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Os benefícios do exercício vão além de um corpinho bonito

Quem malha sabe que a silhueta enxuta é só uma das conquistas do estilo de vida ativo e saudável. Fazer exercício - você escolhe qual! - mantém o bom humor, movimenta a vida social, protege a saúde e dá uma força à realização dos seus sonhos

Por Marcia Di Domenico (colaboradora)
Atualizado em 26 abr 2024, 10h20 - Publicado em 28 jul 2014, 22h00
fatchoi/Thinkstock/Getty Images
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Os tênis de corrida estão sempre à mão quando Tiffany Maxwell decide correr pelas ruas do bairro onde mora. A sala da casa dela não tem sofás, mas espelhos e barras de apoio, como nos estúdios de dança. Sim, ela é dependente de exercícios. Não, o foco não é ficar magra ou conseguir um corpo perfeito.

Correr e dançar são a fórmula que ela encontrou para esquecer os problemas emocionais que enfrenta depois da morte do marido e da demissão do emprego. Foi correndo que ela se aproximou de Pat Solitano, um professor diagnosticado com transtorno bipolar. Juntos, os dois arrasam na rua e no salão, superam a dor e ainda iniciam uma linda história de amor. Essa é a história do filme O Lado Bom da Vida, que rendeu a Jennifer Lawrence o Oscar de melhor atriz este ano.

Detalhes fictícios à parte, em pelo menos uma coisa a arte imitou a vida: fazer exercício é uma ótima estratégia para mandar a tristeza para longe, fazer amigos e extravasar energia, entre outros (muitos) benefícios. Não é só quem dança – e corre – que os males espanta. O que não falta são modalidades para agradar quem precisa começar a se mexer, qualquer que seja o motivo.

“Na academia ou ao ar livre, o importante é achar uma atividade com que você se identifique e dê prazer”, diz Ângela Vaamonde, terapeuta especialista em neurolinguística de Niterói, no Rio de Janeiro. “Se virar mais uma entre tantas obrigações, não funciona, você desiste”, diz. 

Chega de fumaça 

Fumar compromete o fôlego, deixa a pele e o cabelo sem viço, atrapalha o paladar e o olfato e afasta os rapazes na balada. Vários estudos já associaram a prática de exercícios e o abandono mais fácil do cigarro – isso porque os dois hábitos estimulam a liberação de substâncias no cérebro que provocam prazer e bem-estar e diminuem a ansiedade. Ainda assim, para quem fuma, saber de todos esses prejuízos que o vício causa não basta para largá-lo. Só mesmo começando a malhar para deixá-lo para trás.
 
“Parei de fumar em março. Lógico que também queria emagrecer e ganhar músculo, mas o principal motivo para voltar à ativa depois de mais de uma década de sedentarismo foi o cigarro”, conta a artista plástica carioca Claudia Ribeiro, 40 anos. Hoje, ela intercala corrida e musculação cinco vezes por semana. “Às vezes, ainda dá muita vontade de fumar, principalmente quando fico ansiosa por alguma razão. Nessas horas, me lembro da meta que impus: correr 5 quilômetros sem parar para caminhar. Depois 10, 21 quilômetros… O foco nesses objetivos é que tem me mantido longe do fumo”, fala. 
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Muito prazer em conhecer 

Com a proliferação de academias para todos os bolsos e perfis de aluno e a multiplicação das equipes de assessorias esportivas Brasil afora, malhar se tornou uma tática para fazer amigos. Ainda mais para quem resiste à tendência de se relacionar virtualmente, um sinal dos tempos atuais, em que internet e redes sociais incentivam a formação de uma verdadeira geração de solitários.
 
“Durante os 25 anos em que dei aula, vi muitas amizades começarem na academia”, conta Dudu Netto, diretor técnico da rede Bodytech. “Um dia, duas alunas marcam de tomar um suco juntas depois da aula, depois uma liga para não deixar a outra perder a hora e, de repente, viraram amigas. Construir amizades nesse ambiente é uma forma de trocar incentivos e não deixar a motivação cair”, completa.
 
Treinar também pode dar um gás em uma relação que anda morna e renovar o interesse sexual. “Qualquer atividade física estimula a circulação sanguínea e libera substâncias químicas associadas à disposição e à autoestima”, fala a personal trainer Bianca Vilela, de São Paulo. Músculos firmes, fôlego em dia e segurança em relação ao corpo também ajudam a aumentar a vontade de transar e testar novas posições, sem vergonha do corpo, que, afinal, você está cuidando para ficar mais bonito. 
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Bye-bye, tristeza 

A depressão já foi tabu e doença que afetava só pessoas fora do nosso círculo de conhecidos. Hoje, tem status de epidemia mundial, segundo a Organização Mundial da Saúde, que estima que cerca de 350 milhões de pessoas mundo tenham o transtorno mental e que, até 2030, será a enfermidade mais comum do planeta. Existem vários tratamentos eficientes, mas, de acordo com a instituição, apenas metade dos pacientes depressivos recebe o tratamento eficiente.
 
“Em quadros de depressão moderada e grave, não tem como abrir mão de remédios e terapia”, fala Ângela Vaamonde. Nos casos leves, a prática de exercícios é fundamental para controlar o problema sem antidepressivos, pois o organismo produz substâncias responsáveis pela sensação de bem-estar, prazer e bom humor, como serotonina e endorfina.
 
O mesmo vale para o transtorno de ansiedade. A pesquisadora de bioquímica médica Tatiana Lobo, 33 anos, tinha 17 quando foi diagnosticada. Começou a fazer ginástica e hoje o tratamento dela é esse. “Não conseguia dormir, meu coração acelerava toda hora e, por nada, suava frio. Tomei gosto pela malhação e hoje vou à academia no mínimo cinco vezes por semana. Consigo controlar os sintomas, mas, se fico uma semana sem ir, já começo a me sentir mal”, conta. 
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Apoio para vencer desafios 

Algumas pessoas precisam de um estímulo maior do que a garantia de mais disposição, vida social agitada ou músculos mais definidos para se render à academia. “Vejo muita gente que nunca correu decidir se inscrever em uma maratona ou marcar uma viagem que exige preparo físico, como fazer a trilha inca, no Peru, ou o caminho de Santiago de Compostela, na Europa”, comenta Dudu Netto.
 
Foi o que fez a empresária gaúcha Adriana Reis, que realizou um sonho dela no último mês de maio. “Meu pai percorreu o caminho de Santiago em 1994 e quase 20 anos depois eu quis fazer o mesmo. Tenho 45 anos, sou separada, com filho criado. Quis aproveitar a sensação deliciosa de liberdade e autoconhecimento”, fala. “Estudei a melhor época e me preparei quatro meses para a jornada.”
 
Nessa fase, Adriana acordava às 5 da manhã para caminhar – começou com 4 quilômetros, até chegar a 10 ou 12 por dia. Três vezes por semana, investia em sessões de musculação e, nos fins de semana, ia para um haras caminhar no campo e em trilhas. Completou o percurso de San-Jean-Pied-de-Port, na França, até Santiago de Compostela, na Espanha, em um mês. De lá, ainda caminhou até Finisterre, no mesmo país, como faziam os antigos peregrinos. “Foi a melhor experiência da minha vida. Além da conquista pessoal, emagreci 8 quilos desde que comecei a me preparar, o que me deixou muito animada. Não largo mais a rotina de treino por nada.”
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Foco no desempenho mental 

A competitividade acirrada e a pressão para ser infalível, marcas registradas do nosso século, começam a se fazer notar muito antes da conquista do emprego dos sonhos. É só pensar no momento de prestar vestibular ou um concurso público: horas e horas de estudo, muita disciplina e dedicação, stress puro não só para o candidato, mas muitas vezes para os pais, a namorada, os amigos…
 
Há quatro meses, a advogada mineira Adriana Rodriguez Magro, 29 anos, que sonha com o cargo de defensora pública, recebeu da terapeuta a sugestão de incluir atividade física na rotina para aliviar a tensão. Ela escolheu musculação e treinamento funcional, três vezes por semana. “De lá para cá, tenho mais energia para aguentar as horas de estudo, me concentro melhor, sinto menos cansaço e sono à tarde”, diz.
 
“De quebra, estou emagrecendo.” Dudu Netto tem experiência parecida dentro de casa. “Sempre digo aos meus filhos para, em vez de fazer uma pausa no estudo para ver TV, praticar meia hora de algum exercício. Eles voltam renovados”, revela.
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