Quando se fala em autismo, é comum que a alimentação se torne um tema bastante abordado entre os pais ou responsáveis de crianças e adolescentes desse grupo, uma vez que esse pode se tornar um momento de estresse e impaciência, especialmente devido à seletividade alimentar que algumas pessoas com transtorno do espectro autista podem ter.
Segundo pesquisa da University of Massachusetts Medical School, foi constatado que as crianças com TEA tiveram 41,7% de índice de recusa alimentar em comparação aos 18,9% das crianças com desenvolvimento habitual.
De acordo com Ana Costa, nutricionista e professora do curso de Nutrição do UNINASSAU Recife, Campus Boa Viagem, além da angústia na hora da refeição, é possível que as dificuldades na alimentação levem a deficiências nutricionais, podendo resultar em doenças, como a anemia.
Seletividade alimentar no autismo: o que você precisa saber
“A dificuldade na alimentação entre os jovens autistas é bastante comum, já que acabam recebendo interferência direta de estímulos sensoriais. Elas sofrem uma alteração no tálamo, filtro dentro do cérebro, e isso influencia em como as informações do meio externo são processadas, impactando na visão, olfato, tato e paladar”, explica a profissional.
Diante disso, as crianças com TEA podem ter atitudes mais restritivas, seletivas e ritualísticas que estão ligadas aos costumes alimentares, o que resulta no desinteresse e até na recusa da comida.
Um dos fatores atrelados à dificuldade de os autistas aceitarem os alimentos, segundo Ana, está na chamada “defensiva sensorial”, que ocorre quando há uma reação a certas experiências referentes ao toque, sempre acompanhada do comportamento negativo.
Como lidar com a seletividade alimentar de pessoas com TEA?
“O primeiro passo é traçar uma rotina organizada para preparar a hora da refeição, seja ajudando a colocar mesa ou lavar as mãos, como uma forma de preparação. Impeça refeições fora de hora ou as conhecidas ‘beliscadas’ para evitar a perda do apetite”, ressalta a Ana Costa.
“Busque, sempre que possível, fazer as refeições em família a fim de a criança ter em quem se espelhar e a motive a experimentar, evite forçar alimentos a eles, mas oferecer, mesmo aos poucos, e incentive sempre a independência, deixando a criança escolher o prato e copo do seu gosto. Também aposte em comidas de cheiros e texturas variadas”, completa.
Por fim, a professora orienta a ter a participação de um especialista para trabalhar a terapia nutricional junto aos demais profissionais para evolução do paciente.