Suplementação vitamínica: consumo em excesso pode causar danos à saúde
Especialistas alertam para os riscos da automedicação
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres, a venda de suplementos vitamínicos deve atingir quase R$ 3 bilhões até o fim do ano.
Quando comparado ao ano de 2021, esse dado apresenta um crescimento de 12% nas vendas, sendo que a pandemia da COVID-19 foi um fator que contribuiu para isso, uma vez que foi necessário adotar uma mudança de hábito devido ao medo da doença.
A farmacêutica Paula Cavalcanti destaca que a pandemia trouxe uma atenção à saúde preventiva. Entretanto, ela alerta que, para utilizar suplementação, é fundamental contar com acompanhamento médico.
“A diferença entre o medicamento e o veneno, muitas vezes, é a dose. Remédios e suplementos precisam ser consumidos com orientação e acompanhamento. A máxima do evite a automedicação deveria ser levada mais a sério. Tudo o que é usado de maneira incorreta ou por período de tempo maior do que o previsto pode trazer danos ao organismo”, diz a especialista à frente da farmácia de manipulação A Fórmula.
A psicóloga Daniela Faertes , especialista em terapia cognitiva e mudança de comportamentos prejudiciais, conta que as pessoas têm buscado por um estilo de vida mais saudável, mas relata que isso pode se tornar um problema caso o comportamento fique exagerado.
“É menos sobre o medo de morrer e mais sobre a certeza de que há a possibilidade de viver além do que era esperado anos atrás. Em contraponto, existem aqueles que ficam excessivamente preocupados com isso, tornando-se neuróticos. As coisas entram em sua vida de forma excessiva, ocupando até mesmo um espaço de protagonista”, esclarece.
A suplementação tem o objetivo de promover a manutenção do bom funcionamento do organismo e sempre deve ser feita de acordo com faixa etária, qualidade do que o indivíduo ingere, estilo de vida e estado clínico.
Ao avaliar a prática de suplementação, fatores como a genética, o estresse e a inflamação, por exemplo, são levados em consideração individualmente e de forma personalizada. Assim, os suplementos são prescritos adequadamente para cada paciente.
“Com o passar dos anos, mesmo mantendo exercícios regulares e consumindo alimentos de boa procedência, o corpo vai perdendo a capacidade de absorver alguns nutrientes, como vitaminas e minerais. É aí que a suplementação entra para garantir a qualidade de vida no processo de envelhecimento”, explica Paula Cavalcanti.
É essencial fazer uma avaliação sobre a real necessidade, assim como possíveis ajustes e alterações das formulações, de tempos em tempos, para ajudar a prevenir doenças e na longevidade.
O consumo de suplementação vitamínica de forma aleatória pode não contribuir em nada. Além disso, o objetivo é evitar que a pessoa fique exposta ao mesmo ativo por muito tempo, o que pode trazer uma saturação na capacidade do organismo em absorver e processar o suplemento e uma exacerbação de efeitos adversos pelo uso prolongado.
Diante disso, o ideal é que a suplementação ocorra em ciclos para ser efetiva, com ajustes frequentes que se adequem à realidade vivida por cada paciente, incluindo aspectos físicos e emocionais.
“Isso que irá distinguir quem prioriza a saúde de quem vai além. Há de existir uma diferenciação, pois não conseguimos adicionar nada legal à nossa vida se não dermos prioridade. A grande questão é esse comportamento não se tornar o centro de tudo”, fala a psicóloga.
Além da alimentação, é preciso ter o conhecimento de que certas substâncias, se utilizadas em excesso, podem trazer malefícios ao corpo, de acordo com a farmacêutica.
“Estudos vêm demostrando que precisamos refletir e avaliar o uso cumulativo de substâncias utilizadas de forma contínua e com exposição exacerbada. Se podemos utilizar cápsulas livres de corantes, de glúten e edulcorantes artificiais (adoçantes), por que não? Por isso, buscar marcas que se preocupem com a saúde como um todo e que trabalhem com transparência em relação a esta escolha pode fazer toda a diferença. Acredito muito que o conhecimento é uma ferramenta fundamental para boas práticas de saúde”, conclui.