
Há sinais a serem observados, inclusive em você mesmo. E se ainda assim você se sente a vítima, talvez seja a hora de se atentar para os detalhes, compreender melhor e tentar assimilar qual é o grande aprendizado que a situação traz.
Síndrome do coração partido: como evitar?
Ninguém entra em um relacionamento sem trazer uma “bagagem”. Cada um carrega consigo as crenças e padrões relacionais adotados em sua família de origem. Exatamente por isso surgem os desafios.
São pessoas distintas se relacionando, criadas de forma completamente diferente e que agora buscam compartilhar uma vida em comum.
As expectativas podem ser completamente irreais de um ou ambas as partes. Assim, é importante, após o primeiro momento no qual a paixão domina, ter a serenidade para olhar para o outro tal como ele é.
A tarefa é desafiante porque muitas vezes necessita-se da criação de um novo modelo de relacionamento, diferente da família de origem. Isso pode gerar uma culpa inconsciente de estar sendo desleal. Mas é assim que nasce um relacionamento real e duradouro.
Como superar uma separação?
Existem questões que interferem na intensidade da dor de um término. Se a cada fim de relação você sente que é o fim do mundo, talvez esteja chorando por algo do passado que ainda não foi superado. É importante avaliar o caminho percorrido nas relações afetivas.
Geralmente a ruptura com o primeiro grande amor é mais dolorosa. Pode acontecer de você, na ânsia de amenizar a dor, mergulhe em outra relação antes de superar a anterior.
E assim, você passa a esperar do novo compromisso algo que na maioria das vezes é impossível de obter. Avalie, então, a intensidade do coração partido e veja se é proporcional ao ocorrido.
Aceite que o luto precisa existir. É importante viver a dor e não ignorá-la. Recolha-se por um tempo. Faça uma revisão de tudo o que ocorreu.
Tente perceber quais padrões moveram você e a pessoa parceira, qual a responsabilidade de cada um em tudo o que ocorreu. Assumir a sua responsabilidade é parte essencial no processo de crescimento, afinal é a sua vida e são suas escolhas.
Ferramentas que ajudam na superação
Há algumas ferramentas que podem ajudar no processo.
Os pontos da EFT — técnica que utiliza as pontas dos dedos para estimular partes específicas do corpo — podem ajudar você a se lembrar de alguma etapa anterior de sua vida na qual também se machucou. Ao identificar a raiz da dor, permita-se liberá-la do seu inconsciente.
Se é a primeira vez que se depara com o coração partido, utilize a EFT para expor todo o sentimento presente na situação.
Associe com o Ho’oponopono, utilizando as quatro frases — sinto muito, me perdoe, eu te amo e obrigado — para cada aspecto da situação que percebe como negativo. Assim, você pode liberar toda a dor sem deixar nada pra trás e seguir em frente.
Seguindo em frente
Apesar do sofrimento, é possível continuar na mesma relação mesmo que o outro tenha partido seu coração. Faça um balanço para compreender o processo e perceber se havia expectativas irreais quanto ao relacionamento.
Tente perceber se é você que não quer continuar e está apenas buscando uma saída sem se sentir culpado. O mais importante é buscar a conexão com nosso eu verdadeiro. Conecte-se com a real intenção de perceber a dinâmica inconsciente por trás do ocorrido.
Talvez você se decepcione algumas vezes mais ao longo de sua vida afetiva.
Lembre-se: a frustração é sempre do tamanho da expectativa de cada um
Algumas vezes o outro não terá como oferecer o que você espera. Mesmo porque algumas necessidades levadas ao relacionamento afetivo advém da relação com os pais, por exemplo.
Pode ser que você esteja esperando que a pessoa parceira preencha necessidades advindas de suas relações familiares.
Entrar em um relacionamento com questões anteriores mal resolvidas, talvez até inconscientemente, pode prejudicar bastante a relação e levar ao término. Afinal, ninguém é capaz de preencher as necessidades do outro.
Cabe a você o trabalho de olhar para dentro e compreender as forças inconscientes que estão guiando suas escolhas. Aproprie-se de quem você é, daquilo que falta e o que você busca nas relações.
Somente assim é possível ter maturidade nas escolhas e expectativas realistas em relação ao outro.
Maria Cristina
É psicóloga sistêmica. Atua com traumas pela abordagem Somatic Experience® além de abordar outras questões de relações interpessoais, autoestima e postura diante da vida. Atende online e presencialmente na cidade de Belo Horizonte.
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