Saúde sem estresse, por Regina Chamon

Regina Chamon une a medicina com as práticas de bem-estar para te inspirar a cultivar corpo, mente e coração mais saudáveis
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A marcha lenta da saúde

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Por Regina Chamon
8 ago 2023, 13h05

Há dias venho me sentindo estranha. O corpo vai bem, embora os ombros teimem em se curvar para a frente um tanto cansados, os dentes insistam em se apertar uns aos outros em um braço de guerra acirrado e desconfortável para uma língua que precisa colocar tantas ideias para fora em forma de palavras.

O que não parece firme mesmo é a mente, tão mais acelerada que o normal, que tem enxergado a vida meio nublada, como um carro em alta velocidade por uma estrada bonita, porém não muito apreciada.

Sinto um pouco como se precisasse de algo diferente. Será que aquelas vitaminas, que eu tanto insisto que os meus pacientes consigam pela alimentação natural, não seriam uma boa solução encapsulada para mim agora? Quem sabe um shot para deixar a mente mais clara e seguir acelerando para chegar mais rápido… Aonde mesmo?

Sigo dormindo cedo, fazendo musculação e meditando como parte de uma incansável lista de tarefas de bem-estar. Continuo procurando uma solução inatingível para esse problema de excesso de criatividade que angustia meu cérebro, quando deveria apenas ser uma fantástica fábrica de inovação. É isso que o mundo quer de nós: inovação, mas não daquelas que mudam o mundo, não! Essas passageiras mesmo, que rapidinho serão superadas por outra mais brilhante, porém mais inútil. Penso de novo em uma vitamina. Talvez a solução seja ainda mais natural: uma erva engarrafada que vem se mostrando como a nova panaceia do século.

Assim vou me deixando lentamente contaminar pelo pensamento de que não sou suficiente: nem minha mente dá conta da fugacidade das ideias, tampouco meu corpo dá conta de regular a si próprio. O tempo todo vejo alguém vendendo a solução: o pensamento positivo que vai, enfim, trazer sucesso profissional, a mais nova terapia milagrosa que vai “hackear” meu organismo para que, finalmente, ele se torne mais eficiente.

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Nessa estrada nublada que pode ser o cuidado com a saúde, encontro a solução ao desacelerar. Reduzindo as marchas consigo enxergar com mais clareza as placas que apontam o caminho: perceber as minhas necessidades (que são únicas e não podem ser influenciadas por ninguém que não esteja vivendo dentro deste corpo); reconhecer os meus limites nas diversas esferas da vida (que são delineados pelos valores que me habitam e não por aqueles considerados “mais produtivos” por qualquer outra mente que não essa); encontrar os recursos (que fazem sentido) para atender a estas necessidades, comunicar e honrar os limites que me fazer ser eu mesma.

A calma me permite voltar a mim mesma, relembrar para onde estou indo e me reconectar com a potência que se encontra aqui dentro. Isso é, de verdade, autocuidado.

 

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