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Rafa Kalimann: saúde mental e autoestima para lidar com as críticas

Capa da Boa Forma de janeiro, a mineira fala sobre os julgamentos à sua aparência, seus cuidados com o corpo e a mente e seus projetos profissionais

Por Ana Paula Ferreira
8 jan 2024, 08h00

Conhecida inicialmente por seu trabalho nas redes sociais, Rafa Kalimann viu sua vida profissional dar um verdadeiro salto depois de sua participação no “Big Brother Brasil 20”. De lá para cá, ela pôde adicionar ao currículo a experiência como apresentadora e, agora, como atriz – profissão com a qual sonhava desde a adolescência, quando se mudou para São Paulo aos 14 anos para estudar teatro.

Atualmente com diversos trabalhos em paralelo, a mineira reconhece a importância de ter aprendido algo fundamental para manter os pés no chão: parar e respirar.

“Hoje eu vejo esse momento do respiro como uma das maiores sensações de bem-estar, quando me dou o direito dos 10 minutos”, contou à Boa Forma.

Esse aprendizado, inclusive, é um dos pilares para a ativista social manter a saúde mental em equilíbrio, além do acompanhamento psicológico, que faz parte de sua vida desde antes do “BBB20”.

Em nosso bate-papo, Rafa fala sobre todo seu processo de autocuidado diante dos episódios de ansiedade — que tinham como um dos gatilhos justamente sua exposição nas redes sociais.

“Eu mudei minha vida e da minha família inteira pela internet. Mas a gente corre um risco muito grande de se tornar refém daquilo. E tem esse feedback, né? Essa necessidade de aprovação”, ela disse.

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“Ninguém está preparado para ouvir uma enxurrada de críticas a seu respeito, e a gente absorve aquilo. Então tem que ter o cuidado com o equilíbrio. Eu demorei para aceitar que eu tinha que dar alguns passos atrás na minha presença no digital para ficar bem”, completou.

Leia, a seguir, a entrevista completa com Rafa Kalimann.

Produção executiva: Mawé Productions, Gustavo Migliora | Make: Gabriel Nascimento
Produção executiva: Mawé Productions, Gustavo Migliora | Make: Gabriel Nascimento (Fotografia: Claudia Steinert/BOA FORMA)

Saúde mental é prioridade

Com a rotina tão corrida, cheia de trabalhos e projetos, dá tempo para descansar?

Para mim, dormir, hoje, é prioridade. Eu fui entender a importância do meu sono de pouco tempo para cá. Fui entendendo que várias coisas que eu vinha sentindo, tanto fisicamente como mentalmente, eram consequências de noites dormindo pouco, mal ou não dormindo. Porque tem uma pessoa “workaholiczona” aqui, que prefere trabalhar. Então, hoje, eu dou muito mais prioridade para o meu sono. Minha equipe até já se programa assim: como a novela e a série não têm opção de começar a gravação um pouco mais tarde, com as campanhas a gente tenta começar mais tarde, para eu poder dormir um pouco mais. A gente vai tentando se reorganizar, se reajustar, para eu conseguir dormir.

Agora, eu não abro mão de ficar com a minha família, com as pessoas que eu gosto, quando são datas muito importantes. Se tem apresentação de festa junina dos meus sobrinhos lá em Uberlândia, eu vou só para assistir e volto. Tento estar o máximo presente com eles. Para mim é importante. Isso me alimenta. Põe meu pé no chão, faz até eu reconhecer e valorizar o que eu tenho feito no meu trabalho. Senão, a gente perde a referência de quem a gente é, do que a gente está fazendo e por que eu estou fazendo, porque eu também faço por eles, né? Então vamos dando um jeitinho.

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Produção executiva: Mawé Productions, Gustavo Migliora | Make: Gabriel Nascimento
Produção executiva: Mawé Productions, Gustavo Migliora | Make: Gabriel Nascimento (Fotografia: Claudia Steinert/BOA FORMA)

O que significa bem-estar para você?

O respiro [suspirando profundamente]. Hoje eu reconheço esse momento do respiro como uma das maiores sensações de bem-estar. Quando me dou o direito dos 10 minutos.

Eu não gosto de definir o que é uma sensação de bem-estar em uma coisa que talvez eu não consiga executar. Por exemplo, exercício físico me traz bem-estar, me alimentar bem, estar com a minha família também, mas nem sempre isso é possível. Então, se eu pudesse te falar uma coisa que é possível para mim e que me traz essa sensação, é respirar. Então os 10 minutinhos no meio do dia, que eu paro e falo: “Calma, eu preciso respirar agora” me trazem um sentimento de me amar, de me cuidar, e também de bem-estar. Me traz de volta para o estado de presença, que é a maior cura que a gente tem em relação a nossa saúde mental, de entender o estado de presença e voltar para ele. Eu respiro, presto atenção na minha respiração isso me traz muita sensação de bem-estar.

Produção executiva: Mawé Productions, Gustavo Migliora | Make: Gabriel Nascimento
Produção executiva: Mawé Productions, Gustavo Migliora | Make: Gabriel Nascimento (Fotografia: Claudia Steinert/BOA FORMA)

A questão da respiração também tem muito a ver com o controle da ansiedade – tema, inclusive, que você já falou abertamente muitas vezes. Como têm sido seus cuidados com isso?

Eu faço terapia. Esse é o ponto chave. Faço já tem oito anos, toda semana e remotamente para facilitar e não correr o risco de eu dar uma desculpa para não fazer.

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O segundo semestre de 2023 foi muito positivo nessa questão se comparada ao ano anterior. Se eu pudesse fazer uma linha do tempo de como eu estava em janeiro de 2023 e janeiro de 2024, parece que foram 10 anos de tanta evolução espiritual, mental, física e profissional. Hoje eu estou bem melhor e muito se dá por minhas autodescobertas. Cada um tem o seu próprio processo, né? E a sabedoria vem daí.

Produção executiva: Mawé Productions, Gustavo Migliora | Make: Gabriel Nascimento
Produção executiva: Mawé Productions, Gustavo Migliora | Make: Gabriel Nascimento (Fotografia: Claudia Steinert/BOA FORMA)

Exposição e críticas nas redes sociais

A questão da exposição nas redes sociais foi um dos grandes gatilhos para você, né? Como é que você conseguiu equilibrar sua vida na internet, que é um de seus pilares profissionais, com sua saúde mental?

A internet é arriscada. Eu até soltei esses dias uma pergunta e muitas pessoas não conseguiram entender o motivo. “Se você acordasse amanhã sem nenhuma rede social, como seria sua vida?”. E não estou falando do outro, estou falando de mim, porque também me questionei naquele momento sobre como seria minha vida.

Eu acho que isso é muito do nosso país, é uma cultura muito forte. Isso é ótimo de alguma maneira, porque a gente cresceu muito na internet, muitas pessoas mudaram de vida. Inclusive eu mudei minha vida e da minha família inteira pela internet. Mas a gente corre um risco muito grande de se tornar refém daquilo. E entre tudo isso, tem esse feedback, né? Essa necessidade de aprovação.

Lembro que vi um vídeo que falava de uma pessoa que postava um momento muito especial, mas se esse post não desse a quantidade de likes que tem a média das publicações, a pessoa se questionava: “Será que não é tão legal assim?”. E aquilo automaticamente ia perdendo um pouco a graça para ela, porque o retorno do público não era tão positivo como a pessoa esperava. Esse é um risco que a gente corre.

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E até onde isso vai me afetar? Isso afeta, porque a gente não é construído num cenário de feedback negativo. Ninguém está preparado para ouvir uma enxurrada de críticas a seu respeito, e a gente absorve aquilo. Então tem que ter o cuidado com o equilíbrio, né? Eu demorei para aceitar que eu tinha que dar alguns passos atrás na minha presença no digital para ficar bem. 

Produção executiva: Mawé Productions, Gustavo Migliora | Make: Gabriel Nascimento
Produção executiva: Mawé Productions, Gustavo Migliora | Make: Gabriel Nascimento (Fotografia: Claudia Steinert/BOA FORMA)

Tem todo o julgamento não só com as atitudes mas com a aparência do outro.

Essa semana eu postei um vídeo que eu estava me sentindo linda. Eu estava de vermelho, bem verão, com o cabelo molhado. E devia ter uns mil comentários criticando a minha testa, que é algo que nem é modificável, né? É minha testa, eu nasci com ela exatamente assim, não é uma maquiagem que eu posso trocar depois, por exemplo. 

Eu não gosto de falar que não me atinge, que não bate em lugar nenhum. Que “fod*-se”, porque então a gente normaliza uma parada que não pode se normalizada. Mas eu falei: “Caraca, depois quatro anos ouvindo isso da internet, eu ainda continuo ouvindo isso? Depois de tudo que a gente passou nesses quatro anos, de uma pandemia, de tanta coisa séria que aconteceu com a gente. Entendemos que existem movimentos muito necessários e importantes da internet, e ainda estão falando da minha testa?”. Eu tô entregando um monte de outras coisas, um volume de trabalho gritante e ainda estão falando da minha testa?

Aí eu comecei a entrar menos, olhar menos, postar menos e a expor menos, mas dentro de um equilíbrio para também entregar aquilo que as pessoas que gostam de mim de fato, que me acompanham mesmo na internet, vão querer ver. Está sendo legal, porque até a curadoria de conteúdos está sendo mais fácil, porque eu estou olhando mais para um público que está comigo há muito tempo e quer ver aquilo. Então fica um pouco mais fácil, sabe? Eu posto a foto que tô afim mesmo de postar eu não fico preocupada se meu feed está muito lindo, por exemplo. As publicidades também ficam mais fáceis, porque eu comunico do jeitinho que eu sei que meu público vai ouvir, que não é aquele público de quando a gente tem uma explosão, que abrange muito público da internet. Aí você vai entendendo, afunilando para o público que realmente me consome. É para esse público que eu tenho que comunicar.

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Produção executiva: Mawé Productions, Gustavo Migliora | Make: Gabriel Nascimento
Produção executiva: Mawé Productions, Gustavo Migliora | Make: Gabriel Nascimento (Fotografia: Claudia Steinert/BOA FORMA)

Você ignora os comentários ou responde?

A minha terapeuta pede para eu responder de vez em quando, porque eu guardo muita coisa para mim. Aí ela fala: “De uma maneira sábia, tenta responder. De maneira que não te prejudique”. è raro, mas às vezes eu converso com a pessoa. Teve uma vez uma moça, voltando ao assunto da testa, que deixou uma crítica muito absurda e eu fui conversar com ela. Várias mulheres falaram: “Nossa, me sinto muito mal porque tenho testa grande e quando entro no perfil da Rafa e vejo uma crítica sobre isso, essa crítica me bate”. Então eu falei: “Olha, não faz isso. Pode ser que você esteja falando para outras pessoas. Então não é só sobre mim”. E aí ela falou: “Eu tenho testa grande, não aceito e não aceito que você se aceite”.

E aí foi dali que virei a chave, que vi que essa crítica não é sobre mim. É, na maioria das vezes, sobre o que o outro não aceita nele mesmo. Lembro quando eu fui muito duramente criticada por ter emagrecido e ler tudo aquilo em silêncio. Fiquei muito chateada de não ter reação e eu postei isso. Eu deixei que as pessoas me vissem desse jeito, porque eu de fato não consigo respeitar as pessoas que fazem isso.

Mas é isso. Essa frase já está até ficando clichê, mas vale ser enfatizada: “Trata-se mais do outro do que de mim”. Eu acho que a gente não tem o direito, acho que não é digno que a gente questione ou fale sobre a aparência, sobre o corpo de outra pessoa. Isso é descomunal diante da nossa sociedade, ainda, enfatizando mais uma vez, nos tempos de hoje.

Acho que não acontecia tanto no passado porque as pessoas não têm coragem de falar pessoalmente. Nunca aconteceu de ninguém me parar na rua e falar que acha minha testa grande, ou que eu estava muito magra, que meu corpo tem que estar assim… Então não acho que tenha necessidade de isso acontecer na internet.

Mas acho que a gente tá vindo de uma sociedade que está cada vez mais afetada por esse nível de comparação. O que antes a gente tinha na televisão, nas revistas, passa a ser de uma maneira muito mais abrangente na internet. Então, existe muito essa coisa da comparação e de vidas que não são reais na maioria das vezes. Em contrapartida, a gente tá indo para um processo de muito mais representatividade. Eu fico muito feliz quando vejo outros corpos, outras formas, outros jeitos. Eu também já me senti muito abalada. Quando eu era mais nova, fui para São Paulo com 14 anos para modelar e meu quadril nunca chegava a 90 cm. Eu tinha que chegar numa medida que nunca conseguiria chegar, porque meu biotipo não é esse. Mas, na época, eu me sentia mal.

Também me sentia representada por mulheres de testa grande. Então a Candice [Swanepoel, modelo], por exemplo, entrava na Victoria’s Secret e vi que estava tudo bem, que eu podia ser modelo mesmo com a testa grande, porque sempre fui criticada por isso. Então hoje a gente tem mais oportunidade de se sentir representada, de se sentir bem com a gente mesmo, com o nosso corpo.

Produção executiva: Mawé Productions, Gustavo Migliora | Make: Gabriel Nascimento
Produção executiva: Mawé Productions, Gustavo Migliora | Make: Gabriel Nascimento (Fotografia: Claudia Steinert/BOA FORMA)

E hoje você tem uma boa relação com seu corpo?

Tenho muito. Hoje. Mas demorei muito para ter, tanto que eu comecei a fazer terapia por causa disso. Minha terapeuta trabalhava dentro de uma clínica com nutrólogos, nutricionistas etc, e quem me indicou ela foi uma nutricionista. Ela falou que não era dela que eu precisava no momento, mas sim uma terapeuta, e aí comecei a fazer terapia muito voltada para isso. Eu tinha uma distorção gigante sobre meu corpo e não conseguia aceitar meu biotipo, com a perna grossa e por aí vai. Hoje, com 30 anos, eu me sinto muito confortável e muito carinhosa com meu corpo, com o que eu carrego aqui, com o que eu tenho. Isso facilitou até para eu cuidar dele. Não me comparo com os outros corpos, com o corpo de outra mulher, mas já me comparei e já me machuquei com isso. E hoje não, hoje sou confortável com a minha forma física, com a minha pele, com meu músculo, com cada pedacinho de mim.

Produção executiva: Mawé Productions, Gustavo Migliora | Make: Gabriel Nascimento
Produção executiva: Mawé Productions, Gustavo Migliora | Make: Gabriel Nascimento (Fotografia: Claudia Steinert/BOA FORMA)

Assim como acontece com sua aparência, seus relacionamentos sempre viram assunto na internet. Como você faz para proteger suas relações das pessoas mal intencionadas?

Olha, me blindar até é possível. Mas blindar essas relações dos outros, não é. Eu não sei como a mídia fica sabendo, por mais que eu tente de todas as maneiras [manter a discrição]. Tenho enfatizado muito isso: sou mulher, jovem, solteira, que se relaciona como qualquer outra, e vou continuar assim, a menos que eu encontre uma pessoa que eu queira casar, o que só vai ser definido com um tempo com essa pessoa. Então, eu vivo uma vida normal, como qualquer outra. Claro que tem um foco de exposição muito maior, até porque os lugares que vou, as pessoas que convivo e os homens que vou conhecendo também trabalham com exposição, na maioria das vezes. Mas aí se coloca um holofote em cima daquela relação que, às vezes, eu nem estou preparada para colocar. E aí acaba indo para um lugar de que eu estou mentindo, escondendo… Se você fala demais, você está expondo demais. De você termina, está errado… 

São muitas cabeças pensantes sobre uma coisa que não tinham que pensar, que não cabe a ninguém pensar. Mas eu não deixo de viver. Já me peguei refém desse movimento midiático a ponto de falar: “Nossa, não vou ficar com ninguém porque eu tenho medo  de a pessoa chegar na minha casa, no outro dia algum portal de notícias saber e isso virar algo maior do que eu tenho colocado como meu trabalho, por exemplo”. Eu já chorei em casa com várias chamadas, de falar: “Caraca, não foi nada disso que eu falei na entrevista”. E realmente não foi. A chamada estava hiper sensacionalista, super voltada para o homem. Eu lembro que uma vez saiu falando de dois homens numa mesma chamada, de um homem que eu nunca nem me relacionei! Aí a chamada se torna uma verdade. E você vai ler a matéria e foi uma resposta de cinco segundos que eu tentei passar ilesa dentro de uma entrevista de três horas e foi ela que foi para a chamada! Aí a gente vê um movimento todo machista acontecendo, e machuca, porque chega uma hora que isso está falando mais alto do que o meu trabalho, sendo que isso não é maior do que o meu trabalho para mim. Eu abro mão de relações pelo meu trabalho. Então por que as pessoas colocam mais foco nisso? Só que, ao mesmo tempo, sou uma mulher de 30 anos, solteira, que está vivendo a vida. Adoro beijar na boca, adoro o movimento de paquera, de se conhecer, e vou continuar fazendo isso. Não quero deixar de viver. Quero ser uma mulher que, lá na frente, vai falar que viveu tudo o que tinha que viver, fui intensa, entregue e curti minha vida. Não quero que a mídia ou as pessoas abafem ou prejudiquem isso.

Conforta saber que as pessoas que vão lá só para criticar não são o seu público?

Conforta. Eu estou sentindo uma coisa muito especial e abençoada com a questão do Carnaval. Eu estava precisando muito ter contato com as pessoas, porque a gente saiu [do “BBB 20”] no meio da pandemia e eu não tinha tido oportunidade de ter o calor humano, de olhar no olho e de me conectar e entender quem são as pessoas ali nas redes sociais. E aí o Carnaval está me dando essa oportunidade. Quando eu vou para a quadra ou para a rua, eu recebo tanto carinho! É um carinho que me pedem foto e elogiam meu trabalho. Eu estava precisando muito desse contato direto para entender em que lugar eu estou na vida delas. Ninguém passa despercebido na vida de ninguém, e quando você atinge tantas pessoas com o que você fala e faz, é importante saber quem são elas. A gente não tem como andar por aí procurando essas pessoas, então o Carnaval está me dando essa oportunidade e está sendo muito importante para mim.

Produção executiva: Mawé Productions, Gustavo Migliora | Make: Gabriel Nascimento
Produção executiva: Mawé Productions, Gustavo Migliora | Make: Gabriel Nascimento (Fotografia: Claudia Steinert/BOA FORMA)

Cuidados de dentro para fora

Como é a sua relação com as atividades físicas?

Tem mais coisa que eu não gosto do que gosto [risos]. Mas estou treinando sim, até porque tem que ter condicionamento físico para entrar na avenida [para o Carnaval]. Tô treinando na medida do possível. Comecei a fazer ioga e estou amando, mas ela fica mais em um lugar mental do que físico para mim. Então, apesar de eu achar que super funciona, eu falo para a minha professora que não precisa pesar a mão comigo, porque não estou fazendo para definir o corpo — quero que seja um momento realmente de despressurização para mim, mais concentrada na minha respiração, para eu poder me conectar com esse íntimo.

Para cuidar do corpo mesmo, acabei de começar a treinar na academia. Eu tinha um problema com academia, não gostava. Mas aí fui entender que eu não gostava por causa da musica. Então agora eu coloco meu fone e treino superbem com meu personal. E agora tô curtindo, tô começando a gostar. Tem um mês e meio. A gente fazia treino funcional aqui em casa, fiquei por dois anos assim. Mas aí eu comecei a querer inovar. E como o intuito do carnaval é ganhar resistência, achei que seria legal ir para a academia agora e meu personal concordou.

Eu enjoo, preciso de estímulos novos sempre. Então, quando eu treinava em casa, um dia colocava pagode para treinar, outro dia sertanejo. Aí fico buscando estímulos diferentes para gostar de fazer aquilo e não ser uma obrigação, mas sim um lazer mesmo. E eu fico esperando o dia em que vai acontecer, que eu vou amar e vou passar a precisar viver isso, como várias pessoas falam. Tô esperando esse dia chegar tem três anos e tô esperando ansiosamente. Não tá fácil, não [risos]. Mas eu vou! Ontem estava super cansada e fui mesmo assim. Eu só tinha ontem para ir essa semana, então precisava, para minha cabeça mesmo.

Produção executiva: Mawé Productions, Gustavo Migliora | Make: Gabriel Nascimento
Produção executiva: Mawé Productions, Gustavo Migliora | Make: Gabriel Nascimento (Fotografia: Claudia Steinert/BOA FORMA)

E alimentação, você gosta de comer bem?

Ah, eu gosto mesmo! Eu sinto quando o meu corpo está intoxicado ou quando está leve com a alimentação. Eu entendi a diferença entre o prazer momentâneo de uma comida que não me faz bem e o prazer contínuo de estar me alimentando bem. E aí eu vi que é um prazer muito mais gostoso. Também é um processo, no começo, eu não gostava não. Mas depois comecei a perceber isso. Se você quer me ver feliz, é quando eu pego uma travessa de legumes, coloco no forno com franguinho e tempero só com um orégano… Isso me faz muito feliz! Eu como saladona também, adoro. E também foi uma construção na minha vida. Eu gosto de me alimentar bem e isso é o maior agrado que eu dou para o meu corpo.

E quando é para comer algo diferente, o que você mais gosta?

Cachorro-quente, eu amo! E rabada, que eu já comia muito antes do “BBB” [na “xepa”], porque é uma memória afetiva. Eu quase nunca como carne vermelha, já tem uns quatro anos, mas eu abro mão quando é para comer rabada. É bem uma vez a quatro, cinco meses. É bem pontual.

Produção executiva: Mawé Productions, Gustavo Migliora | Make: Gabriel Nascimento
Produção executiva: Mawé Productions, Gustavo Migliora | Make: Gabriel Nascimento (Fotografia: Claudia Steinert/BOA FORMA)

Beleza na rotina de autocuidado

Você se sente a vontade para sair sem maquiagem?

Me sinto muito. Quase nunca estou sem, mas quando estou mais de folga fico sem, quando tô com a minha família, por exemplo. Dias assim, como hoje, uso só uma máscara de cílios, um gloss. Mas não passo base, pó, corretivo, nada disso. Só hidrato, passo o protetor com cor e deixo.

Eu amo fazer skincare! Eu sou aquela que fica noiada se dormir de maquiagem, confesso. Minhas etapas de cuidados são o sabonete facial – que eu noto claramente a diferença em usar um que seja para o rosto e um que não seja –, um sérum, hidratante e o protetor. Isso eu não fico sem. Posso sair sem maquiagem, mas sem isso, hoje, noto que não consigo mais viver. E só notei porque vi muita diferença. Até a maquiagem fica mais revigorada, então o processo do skincare é fundamental no meu dia a dia, mais do que a maquiagem.

E quanto ao cabelo, como você faz para cuidar?

O protetor térmico é de lei. Eu levo na minha bolsa. Se eu chegar no trabalho e eles não tiverem um para passar, eu peço para usar o meu. Mas hoje, por exemplo, vou conseguir passar no salão para hidratar de forma mais profunda. A cada 15, 20 dias, eu tento fazer uma hidratação. Se eu não conseguir no salão, faço em casa passo a passo, deixando agir um pouco no meu cabelo etc. Uma coisa que fez muita diferença para o meu cabelo foi uma duchinha que tem um filtro. Comprei na internet mesmo e instalei num chuveiro que tenho aqui em casa que quase não é usado. E aí quando eu quero lavar o cabelo, vou lá e lavo na água gelada. Ela tem um filtro diferente, porque acho que a água faz muita diferença para o cabelo. Agora também estou na cor quase natural do meu cabelo, né? Então isso já faz muita diferença, porque quando eu estava descolorido muito ele ficava muito mais danificado.

Eu até gosto de mudar o cabelo, porque eu enjoo da minha cara [risos]. Agora, para a novela, vai vir um cabelo diferente. Alerta spoiler. Mas não posso contar ainda.

Produção executiva: Mawé Productions, Gustavo Migliora | Make: Gabriel Nascimento
Produção executiva: Mawé Productions, Gustavo Migliora | Make: Gabriel Nascimento (Fotografia: Claudia Steinert/BOA FORMA)

Você já fez algum procedimento é facial ou corporal ou tem vontade de fazer?

Hoje não tenho vontade de fazer mais, mas já fiz vários. Já coloquei silicone, já fiz lipo, já fiz preenchimento labial, botox, preenchimento facial… Mas botox é a única coisa que eu continuo fazendo. Comecei a fazer por prevenção porque eu tenho muito disso [mostrando marquinhas ao enrugar o rosto]. Então ele é a única coisa que eu acho que é bom continuar, até porque quando não estou com botox, me dá mais dor de cabeça porque eu fico forçando.

Fiz lipo e coloquei silicone em um momento muito inseguro da minha vida. E hoje acho importante falar sobre isso, porque não fiz para me sentir bem, que acho super legítimo. Se você coloca para se sentir bem, mais bonita, faça! Eu não acho que não tenha que fazer. “Ah, tem que ser natural”. Não, tem que ser natural se você quiser ser 100% natural. Se você quer ter silicone, se é por você, para se sentir uma gata, gostosa, coloca, sabe? Só que entenda que não é isso que vai definir sua auto-estima. Isso só vai compor a autoestima.

Agora, se você faz para tentar se encaixar em padrões, como a gente tem visto muito por aí, que todo mundo está com o rosto igual, quase “um copia cola”… Tem que ter cuidado.

Não vou falar que eu me arrependo do que já fiz, porque eu acho que seria muito hipocrisia da minha parte de falar que me arrependo de fazer. Não é o caso. Mas fiz por um estímulo equivocado, um estímulo de insegurança, de baixa autoestima e de achar que tudo ia mudar a partir do momento que eu saísse daquela sala de cirurgia. Eu tava com 19 anos e nada mudou. Foi mudar agora, que estou com 30 anos, e que mudei minha mente em relação a mim mesma, a maneira com que eu me olho e me enxergo. E aí quando comecei a mudar minha alimentação e meu corpo começou a se sentir confortável, vieram também os exercícios, como a yoga, que meu corpo adora quando faço. Aí sim vem essa sensação. Mas não é da sala de cirurgia. A sala de cirurgia pode apenas compor isso.

Produção executiva: Mawé Productions, Gustavo Migliora | Make: Gabriel Nascimento
Produção executiva: Mawé Productions, Gustavo Migliora | Make: Gabriel Nascimento (Fotografia: Claudia Steinert/BOA FORMA)

Vida profissional em ascensão

Como começou sua relação com a atuação?

Antes de tudo, antes do digital, eu fui para São Paulo com 14 anos e fui fazer teatro, mas não consegui continuar. Com 16 para 17 anos, precisei parar porque eu tinha que terminar o Ensino Médio e trabalhar para pagar o teatro. Então tive que abdicar de alguma coisa na época e aí acabou que foi o teatro. Achei que era um sonho adormecido ali, que ia ficar depois… Aí teve a oportunidade do “Big Brother Brasil” e desde que eu saí do programa, já vão fazer quatro anos que voltei a fazer aula de teatro e não parei mais de estudar.

Como tem sido essa nova fase profissional, das redes sociais para a atuação?

É uma delícia. É muito mágico como uma carreira soma com a outra. Eu acho que a comunicação é muito colaborativa, né? Tudo se soma muito e, ao mesmo tempo, ela também é muito diferente uma da outra. A raiz das profissões são muito diferentes, a dedicação, o olhar que a gente tem, o meu esforço… São muito diferentes os dois cenários. O digital é um lugar muito mais natural, muito mais solto. Ele é muito improvisado. Você pega o telefone e faz o que está rolando ali e é o que a galera mais gosta de ver! Claro que tem coisas que a gente se planeja, cria e constrói, mas o que vai mesmo é o improviso, ainda mais no nosso país, que gosta de consumir isso. Por isso que a gente é uma fábrica de memes.

Já a carreira como atriz é muito profunda, estudada, pesquisada. É abrir mão dessa Rafaela para entrar uma personagem que demanda de mim uma grande dedicação no off antes de ir para tela. Então são carreiras são diferentes, porém colaborativas. Acho que a expertise que o digital me trouxe, da relação com a câmera, essa liberdade que eu tenho na frente dela já é um grande passo.

Produção executiva: Mawé Productions, Gustavo Migliora | Make: Gabriel Nascimento
Produção executiva: Mawé Productions, Gustavo Migliora | Make: Gabriel Nascimento (Fotografia: Claudia Steinert/BOA FORMA)

E você imaginava que seu primeiro trabalho em novela seria como uma vilã?

Eu não imaginava nada, para ser sincera. Mas eu desejava que fosse. Acho que o que eu me comuniquei com o público até aqui foi um lado da Rafa diferente dessa personagem de agora. Então, eu gostaria que viesse uma personagem que me tirasse da zona de conforto. Nem era só para que as pessoas me vissem assim, mas também para que eu pudesse experimentar uma vivência diferente, um olhar diferente, e está sendo muito desafiador e gostoso.

Quando eu recebo um texto eu falo: “Caraca, isso é muito legal! Eu jamais falaria isso ou pensaria desse jeito, ou agiria assim”. Então fica mais gostoso ainda, né? Sai da zona de conforto total.

Você também é muito envolvido em causas sociais. Como é que está essa parte da sua vida atualmente, em meio a tanto trabalho?

Está igual, nada mudou. Eu acho que venho falando cada vez menos disso [nas redes sociais] e infelizmente não gostaria que fosse assim, mas veio muito de uma blindagem. Vai chegando uma hora que a gente vai ficando um pouco cansada de tanta crítica, de tanto ataque, que não não fica só em mim, né? Isso se estende para o projeto. Eu achei que depois de um tempo as coisas iam amenizando, até porque as pessoas vão vendo a seriedade, mas chegou uma hora que eu falei: “Eu vou segurar um pouco, vou postar aquilo que realmente precisa”. Eu acho que precisa ser falado, porque eu incentivo e isso influencia tantas pessoas a fazer algo realmente muito necessário, só que fui segurando um pouco a onda.

Mas continua igual. Eu não consegui estar presente fisicamente nos projetos, especialmente agora em fim de ano. Normalmente eu faço muito mais, mas continuo presente buscando apoio e falando com as marcas, tendo reuniões e estando nas decisões das ONGs e das instituições.

E como é que estão seus próximos planos profissionais?

Agora o meu foco está na novela [“Família é Tudo”, da Globo]. Eu estou realizando um sonho, então estou canalizando todas as minhas energias ali. Tanto que em dezembro eu me dei a liberdade, sem culpa, de ficar um pouco mais ausente das redes sociais, dar um passo para trás para poder sentir a experiência [como atriz] e me entregar por inteira nela. Então temos aí esse grande foco, né? Que é a novela. Mas tem pela frente: a segunda temporada de “Circuito Sertanejo”, que foi um programa que bombou no ano passado, que superou as expectativas da casa e as minhas, e é algo que eu quero muito que continue.

Por isso que eu estou falando aqui, para já mandar para o universo para as pessoas ouvirem [risos], mas quero muito que continue porque foi muito interessante fazer. Foi ótimo ir para o meio do universo sertanejo – que é de onde eu venho –, comunicar o que nós gostamos para o grande público na TV aberta.

E ainda tem “Rensga Hits”, que a gente finaliza as gravações da terceira temporada agora em Janeiro. Vai ser lançada no ano que vem, acredito.

Fotografia: Claudia Steinert (@clausteinert)

Produção executiva: Mawé Productions, Gustavo Migliora (@maweproductions)

Make: Gabriel Nascimento

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